quinta-feira, 26 de abril de 2018

CLAUDE LÉVI-STRAUSS - antropólogo, etnólogo francês


Claude Lévi-Strauss


"Odeio viagens e exploradores. No entanto, vou relatar minhas expedicões. Demorei muito para aceitar a ideia: deixei o Brasil há 15 anos. Pretendi, várias vezes, começar este livro.
Mas uma espécie de vergonha de repugnância sempre me deteve.
As circunstâncias tem muito a ver com minha vida particular.
Foi um período conturbado no plano pessoal e profissional. Àquela altura, tinha amargado fracassos. Achava que nunca iria ter uma carreira, que tinha caído no isolamento."
(Ver quem falou)

"Eis o quevi, eis o que sou."

"Malaurie estava fundando a coleção 'Terre Humaine' e pediu que fornecesse um livro.
Pensei 'Vamos lá, não tenho nada a perder. Posso dar-me ao luxo de escrever tudo o que me passa pela cabeça. Escrevi 'Tristes trópicos' com esse sentimento de liberdade.
A Sra. fala da organização desse livro. Eu o concebi um pouco como uma ópera. Tem árias, recitativos, partes explicativas. Outras procuram comover o leitor."

"Ao voltar ao Brasil em 1939, pensei em escrever um romance. Mas em 1935, na primeira viagem, no navio que nos levava ao Brasil, um cargueiro que demorava 19 dias, com muitas escalas, tinha-me obrigado a descrever exatamente um dos crepúsculos contemplados do convés."

"Quando escrevi 'Tristes Trópicos', recoloquei o texto na sua origem. Situei-o no navio em que o escrevera em 1935."

"Compreendo a paixão, a loucura, a falácia dos relatos de viagem. Trazem a ilusão de algo que desapareceu e deveria existir ainda, para fugirmos à evidência de que 20.000 anos de História passaram.
Não há mais remédio: a civilização não é mais essa flor delicada, preservada e desenvolvida em muitos rincões de uma terra povoada de espécies rústicas que, embora ameaçadoras pela sua vivacidade permitiam variar e revigorar as plantações.
A Humanidade acomoda-se à monocultura. Breve produzirá a civilizacão em massa, como a beterraba. Será o único preto do trivial." ("Saudades do Brasil", Claude Levi-Strauss)

"Eu me preparando para a pós-graduação em Filosofia, menos por vocação do que por aversão às outras disciplinas. Ao começar os estudos de Filosofia, tinha vagas convicções do monismo racionalista, que pretendia jistificar e reforçar."

"Ali, aprendi que qualquer problema, sério ou não, pode ser resolvido por um único método, comparando duas visões tradicionais da questão. Introduz-se a primeira visão com justificativas de senso comum. A seguir, derrubam essas justificativas com os argumentos da segunda visão. Finalmente, rejeitam-se ambas em nome de uma terceira visão, revelando o caráter parcial dos aspectos complementares da realidade: forma e fundk, continente e conteúdo, ser e parecer, continuidade e descontinuidade, essência e existência etc.
Esses exercícios logo passam a ser meramente verbais, um jogo de palavras em vez de reflexão.
Cinco anos de Sorbonne se reduziam ao aprendizado dessa ginástica, com risos evidentes."


"Eu me criei num meio em que se pintava, se via muitos quadros. Meu pai me levava todo domingo ao Louvre. Também, foi importante a tradição musical, herdada da atuação do meu bisavô no Segundo Império. Essa educação me deu uma curiosidade muito abrangente: em criança, quis ser pintor, músico ou compositor. Tive que desistir disso tido, não tinha capacidade." (Claude Levi-Strauss)


"O que me influenciou mais profundamente, até hoje, são os dados do mundo sensível, aquilo que se pode ver, ouvir, tocar."

"Pergunto-me, às vezes, se a etnografia não me chamou por uma afinidade estrutural entre as civilizações que estuda e meu pensamento. Não sei cultivar a mesma área anos a fio, colhendo seus frutos. Minha inteligência é neolitista, parecida com uma queimada de roçados indígenas: lavra solos inexplorados, fecunda-os para obter uma colheita e abandona um território devastado."

"Ainda no segundo grau, o pai de um amigo sugeriu que eu lesse as primeiras obras de Freud, recém-traduzidas. Isso me marcou profundamente, não pelos processos terapêuticos da psicanálise, mas pela filosofia que dela emanava."





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