segunda-feira, 13 de agosto de 2018

BALDASSARE CASTIGLIONE


“Eis que a alma, distante dos vícios, purificada pelos estudos da filosofia, versada na vida espiritual e exercitada pelo intelecto, dirige-se à contemplação de sua substância que desperta de sono profundo [...] Destarte, ardendo nessa chama tão feliz, se eleva à sua parte mais nobre, que é o intelecto, e ali, não mais obscurecida pela noite das coisas terrenas, vê a beleza divina, todavia, ainda não a desfruta completamente, pois só contempla em seu intelecto pessoal, o qual não pode ser capaz de abranger a imensa beleza universal. Daí, não satisfeito com esse benefício, o amor dá à alma felicidade maior; pois, dado que da beleza particular de um corpo ele a conduz até a beleza universal de todos os corpos, igualmente, no último grau da perfeição do intelecto particular ele a conduz ao intelecto universal. Assim, a alma inflmada no santíssimo fogo do verdadeiro amor divino, voa para unir-se com a natureza angélica, e não só abandona totalmente o sentido, como não tem mais necessidade do discurso da razão; pois, transformada em anjo, compreende todas as coisas inteligíveis e sem nenhum véu ou nuvem, distingue o amplo mar da pura beleza divina- recebe-o em si e desfruta daquela suprema felicidade que é incompreensível de parte dos sentidos.” (Baldassare Castiglione)

"o amante sabe que a boca, por mais que seja parte do corpo, é também por onde saem as palavras que são intérpretes da alma [...] daí o beijo pode ser considerado mais união da alma do que de corpo.”(CASTIGLIONE, Baldassare. p.229)