sábado, 18 de maio de 2019

MILTON NASCIMENTO



Milton Nascimento é um compositor e cantor brasileiro, consagrado pela MPB e internacionalmente, nascido na Tijuca, Rio de Janeiro, em 26 de outubro de 1942.

Milton, negro, nasceu da mãe biológica,  Maria do Carmo, abandonada pelo pai biológico. A mãe faleceu por problemas no fígado quando ele tinha 2 anos. Passou a ser criado pela avó, que era empregada doméstica de uma família no Rio.

Lilia Silva Campos e Josino de Brito Campos eram um casal branco que gostaria de ter filhos, mas estavam com dificuldades. Foi então que eles adotaram Milton com a concordância da avó, que apenas pediu que fosse mantido o nome da mãe biológica no registro de nascimento, única constante na certidão, já que não havia o nome do pai.

Milton foi apelidado de Bituca quando pequeno, pois fazia bicos que o faziam se parecer com os índios botocudos, segundo a família.

Dona Lilia foi aluna do músico Heitor Villa-Lobos, tendo influenciado Milton na área musical.

A família mudou-se para a cidade de Três Pontas, Minas Gerais, onde eram proprietários de uma de uma estação de rádio, Rádio Clube de Três Pontas (1.510 quilociclos), lugar onde cresceu.

Milton foi o primeiro filho adotado pelo casal Lilia e Josino. Depois, foram adotados mais dos filhos, Elizabeth e Luis Fernando até que nasceu uma filha biológica, Jaceline.

Apesar da familiaridade com a música pela mãe, Milton apresentava dom para a arte. O primo conhecido como Jacaré conta que, em almoços aos domingos em família, Milton ía para o quarto de uma tia que estudava acordeon, pegava a sanfona e tocava de ouvido surpreendendo a todos.

Milton mantinha contato com familiares e amigos por telefone, cartões, cartas. Conta a amiga Isaurinha Veiga. Na sua primeira viagem ao exterior, enviou uma carta destinada a "To: Mister Carlos Alberto Cafuringa Tiso Veiga", o cachorrinho da casa, que ainda tinha o apelido de "Beto Rockefeller".
[nota do blog: acredito que "Tiso" tenha vindo do amigo Wagner Tiso, compositor e arranjador.]

Foi datilógrafo em Belo Horizonte. Conta o amigo de trabalho, Adelson Veloso, que, em 1962, trabalharam em Furnas Centrais Elétricas S/A, em Belo Horizonte, cujo Chefe da Sessão era o Major José Pereira César, que guarda afeto por Milton.

Em momentos de paralisação dos serviços, colocava um clipe na fresta da gaveta da mesa e tirava som de berimbau, até cantava junto.

O primeiro instrumento de Milton foi uma gaita que ganhou de sua madrinha, depois uma sanfona de quatro baixos.

Segundo a mãe de Milton, quando ele tinha um ano e pouco, ela o colocava na cadeira do piano e ele, bebê, tocava algo.

O lado poético de Milton foi despertado quando observava as estrelas com seu pai, com um telescópio.
Apesar da vontade de estudar Astronomia, Milton diz que sua relação com o cosmos era mais poética a científica.

Conheceu Wagner Tiso na infância, quem se tornou um dos melhores amigos. Moravam na mesma rua, a um quarteirão de distância.
Milton conta que ficava numa escadinha do alpendre de sua casa, colocava a gaita no joelho e a sanfona aos pés e ficava horas tocando.
Tempos depois, soube que Wagner Tiso casa escura ficava escutando-o tocar.

Tocava em grupo vocal da rua, tocava acordeon, em grupos de baile.

Também, morou em Alfenas, Minas Gerais, tocava xilofone, contrabaixo nos bailes da época.
Aos 14 anos, formou o conjunto de baile chamado W'Boys, pois o nome da maioria dos componentes começava com W: Wanderlei, Wagner, Waine, Wesley. Milton adotou o nome de Wilton, virando o "M" de ponta cabeça.
O grupo convidou Bonifácio Cabral, em 1962, para ser empresário do grupo, quem tinha um kombi que transportava o grupo. A kombi atolava nas estradas de terra e todos ajudavam a empurrar.
Só Milton e Wagner seguiram a carreira.

Enquanto morou com os pais, tbalhou na Radio Três Pontas como programador  e locutor.
O pai dizia que música não dependia só talento, mas sorte.
Aconselhou o filho a cursar Contabilidade no Científico, Milton acatou. Quando recebeu o diploma, foi para Belo Horizonte.

Milton foi morar em Belo Horizonte, Minas Gerais, aos 20 e poucos anos, numa pensão no Edifício Levy, onde morava a família de Salomão Borges e Maricota Borges, sendo considerado o décimo segundo além dos 11 filhos do casal, pois sempre estava na casa deles.

Em 1963, Márcio Borges, um dos 11 filhos da família Borges, foi o letrista das primeiras composições de Milton. Marcinho incentivava Milton a se tornar compositor, pois os arranjos das músicas que tocava eram de outras músicas. Num primeiro momento, Milton recusou.

Foi então que Milton assistiu ao filme "Jules et Jim", de François Truffaut. Conta que foi na sessão das 14h e saiu às 22h do cinema.
Naquela noite, com Marcinho. compôs três canções: "Paz do amor que vem", que foi alterada para "Novena", giragirou "Crença".

Wagner foi depois para BH. Fizeram outros conjuntos de baile e tocavam jazz num bar, quando Milton aprendeu a tocar contrabaixo, duma maneira que podia tocar no solo a nota e cantar junto. Depois, isso passou a ser usado como estilo musical próprio.

O Jazz e a Bossa Nova influenciaram Milton em sua carreira. Trabalhava na Rádio quando saiu o primeiro disco de João Gilberto.

A Bossa Nova padronizou a harmonia da música moderna brasileira, vinda do Cool Jazz, segundo Wagner Tiso. Milton encontrou novos caminhos harmônicos, junto com a sua maneira de cantar, causando grande impacto na música.

Milton ouvia as músicas pela rádio da época. O som não era bom.
Quando ouvia Bossa nova, não dava pra entender tudo, uma amiga tirava a letra rapidamente, um decorava a melodia e o outro tentava tirar algo da harmonia.
Assim, criavam em cima. Milton criou modo de cantar, compor com os improvisos que fazia pela dificuldade de tirar as músicas.
Quando conheceu os profissionais da música em BH, chegou a achar que o jeito modo de música estava errado, que deveria reaprender. Entretanto eles disseram que o jeito dele estava correto, num estilo próprio.

No Rio de Janeiro, Pacífico Mascarenhas pediu que gravasse o disco de Luiza.
Numa festa na casa dela, encontraram todos os ídolos que sonharam a vida inteira em conhecer. Num cantinho, estava uma moça baixinha desconhecida até então, era Elis Regina.
Pacífico Mascarenhas insistiu a Milton que apresentasse suas canções autorais.
Wagner e Milton cantaram "Aconteceu".

Foi pra São Paulo chamado para tocar no Festival Berimbau de Ouro, em 1965, no qual Elis ganhou o primeiro lugar com "Arrastão" e Milton em segundo lugar.

No encerramento do show de Elis, Milton saiu do ensaio e encontraram-se num corredor, sem falar com ela. Ele passa por ela e ouve o barulho do tamanho, quando ela diz "Mineiro não tem educação, não? Olha, vou te explicar uma vez. Quando é de manhã até meio-dia, você fala bom dia. Depois do bom dia até ... boa tarde. E, à noite, você diz boa noite", relembra Milton.
Milton argumentou que não queria assediá-la, como os fãs. Ela discordou e o convidou para ir até a casa dela para cantar "Maria, Maria", música que ela tinha ouvido Milton e Wagner cantarem no Rio anos antes. Elis começou a cantar. Milton ficou surpresa pela lembrança, quando ela lhe respondeu: "Memória, meu caro."

Em 1966, morou com o colega Antonio Justino, o "Tininho", numa pensão centro São Paulo. O amigo emprestava a Milton o violão. Milton foi convidado para se apresentar no programa de TV, "O Show da Voz", conduzido por Elis Regina.
Os amigos juntaram-se em 50 pessoas e foram ao teatro prestigiar o cantor. Ao final, os amigos aplaudiram, assobiaram, festejaram Milton. Ao ser questionado por Elis sobre quem eram, ele disse que "era o público dele".
Elis Regina e Milton tornaram-se amigos. Elis dizia que se Deus cantasse, teria a voz de Milton.

Em 1966, ganhou 4o. Luga de Música Nacional Popular TV Excelsior de São Paulo.
Conheceu Augustinho dos Santos, de quem era admirador, primeira pessoa que o chamou pela gíria "bicho".

Foi classificado no 2o. Festival Internacional da Canção com as músicas "Travessia", "Morro Velho" e "Maria Minha Fé". "Travessia" ficou em 2o. Lugar e Milton ganhou o prêmio de melhor intérprete.

O musicista compositor Fernando Brant, compositor de "Travessia" foi o grande parceiro musical de Milton, conpôs várias de suas músicas.

Gravou seu primeiro disco em 1967.

Compôs com os irmãos Borges, Marcinho e, depois, especificamente, Lô Borges, daí saiu a primeira música "Clube da esquina".

Gravou o álbum "Clube da Esquina", num disco sem nome na capa, apenas a imagens de dois garotos agachados.

Em 1974, o saxofonista estadunidense Wayne Shorter, convidou Milton para gravar com ele o disco "Native Dancer". Milton levou junto os músicos Wagner Tiso e Robertinho Silva.
Lá, estavam Herbie Hancock, cantor de jazz, dois baixistas, dois guitarristas e o produtor de som era o mesmo da "The Band", do Bob Dylan e o produtor do disco era Jim Lacey-Baker, produtor dos Rolling Stones. Daí, Milton ficou conhecido no mundo.

Em Los Angeles, Milton encontrou Maurice White, que lhe disse que estava, há muito tempo, procurando o cantor de "Nature Dancer" e queria agradecê-lo. Ele havia se interessado pela obra de Milton, seus falsetes, queria fazer azer algo no estilo. Relatou que fez um anúncio no jornal procurando músicos para formarem a banda, que depois se tornou consagrada. Milton disse que se sentiu "levitando".

O disco "Milagres dos peixes" teve muitas músicas censuradas.
Então gravou o disco "Minas", que rodou o mundo. Nas paradas de sucesso na Austrália à época, "Minas" esteve em primeiro e Beatles em segundo lugar.

Em 1997 granhou o Grammy, com "Nascimento". Milton teve uma doença grave. Para romper o silêncio dos tambores de Minas Gerais, voltou aos palcos trazendo a música mineira de origens africanas.

Em 1999, gravou "Croones", em homenagem aos cantores da noite e as dificuldades dos artistas boêmios, que Milton conhecia.

Em 2001, gravou o disco "Milton e Gil", que surgiu de uma conversa num voo em que estavam Gilberto Gil e Flora, sua esposa, a qual colocou-os para conversar, aliás.


Milton enfrentou problemas de saúde por bebida.

Casou-se com Lurdoca, casamento que durou apenas dois meses, tendo sido anulado.

Adotou o filho Augusto.

●●●

"O palco, para mim, é um santuário." (Milton Nascimento)

●●●

Todas essas informações foram coletadas em entrevistas de Milton, notícias bibliográficas fidedignas.

A trilha sonora da liberdade. 








segunda-feira, 6 de maio de 2019

LITERATURA E FILOSOFIA AFRICANA - Textos Diaspóricos



Textos sobre Literatura e Filosofia Africana organizada e disponibilizada pelo Professor da UNB, Wanderson Flor do Nascimento.

Segue lista das obras em português em pdf:









































"Africana Philosophy: origens e perspectivas", por Lucius T. Outlaw Jr.

"Filosofia africana na poesia afrobrasileira", por Luis Carlos Ferreira dos Santos.

"Filosofia de raiz africana como um pensamento da complementariedade", por Luis Carlos Ferreira dos Santos.

"Ancestralidade e Liberdade. Em torno de uma filosofia africana no Brasil", por Luis Carlos Santos.

"A crítica de Marcien Towa às doutrinas de identidade africana", por Luís Thiago Freire Dantas.

"A expressão 'filosofia ocidental-europeia' é uma taitologia?", por Luís Thiago Freire Dantas.

"Justiça e raça na filosofia de Mogobe Ramose", por Luís Thiago Freire Dantas.

"A retomada do estatuto ontológico e epistemológico africano a partir do pensamento filosófico de Towa e Obenga", por Luís Dantas & Roberto Silva.

"Tomás de Aquino e a metafísica das línguas bantu e tupi", Luiz Jean Lauand.

"A trajetória de um intelectual africano. Entrevista com Toyin Falola", por Marcelo Bittencourt e Roquinaldo Ferreira.

"Carta africana dos direitos humanos dos povos", por Maria José Moraes Pires.

"Africanidade, espaço e tradição", por Maurício Waldman.

"Afrocentricidade como crítica do paradigma hegemônico ocidental: Introdução a uma ideia", por Molefi Kete Asante.

"Uma origem africana da filosofia: Mito ou realidade?", por Molefi Kete Asante.

"Mulherisma Africana. Uma teoria afrocêntrica", por Nah Dove.

"Nascida do desastre: Crítica da etnofilosofia, pensamento social e africanidades", por Norman Aiari.

"Notas sobre a obra 'O mundo se despedaça' de Chinua Achebe", por Noshua Amoras.

"Noção de pessoa e linhagem familiar entre os iorubás", Pierre Verger.

"Ontologia bantu", por Placide Tempels.

"Afrocentricidade e Educação", por Renato Nogueira Jr.

"A ética da serenidade. O caminho da barca e a medida da balança na filosofia de Amen-em-ope", por Renato Noguera.

"Denegrindo a educação. Uma ensaio para uma pedagogia da pluriversalidade", por Renato Noguera.

"Dos condenados da terra à necropolítica: Diálogos filosófocos entre Frantz Fanon e Achille Mbembe", por Renato Noguera.

"Ubuntu como modo de existir", por Renato Noguera.

"As origens africanas da filosofia grega: mito ou realidade?", por Ricardo Matheus Benedicto.

"Um diálogo entre a Lei 10.639-2003 e o pensamento filosófico de Marcien Towa.

"Um diálogo entre a Lei 10.639-2003 e o pensamento filosófico de Marcien Towa", por Roberto Jardim da Silva.

"Baraperspectismo contra o Logocentrismo ou o Trágico no Prelúdio de uma Filosofia da Diáspara Africana", Rodrigo dos Santos.

"Filosofia africana e etnofilosofia: Uma abordagem da concepção da Paulin Houtondji a partir do baraperspectismo", Rodrigo Santos.

"O princípio de individuação", por Roger Bastide.

"Existe uma filosofia essencialmente africana?", por Sérgio São Bernardo.

"Pele da cor da noite", por Vanda Machado.

"Alimentação Socializante. Notas acerca do pensamento tradicional africano", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Aproximações brasileiras às filosofias africanas: Caminhos desde uma ontologia ubuntu", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Olojá: Entre encontros - Exu, o senhor do mercado", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Outras vozes no ensino da filosofia: O pensamento africano e afro-brasileiro", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Sobre os candomblés como modo de vida: Imagens filosóficas entre Áfricas e Brasis", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Temporalidade, memória e ancestralidade: enredamentos africanos entre infância e formação", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Concepção iorubá da alma", por William Bascon.

LITERATURA e FILOSOFIA AFRICANA - Textos Africanos



Literatura e Filosofia Africana organizada e disponibilizada pelo Professor da UNB, Wanderson Flor do Nascimento.

Segue lista das obras em português em pdf: