terça-feira, 9 de julho de 2019

"DOM QUIXOTE", Miguel de Cervantes (#11)



"Dom Quixote" ou "O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha" é um romance moderno, inspirado nas novelas de cavalaria, escrito no século XVII, por Miguel de Cervantes de Saavedra.

É um clássico da literatura universal. Apresenta um desafio para o leitor  em razão da complexidade da obra.

Cervantes informa que a obra será dividida em duas partes, porém a publicação da segunda não é clara. A primeira parte é publicada em 1605.

Em 1613, Cervantes publica "Novelas exemplares", uma coleção de 12, em cujo prólogo anuncia que, em breve, será lançada a segunda parte, que, em tese, surgiria em 1615.

Entretanto, em 1614, há uma "falsa continuição", assinada pelo pseudônimo Avellaneda.

Miguel de Cervantes

Miguel de Cervantes nasceu em Alcalá de Henares, Madrid, Espanha, em 1547, faleceu em 1616. Era, provavelmente, de origem paterna judia, passou por problemas econômicos. Não deixou escritos sobre sua vida, exceto os ficcionais, o que torna sua biografia obscura.

Primeira obra, "A Galatea", foi publicada em 1581.

Teve uma vida marcada pela guerra. Era responsável por arrecadação de impostos, o banco quebrou, foi preso.

Reflete sobre todas as questões do cotidiano.

A obra

A personagem de Quixote é um senhor de idade, pouco abastado, ao contrário do que se esperaria de um cavaleiro de história épica.

Cervantes conviveu com a miséria humana, traz o significado da guerra na obra.

A escolha do cavalo Rocinante, um pangaré, é proposital, bem como a do escudeiro gordo e baixo.

Quixote apresenta ideias extravagantes,  apaixona-se por uma mulher feia, fedida (cuida de porcos).

Os igredientes típicos de um fanfarão, mas constrói um louco com dignidade. Obversando a imagem de Picasso que retrara Quixote é algo elegante.

Dom Quixote por Pablo Picasso
1955


Na primeira parte, Dom Quixote prepara-se para ser um cavaleiro como das novelas que lia. Cria todas as condições para tanto: um cavalo, Rocinante, uma amada a quem dedicar suas façanhas, Dulcinéa Del Toboso? um fiel escudeiro, Sancho Pança.

#@@@Sai à cavalo, passa por estalagem (na verdade, um bordéu), onde é batizado como cavaleiro.

Um senhor castelão diz que deve andar com algum dinheiro e ter um escudeiro.###


Na segunda parte, Sancho quer conversar com Quixote sobre o encontro com o estudante de Salamanca, um bacharel Sansão Carrasco, que leu a primeira parte do livro.

A segunda parte apresenta o mesmo ciclo de aventuras. E, apesar dos 10 anos, há uma continuidade harmônica, não há quebra, ruptura entre as formas discursivas das quais se utiliza.

O leitor é tido como personagem e se submete às consequências dessa leitura para as próprias persoba

A relação de Dom Quixote com Dulcinéa é elemento fundamental na cavalaria.  O encontro não corresponde ao que ele imaginou dela, que não passava de uma lavradora feia e de mau cheiro, Aldonza.

Dq louco na acao, mas nao na fala. Incute sensatez na faka de um louco.
Grande dialgo entre dq e sancho.

Personagens todos com muita humanidade.

À época, ocorria o Concílio de Trento (1545-1563, 19o concílio ecumênico da Igreja Católica no Vaticano), que investigava o abuso da igreja. Cervantes pretendia criticar o clero e moralizar os costumes, buscar a justiça.

Faz crítica com o deslumbre pelo poder. Preocupação com as questões políticas. E um bom político deveria ser justo, para isso, exercer virtudes.

Na época, não havia um estado nacional organizado que pautasse a conduta dos homens. Havia a consciência de cada um na defesa do bem comum.

Todo sentido da busca da justiça, do ideário de justiça é tributário da consciência e do livre arbítrio.

Quixote é uma personagem que pratica "loucura", mas pondera, nas circunstâncias, o ideal, a virtude plena, e como isso será empregado na prática. Sancho é o interlocutor que intermedia esse lugar.

A obra do século XVII deve ser analisada sob o mundo que Quixote vivia,  a análise da consciência dos homens, a difundisão da justiça em cada circunstâncias.

A obra possibilita várias leituras, não há um significado fixo, é uma obra aberta como as de alto quilate. Cada parte da obra irá revelar uma virtude.

A dificuldade em separar o sonho da realidade é trazida nas cenas narradas.  O ser humano é complexo. A obra trata de construção e desconstrução de fantasias, como passar da realidade para o sonho e vice-versa.

Ora Quixote é o realista, ora Sancho. Da mesma maneira como sonhador. E fazer  uma boa leitura entre essa transição fantasia e realidade leva a pessoa a adquirir habilidades e competências que facilitam a vivência humana.

Somente embarcamos no sonho, se ele repercutir dentro de nós. Caso contrário, vivenciamos outra realidade que não é tocada pela expectativa do sonho. Desmontar os esquemas automáticos que criados cotidianamente.

A vrtude se dá por meio do diálogo, dialogicamente, por isso a presença de duas pessoas sempre dialogando.

Quixote cai e se arrebenta, tal como na vida. Ele cai, mas mantém seus valores, continua a acreditar no que acredita (perseverança).

A justiça está em si mesma. Hoje, ninguém se responsabiliza pelo ato, a justiça de foro íntimo, mas era extrínseca ao indivíduo. Na obra, todas as pessoas responsabilizam-se pelos seus atos. Não há lei, a lei é divina. As pessoas agem em conformidade com suas consciências.

A crítica é consigo mesmo (o autor, o homem de letras), em primeiro lugar, observar e reconhecer o erro de cada um, e não apontar o erro do outro.

A loucura de Quixote é do homem que vê, que é prudente dos desafios da vida.

Sancho brinca com a doidisse de seu amo. Existia o conceito de equidade à época,  hierarquia social, mas os interlocutores em patamares diferentes acatam argumentos um do outro, ainda que Sancho estivesse com razão. Não há autoritarismo.

A morte de Quixote teve como finalidade que não fossem escritas continuações por outros autores.

Diz-se que a morte de Quixote é a morte da utopia, embora não seja viável que o humano viva sem sonhar.

Quixote, ao final, pede perdão a Sancho, pelas suas doidisses. Sancho gostaria que Quixote continuasse sonhando, em inversão de papéis.

A circunstância colocada obrigada as personagens a tomar atitude. A experiência de cada personagem compele a pessoa a exercer a virtude que resolveria o problema ou não.

Não é dado o conceito pronto, mas que se faça emergir na experiência, na prática. A história vai sendo construída desse modo.

O homem é capaz de encontrar solução justa, porque é infusa nele.

No diálogo final, o legado deixado por Quixote, naquele universo cristão, é aconselhar bem a quem te faz mal.

Apontamentos

Capítulo 1 - O sonho de um homem
Virtude
Alonso Quijano, onde morava, lia livros de cavalaria. Descuidou fortuna, terras,  para comprar livros. Passou a acreditar  nas histórias de encantamentos, batalhas, desafios lutas com gigantes, endoidou. Conversava sobre o assunto com o Padre e Sansão Carrasco.

Decidiu tornar-se um cavaleiro andandante, para impressionar o mundo com suas façanhas, impondo jprotegendo os mais fracos e coroando-se de glórias.

Limpou armas de seus bisavôs. Faltava a viseira. Preparou uma de papelão, depois com fios de ferro.

Cavalo magro, embora parecia-lhe ideal, Rocinante.

Levou 8 dias para si, Dom Quixote acrescido do lugar de origem, de La Mancha.

Providenciou uma dama a quem pudesse atribuir seus serviços e oferecer sua afeição, afinal, cavaleiro andante sem amor era como errante sem alma. Aldonza Lorenzo da aldeia vizinha de Toboso. Batizou-a de Dulcineia Del atoboso.

Saiu aos campos.

Percebeu que não havia sido nomeado cavaleiro.

Encontrou um albergue com duas moças de aspecto vulgar à porta.

Capîtulo 2 - Um castelão e duas nobres damas.
As duas jovens íam para Sevilha, mas Quixote via o modesto albergue como castelo rodoado por 4 torres, com campanários de prata, fossos ao redor e uma ponte elevadiça.

As mulheres riram dele. Surgiu o castelão, com quem deixou Rocinante.
Não deixou que tocassem o elmo (viseira de papelão).

Serviram-se bacalhau mal cozido e pão preto mofado. As mulheres ajudavam-no comer.

Tirou seu elmo e pediu ao estalageiro que o acompanhasse até estrebaria para que o tornasse um cavaleiro. O dono do albergue percebeu a loucura e acatou o pedido.

Quixote brigou com tropeiros, acreditando setem inimigos.
O estalageiro decidiu adiantar o ritual  para se livrar dele.

Capítulo 3 - Dom Quixote é sagrado cavaleiro.
Quixote estava pronto pela manhã, foi ordenado cavaleiro. Todos seguravam o riso.

Quixote, armado cavaleiro, montou Rocinante e partiu. Lembrou dos conselhos do castelão: algum dinheiro, roupas brancas, um escudeiro.

Capítulo 4 -
De volta à casa, propôs a um vizinho que fosse seu escudeiro, Sancho Pança.

Fala de Dulcinéa, como a dama mais bela.
Quixote foi ferido pelos locais, mas não se importou.

Capítulo 5 - O escudeiro Sancho Pança e a nova partida.
Padre e padeiro Nicolau visitaram a sobrinha de Quixote, que falava das sandices do tio após tanta leitura.

O cavaleiro chegou.

Quando volta para casa, a família percebe que ele não está em seu juízo normal, em virtude de ter lido muitas obras de novela de cavalaria. A família decide, então, desfazer da biblioteca dele.

A sobrinha diz que um feiticeiro deu fim aos livros.

Ficou dias em casa, apenas em contato com Sancho. Promete-lhe que, no dia em que tiver dinheiro, irá reconhecer o trabalho de Sancho e o recompensá-lo com a função de governador de uma ilha.
Sancho aceita e acompanha Quixote pelas suas aventuras.

Capítulo 6 - Lutando contra os moinhos de vento.
Avistaram moinhos de vento. Eram gigantes com quem travaria batalhas.
Sancho não entendia, via apenas os moinhos.

Quixote, intelectual, não deu ouvidos ao escudeiro, analfabeto.

Lutou contra os moinhos, cujas pás lhe deceparam a lança. Sancho foi socorrê-lo. Quixote acreditou-se combalido peloa gigantes, mas não desistiu.

Passou a noite sonhando com sua amada Dulcinéa.

Capítulo 7 - Como o intrépido cavaleiro libertou a princesa prisioneira
Ambos partiram para aventuras.
Surgiram dois monges beneditinos no caminho. Quixote viu-os como feiticeiros que aprisionaram a princesa declarou que iria libertá-la. Os monges ignoraram.

Quixote atacou um deles, o outro fugiu.
Sancho foi retirar o hábito do monge, dizendo que lhes pertencia pela batalha.

Fizeram refeição. Chegaram a uma aldeia de pastores de cabras. Prosseguiram.

Quixote pensava em Dulcinéa e Sancho na ilha.

Capítulo 8 - Surra e descanso.
Rocinante afastou-se por estar mal amarrado. Viu um bando de tropeiros aproximar-se. Quixote e Sancho atacaram-no. Os tropeiros deram uma surra nos dois. Acreditava ter sido punido por descumprir regras da cavalaria.

Quixote pediu ao escudeiro para cuidar de Rocinante.

Seguiram viagem. Avistaram um albergue, Quixote viu como castelo.

A dona do albergue decidiu cuidar de Quixote ferido.

Capítulo 9 - O milagroso e maldito bálsamo de ferrabras.
Ao acordar, Quixote psdiu que Sancho buscasse com o castelão os ingredientes de ferrabras. Fez o bálsamo, ficou bem.

Sancho tomou também, ficou mal. Quixote disse que só funcionava com caval. Deixou o albergue sem pagar.

Capítulo 10 - Lutando contra dois exércitos de uma só vez.
Sancho pálido de tanto apanhar, Quixote dizia ser enfeitiçamento. Sancho propôs voltaram para casa.

Viram nuvens negras, dois rebanhos de carneiros em caminhos opostos.

Acreditaram haver choque entre dois adversários. Quixote atacou os animais, foi atingido por duas pedras. Pastores acharam que Quixote teria sido abatido e fugiram.

Sancho aproximou-se, viu que faltavam dentes a Quixote, lamentou com lágrimas.
Montaram seus cavalos e seguiram. Viram um mar de luzes.

Capítulo 11 - O cavaleiro da triste figura.
Quixote e Sancho encontraram uma procissão fúnebre. Quixote acreditou ver um cavaleiro ferido sendo levado pelas pessoas.

Quixote provocou o combate. Houve luta. Sancho assistia.

O sacerdote apresentou-se como acompanhante do corpo que jazia na liteira. Quixote viu-se liberado de vingar o falecimento.

Sancho saqueou o sacerdote sem ser percebido.

A procissão seguiu, sem ninguém entender o que havia acontecido.

Capítulo 12 - Liberdade aos prisioneiros.
Os cavaleiros caminhavam, cruzaram com uma dúzia de homens escoltados. Sancho disse que eram prisioneiros de guerra.

Quixote pediu explicações aos homens e aos prisioneiros os motivos das condenações. Mostrou-se indignado  que os homens estavam obrigados a remar nas galés contra vontade. Houve luta

Capítulo 13 - Uma carta para Dulcinéia.
Os cavaleiros passaram pela área dd Gil de Passamonte e seus companheiros fugitivos. Quixote ficou preocupado. Escreveu carta a Dulcinéa, a qual seria levada a Toboso pelo escudeiro montando em Rocinante.

Sancho encontrou o padre e o barbeiro Nicolau, não informou onde estava Quixote. O barbeiro acusou Sancho de matar Quixote e roubar seu cavalo.

Capítulo 14 - O plano para levar Dom Quixote para casa.
O padre e o barbeiro criaram um plano louco para convencer Quixote a voltar para casa. O padre seria uma donzela pedindo socorro e o barbeiro seu escudeiro.

A donzela era a Princesa de Micomicona, do Reino de Micomicão. No caminho, recuoeraram o burrinho de Sancho com Gil de Passamonte. Levaram Quixote para casa.

Capítulo 15 - Estranho combate contra o narigudo cavaleiro dos espelhos.
Quixote permaneceu longo tempo em casa. As pessoas acharam que ele estava são novamente. Sancho não podia vê-lo.

Quando Sancho pôde vê-lo, levou Sansão Carrasco. O espírito do cavaleiro foi despertado novamente. Decidiram sair novamente. A sobrinha pediu ajuda a Sanão para impedir, mas não conseguiu.

Avistaram uma carroça conduzida por um diabo hediondo e sua comitiva.

À noite, acamparam num bosque. Foram acordados por dois homens à cavalo. Quixote achou ser outro cavaleiro andante, cantando para sua amada.

Os cavaleiros ordenaram a seus escudeiros que preoarassem o duelo ao amanhecer. O adversário era um narigudo. Acertou com sua lança, ao tirar o elmo, o nariz estava bastante torto e se tratava de Sansão Carrasco, que havia planejado tudo com a sobrinha Dolores.

Capítulo 16 -  A radiante duquesa e seu castelo de verdade.
O cavaleiro da triste figura encontrou uma amazona vestida de verde, levando um falcão no punho esquerdo. Quixote pediu a Sancho que lhe solicitasse beijar a mão.

A dama aceitou que Quixote a visitasse. Informou o marido para os preparativos.

Quixote e Sancho caíram de suas montarias. O duque convidou o cavaleiro ao castelo. Foi conduzido a uma sala para retirar a armadura, depois à mesa para refeição.

Durante a refeição, falou de Dulcinéa, e que teria caído sobre a amada magia que a tornaram aldeã.

Passaram pelo ritual de lavagem do rosto pelos servos do ducado.

Sancho contou sobre a amada de Quixote e a promessa do governo da ilha. Os duques fizeram uma farsa. Em uma jormada de caça, simularam o surgimento de um diabo e um feiticeiro, que tornaram Dulcinéa lavradora em bela e livre da maldição. Quixote e Sancho exouseram sentimentos verdadeiros, sem se notar. Depois, preparam a farsa que tornaria Sancho governante do reino.

Capítulo 17 - O Reino de Barataria
Sancho chegou a ilha de Barataria achando ser seu reino. Os homens da cidade o receberam com cerimônia.  Sancho tomou posse de sua função.

Em uma brincadeira, o médico do governador fazia Sancho passar fome e vontade. Não havia o que fazer. Levava vida penosa e de estômago vazio. Sancho editou leis favoráveis ao povo. A lei o consumia.

À sétima noite do reinado, o inimigo invadiu o reino. Sancho desistiu do reino de Barataria, preferiu a liberdade.

Capítulo 18 - O cavaleiro da triste figura reencontra o seu escudeiro.
Sancho queria reencontrar sua família, percebeu que a vaidade não lhe faria feliz.

Capítulo 19 - O cavaleiro da lua branca triunfa sobre Dom Quixote.
Quixote permanecia hóspede do duque e duquesa, onde estava vivendo muito bem. Quixote e Sancho partiram.

Os cavaleiros foram roubados. Sancho lamentou o destino escolhido para eles por Quixote. Ao saber que se tratava de Quixote, o bandido devolveu tudo.

Chegaram à casa de Dom Antonio Moreno  na cidade catalã, que colocado um cartaz nas costas de Quixote identificando-o como o cavaleiro andante e espinhos sob os animais.

No dia seguinte, Quixote encontrou outro cavaleiro da lua branca, com a imagem de lúcifer em suas vestes, que disse a Quixote que sua amada era mais bonita que Dulcinéa.

Foi marcado um duelo entre os cavaleiros. O cavaleiro da lua branca foi vencedor, disse que Quixote assumisse ser a sua amada mais bela à Dulcinéia. Quixote preferiu a morte à desonra. O cavaleiro da lua branca propos que, se perdesse, voltaria à sua aldeia e renunciar, por um ano, suas andanças como cavaleiro. Quixote perdeu e cumpriu o prometido.

Sancho reflete sobre toda má sorte, acredita ser obra dos feiticeiros que os oprimiram.

O vice-rei investigou quem era o cavaleiro da lua branca. O cavaleiro da lua negra ornamentado com lua branca era Sansão Carrasco, tentando curar a loucura de Quixote.

No dia seguinte, tomaram o caminho de volta.

Capítulo 20 - O caminho de volta para casa.
Quixote atribuía a si o fracasso, decidiu voltar para a aldeia, prepararem-se para novas aventuras.

Sancho propôs pendurar as armas numa árvore e deixá-las para trás, Quixote não aceitou.

Ao longo de uma campina com carneiros, Quixote disse que se transformariam em camponeses no ano sabático.

Sancho propôs chamar o padre e o barbeiro para participarem da nova vida.

Repousaram num bosque, onde não seriam importunados por feiticeiros, com Rocinante e Malhado.

Capítulo 21 - A aldeia de Dom Quixote e Sancho Pança.
Os cavaleiros chegaram à aldeia. Viram Sansão Carrasco e o padre. Os cavalos estavam magros. A mulher de Sancho e a filha Sanchinha apareceram, achou o marido com aparência de mendigo.

Quixote ficou em sua casa com a sobrinha Dolores, a ama, o barbeiro e o padre. Contou que ficaria sem carregar armas durante o exílio, criando carneiros.

Padre e barbeiro perceberam que Quixote estava tomado de outro tipo de loucura. Quixote deu-lhes novos nomes: Pastor Quixótis, Pastor Carrascão (Sansão), Pastor Curambro (padre), Pastor Cabelão (barbeiro) Pastor Pancino (Sancho) .

Quixote caiu doente. Todos tentavam animá-lo. Quixote foi enfraquecendo cada vez mais.

Capítulo 22 - Triste fim do cavaleiro Dom Quixote.
A doença de Quixote agravou-se muito. Ele chamou as pessoas e anunciou ter recuperado a razão. Confessou-se com o padre e chamou o notário para fazer seu testamento aquinhoando Sancho com $200 escudos, herdeira sobrinha, pensão a ama e outras disposições. Ao amanhecer, entregou sua alma a Deus.

Sansão gravou o epitáfio no jazigo:

"Aqui jaz quem teve a sorte
De ser tão valente e forte
Que a morte não vingou
Nem sequer triunfou
Foi grande a sua bravura
E fez da lança sua aventura
Teve tudo em muito pouco
Porque viveu como um louco."


Entrevista com Professora Maria Augusta da Costa Vieira, especialista em "Dom Quixote".

"Dom.Quixote", po Professora Maria Augusta da Costa Vieira

Comentários sobre a obra


Audiolivro "Dom Quixote"

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sábado, 6 de julho de 2019

"CAPITÃES DE AREIA", Jorge Amado (#10)



Capitães de areia" é uma obra do gênero romance, da escola literária da Segunda Geração Modernista - 1930. 
O narrador é onisciente, o espaço é a cidade de Salvador, no trapiche, ruas, docas. O enredo ocorre no verão e inverno de 1928, com "flashbacks".

O livro foi publicado em 1937, durante o Estado Novo, era ditatorial, censura, exemplares da obra são queimados em Salvador.

Joege Amado nasceu Bahia, formou-se em Direiro. Escreveu seu primeiro romance aos 19 anos "O País do carnaval". Foi deputado federal em 1945. Foi Membro da Academia Brasileira de Letras.
As obras do escritor dividem-se em três fases:
1a. Fase) fase proletária, com engajamento dos proletários, como "Os capitães de areia". Abordagem política e socialista.
2a. Fase) trata do ciclo do cacau, obra "Terras do sem-fim".
3a Fase) fase popular, pitoresca, fase das mulheres, "Gabriela", "Dona Flor e seus Dois Maridos", "Tieta".

Personagens

As personagens da obra são tipos, personagens planas, estereótipos que se caracterizam por suas ações e não pelo pensamento, sem complexidade.

Os menores de idade:
Pedro Bala: líder físico e moral.
Professor: intelectual, único que sabe ler.
João Grande: grande de tamanho, bom coração, mas limitado.
Dora: única menina, várias facetas.
Sem-pernas: menos tipificado (em relação a personagem tipo), apresenta deficiência físico, é preso e torturado. Faz apelo emocional ao morar nas casas para ganhar confiança da família e facilitar furtos pelos capitães. Demonstra crise moral ao fazer mal às famílias que o acolhe, mas não pode trair os capitães, margurado.
Boa-Vida: malandro, artista
Pirulito: religioso.
Volta-Seca: violento, cangaceiro.
Gato: galã.
Barandão: substitui Pedro como líder, abordagem da questão homossexualidade.

Adultos:
Padre José Pedro: padre que ajuda os meninos, pois se identifica com eles.
Querido-de-Deus: pescador, capoeirista.
João de Adão: estivador, amigo do pai Pedro Bala.
Alberto: universitário.
Don'Aninha: mãe de santo.
Delegado/Diretor: opressor.
Dalva: mulher mais velha que se envolve com Gato.

"Sob a lua, num velho trapiche abandonado":
Trapiche é o local onde moram mais de 100 meninos de rua, os capitães. Início com o roubo da prova de adultério de uma mulher.
Cena carrossel muito importante a literatura, dá-se conta de que os capitães são
Pedro Bala comete estupro.
Há o resgate de Ogum.
Pirulito rouba a imagem da Virgem Maria.
Sem-perna deixa a casa da família onde morava.
Professor fazia desenho na praça, recebe um cartão.
Varíola (conhecida por "bexiga") mandado por Omulu.

"Noite da granse paz, da grande paz dos teus olhos".
Surge a capitã Dora, apresenta as muitas faces da mulher. Apaixona-se por Pedro Bala.
Briga com capitães rivais (Ezequiel).
Pedro bala é acolhido pelo reformatório para adolescentes que cometeram atos infracionais, torturaso, maltratado. Foge. Resgara dora. Dora orfanato.
Dora falece.

"Canção da velha Bahia, canção da liberdade"
Dissolução da liderançados capitães. Sem-pernas se suicida no elevador Lacerda.
Professor que recebeu o cartão, vai para o Rio de Janeiro, torna-se um pintor, desenha a vida dos capitães, embora  tenha ascendido socialmente, mantém a denúncia social com sua arte.
Gato torna-se cafetão. Pirulito torna-se padre. Padre José Pedro vai para uma paróquia no interior. Volta-Seca  vai atrás de Lampião, integra o cangaço, mata muitas pessoas, é condenado e morto.
João Grande torna-se marinheiro. Pedro Bala converte-se em espécie de líder sindical, vai para outra cidade organizar outros meninos que vão contribuir para as greves.

Características

- Romance de 30, da Segunda Geração Modernista (Neorregionalismo), Neorrealismo (crítica problemas sociais do Nordeste - seca, fome, subdesenvolvimento, meninos de rua);

- Visão de esquerda, comunismo, marxismo;

- Autodefinição de Jorge Amado: escritor "romântico e sensual" (lirismo e poeticidade);

- Linguagem simples, estilização da oralidade popular;

- Caráter "jornalístico" (teor notícias, cartas);

- Meninos órfãos da família e do Estado (instituições opressora, imprensa, polícia igreja);

- meninos homens, bandidos heróis - justificação pelo contexto. Bandidos com causa.

- maniqueísmo: bem x mal, oprimido x opressor, rico x pobre.

- tomada de consciência pedro bala e professor (comonjorge).

"Capitães de areia"
Filme dirigido por Cecília Amado
2011

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"Capitães de areia" e a Teoria da Vulnerabilidade de Zaffaroni.

meninos homens, bandidos heróis - justificação pelo contexto. Bandidos com causa.


Onde estão os atores do filme?

Como denúncia e crítica social, a obra pretende dar visibilizadade ao oprimido, por meio da literatura.

Os atores do filme são, em sua maioria, adolescentes negros, justamente o invisibilizado, que, então, passa de oprimido a produtor da arte, o que parece alguma ascensão social viabilizada pela obra, pela literatura, pela arte.

Então, teria o livro atingido sua pretensão de correção, ainda que em parte, da opressão social? Para saber, fui buscar onde estariam os atores da obra cinematográfica. Teria a arte os redimido, legitimando a denúncia social proposta?

"Gato", Paulo Abade.

"Sem-pernas", Israel Gouvêa de Souza.

"Professor", Robério Lima.

"Querido-de-Deus, Marinho Gonçalves.

"João Grande", Elielson Conceicão.

"Boa vida", Jordan Mateus.

"Volta-seca", Heder Novaes.

"Pirulito", Evaldo Maurício.

"Barandão", Jamaclei Pinho.

Como estarão vivendo de arte esses artistas? A arte foi-lhes inclusiva?




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sexta-feira, 5 de julho de 2019

"O CORTIÇO", de Aluísio Azevedo (#9)



"O Cortiço" (1890) é uma obra do gênero romântico, do estilo de época Naturalismo, a história se passa no final do século XIX, no Rio de Janeiro, narrador onisciente em terceira pessoa, linear, de autoria de Aluísio Azevedo.

Enredo

João Romão é um branco português mau caráter sovina, quer enriquecer a qualquer custo (patológico). Capitalista, recebeu a vendinha mais um conto e quinhentos de seu ex-patrão que voltou à Portugal, pelo seu trabalho no lugar.

Bertoleza é uma escrava fugida, dona de uma quitanda chinfrim próximo à venda.

João Romão e Bertoleza passam a morar juntos, juntando a quiranda com o restaurante. Trabalham como animais. João Romão explora Bertoleza.

Bertoleza pretende estar com branco para apurar a raça.

Bertoleza economiza dinheiro e dá a João Romão para que comprasse a carta de alforria dela. Romão compra uma carta de alforria barata falsificada e fica com o dinheiro.

Há brigas entre Romão e Miranda, o vizinho rico da alta sociedade, por pedaços de terreno. 

João quer construir o cortiço no local e o faz. Constrói quartos muquifos com madeira velha, perto do Rio das tinas. Nasce a "Estalagem de São Romäo".

Aluga para lavadeiras. Depois, compra uma pedreira. Monopoliza a economia local, pois os homens pagam trabalham na pedreira, as mulheres pagam o aluguel das tinas esfregadeiras no rio, compram na quitanda, comem no restaurante e oagam o aluguel no cortiço.

Henrique chega à casa de Miranda, estudante de Medicina, que se envolve com a esposa dele, D. Estela. No local, também, mora Zulmira, filha de Miranda, e o velho Botelho, o empregado parasita, que vê os amantes.

O cortiço sempre movimentado com festas ("Choro", o pagode), com música, bebida, dando vida a fauna humana qur ali vive. 

Pombinha é uma moça de 18 anos que mora no cortiço, estava noiva, mas ainda não poderia se casar, porque não havia "as regras".

Chega ao cortiço Leónie, uma prostituta de luxo que seduz Pombinha. Logo chegam as regras após o despertar sexual. Pombinha casa com seu noivo Carlos, mas não esquece Leónie. Tempos depois, separa-se do marido, torna-se prostituta e amante de Leónie. Sua mãe falece de desgosto.

Jerônimo chega ao cortiço. É um português trabalhador, sério, honesto, casado com Piedade, pai de Senhorinha, passa a trabalhar na pedreira. No cortiço, encanta-se por Rita Baiana, uma brasileira sensual, festeira, com samba no pé. Rita era noiva do capoeirista Firmo. 

Jerônimo começa a ir nos pagodes e "abrasileirar-se", começa a tomar cachaça Parati, inclusive influenciado por Rita.

Miranda, morador do sobrado ao lado, recebe o título de Barão de Freixal. João Romão passa a ter inveja de Miranda, fica indignado, pois tem dinheiro, mas não é convidado para as festas, bailes, eventos sociais. Mantém-se um quitandeiro, corticeiro.

Jerônimo briga com Firmo por Rita Baiana. Firmo fere Miranda com uma navalha. No hospital, Rita cuida de Jerônimo, dando-lhe cachaça, "abrasileirando-o" cada vez mais.

Ao deixar o hospital, Miranda mata Firmo com dois homens, à pauladas. Após, abandona a família, esposa, filha, passando a ser amante de Rita Baiana.

João Romão quer fazer parte da alta sociedade. Aproxima-se de Miranda. Começa a oferecer dinheiro a Miranda, que estava tendo problemas finamceiros, embora ainda ostentasse seu "status" social.

Romão começa a cortejar Zulmira. Miranda gosta da ideia.

Surge um novo cortiço nas redondezas. Há uma briga entre os cortiços "Os cabeças de gato" e o de Romão.

A bruxa do 88 ateia fogo em seu barraco e incendeia todo o cortiço de João.

Nessa confusão, morre o mendigo Libório, um velho que guardava oito garrafas cheias de notas. Romão rouba as garrafad e empurra-o para as chamas. João se dá conta que as notas eram desvalorizadas, fora de uso.

Romão lucra con o incêndio pois recebe o seguro, dando-se bem.

João Romão pede Zulmira em casamento. Para se livrar de Bertoleza, procura Botelho para que encontre os donos de Bertoleza (escrava fugida) e a entrega a eles, que a levam com a polícia.

Bertoleza percebe que foi traída por João. Estava limpando peixe com uma faca e suicida-se rasgando seu ventre.

Ao fim, a cena de João Romão que vai até a sala, onde recebe a visita de jovens do Clube Abolicionista, que pretendiam marcar uma homenagem a Romão por suas contribuições à causa da abolição.

O homem que traiu a companheira escrava, levando-a à morte, é condecorado pela causa abolicionista.


Características


Como romance naturalista, aborda as chagas sociais, as patologias humanas, o mais sórdido, o vil do homem.

Exploração do homem pelo homem. Capitalismo selvagem.

Prosopoeia: o cortiço como protagonista, como mais próximo ao ser humano. Apresenta ciclo biológico, acorda abrindo as portas e janelas. O meio é o cortiço, que amolda as pessoas.

Animalização humana, zoomorfização, personagens descritas como animais (ancas de cadela de Rita Baiana; Firmo como um cachorro no cio quando tocava).

Força sexual, perversão.

Cientificismo - autor como cientista e personagens como cobaias. Visão objetiva. O Naturalismo mostra o o real pelo conhecimento empírico, demonstrado por teorias cientificas como o Determinismo, homem como produto do meio.

Romance de tese - homem determinado pelo meio, pela raça, pelo momento. Jerônimo, homem bom, em meio corrupto, degenera-se determinado pelo meio. Rita é baiana, propensa ao sexo, erotização, dança, bebida.
No romance de tese, as personagens comprovam a tese, são lineares e sem complexidade, chamadas de tipos. 

Agrupamentos humanos com ambientes e cenas sórdidas. Esposa de Jerônimo, após ser abandonada, torna-se alcoolatra, faz sexo com estranho em cima de seu vômito.

Objetificação da mulher (Piedade). Há mulheres sujeito e objeto, como Rita Baiana; há mulheres somente sujeito, como Leónie.


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"Se diz por ahí... #1: Carolina de Jesus melhora de vida", por Fiametta Franchin



"Carolina de Jesus melhora de vida

Após deixar comunidade, Carolina de Jesus e seus três filhos vão morar na Estalagem de São Romão.
Carolina, que antes pagava pela água na Favela do Canindé, passa a trabalhar como lavadeira nas tinas a beira-rio, pagando o aluguel devido a João Romão.
Vê-se Carolina logo fez amizade com Pombinha.

Antes corticeira a favelada."

(Fiametta Franchin, 05/VII/19)

segunda-feira, 1 de julho de 2019

"O BEM AMADO", de Dias Gomes (#8)



"O Bem-Amado" é uma peça de teatro, do gênero comédia dramática contemporânea, de autoria de Alfredo Dias Gomes escrita em 1962 e publicada em 1970.

A primeira encenação ocorreu apenas em 1968, no Teatro de Amadores de Pernambuco, devido o grande número de personagens, num total de 15, considerado muito para peças teatrais.

Além disso, Dias Gomes teve outras obras anteriores censuradas. Como a peça faz crítica política, justifica-se o lapso temporal até a obra ser publicada e chegar ao público.

Na televisão, foram exibidas duas adaptações pela Rede Globo, uma minissérie nos anos 70 e uma novela nos anos 80, foi a primeira novela exibida a cores. Em 2010, Guel Arrais produziu o filme da obra.

A obra não apresenta narrador por se tratar de texto teatral, mas tem rubricas, que são as anotações e comandos para os autores realizarem em cena.

A propósito, as rubricas têm relevância na compreensão do texto, das cenas dramatizadas, dos monólogos interiores que acontecem.

O próprio autor Dias Gomes caracteriza a obra como uma farsa sociopolítica-patológica de caráter popular, cômica, crítica de costumes, beirando o patético e o ridículo.

Tal como a "Farsa de Inês Pereira" de Gil Vicente, apresenta traços alegórico e moralizante.

A história se passa na fictícia cidade litorânea de Sucupira, na Bahia, onde a qualidade de vida era ótima. As cenas acontecem na prefeitura, na igreja, no Jornal Trombeta.

Aliás, Sucupira é o nome de uma árvore, assim como o Brasil, que deriva da árvore pau-brasil. Sucupira é metáfora do Brasil.

Sucupira é inspirada em uma anedota de uma cidade do interior do Rio de Janeiro, onde o prefeito queria construir um cemitério vertical.

As personagens

Odorico Paraguaçu: o protagonista. Prefeito da cidade de Sucupira, localizada no litoral baiano. 
Odorico é um político médio, pode ser considerado a caricatura do coronelismo, a pompa vazia do discurso político demagógico.
Do nome da personagem, "Odorico" pode fazer referência a odor, cheiro, aroma. Em indígena, "para" significa rio, águas correntes; "guaçu" significa grande. A cidade é litorânea, à beira mar, economia de pesca.

Chico Moleza: mendigo beberrão, torna-se coveiro da cidade.

Mestre Ambrósio e Zelão: pescadores pacatos, representam os trabalhadores braçais, metonímia do povo da cidade.

Irmãs Cajazeiras: Dorotéia, Judicéia e Dulcinéia, irmãs funcionárias pública, bajuladoras do prefeito sem caráter.

Mestre Leonel: pescador que morre no início da história, não tinha família, foi encontrado morto na praia com seu cachorro lambendo-lhe a face. 

Dirceu Borboleta: secretário de Odorico na Prefeitura, marido de Dulcinéa, coletor de borboletas, fez voto de castidade. Mata Dulcinéa por engano ao saber que ela o traía.

Neco Pedreira: dono do jornal Trombeta,  representa a imprensa suja e manipuladora.

Vigário: representante do clero manipulador do povo.

Zeca Diabo: malfeitor regenerado, cangaceiro, bandido "bom". Caiu no banditismo não por maldade, mas por culpa da sociedade injusta. É devoto de Padre Cícero. Pode-se se fazer um paralelo com Rousseau, ao afirmar que todo homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe.

Tio Hilário: tio das Irmãs Cajazeiras.

A linguagem tem grande importância na obra. Por meio dela se revela a falsa retórica persuasiva de Odorico.
Odorico cria palavras que não existem (neologismo), utiliza vocabulário rebuscado, levando a um poder de domínio sobre o povo, que não entende, acata, não questiona.
Os elementos linguísticos por Odorico usados criam a linguagem empolada, com apelo emocional, para enganar o povo ignorante.
A linguagem simples com traços regionais e distorção da norma culta compõe construções sintáticas inusitadas.
Assim, trata-se de uma sática, uma crítica da sociedade (política especialmente), por meio do humor.
Exemplos de neologismo: "genipapação", "genipapista".

A peça

Trata-se de sátira em que se faz crítica social e política por meio do humor. A comédia está nos mal entendidos, confusões e complicações que atrapalham os interesses de Odorico, que mostra um descontrole, ums obcessão por contruir um cemitério na cidade, valendo-se do trágico e do exagero.

Ao final, ironicamente, o desfecho não redime o político corrupto, mas é atingida a finalidade pretendida que é s inauguração do cemitério sendo Odorico o defunto.

O texto teatral é composto por 9 quadros.

Quadro 1 -  O início se dá com a morte de um pescador morador da cidade, cujo defunto estava sendo levado para ser enterrado na cidade vizinha, com dificuldade. O pescador falecido não tinha família.
Odorico demonstra insatisfação em virtude de a cidade, de tanta qualidade de vida, não possuir um cemitério para enterrar seus mortos.
A construção do cemitério passa a ser promessa de campanha de Odorico para prefeito de Sucupira. Os moradores gostam da ideia.
As primeiras características esterotipadas de Odorico são reveladas: criação de palavras que não existem (neologismo), como "pafrentemente", "pratrasmente".
O poder de persuasão do povo por Odorico pode ser observado pelo domínio da lingaguem rebuscada, da falsa retórica que conquista a população.
Diz-se sobre o marasmo da cidade, onde nada acontece e, não havendo violência, não haveria matéria para a imprensa (crítica à imprensa que se alimenta de violência).

Quadro 2: Odorico é eleito prefeito de Sucupira. A prefeitura não tem verbas para a construção do cemitério. Passa a fazer desvios de dinheiro de obras emergenciais, prática típica de político corrupto que é. Desvia dinheiro da educação e do tratamento efluentes, da água, da luz. Ou seja, deixa de atender necessidades básicas dos vivos, para atender as dos mortos, que nao morrem. Os vivos são tratados como "mortos" e os mortos como."vivos"

As irmãs Cazeiras Dorotéia, Dulcinéia e Judicéia são funcionárias da prefeitura, bajuladoras de Odorico.
Dulcinéia, esposa de Dirceu de Castro, o Dirceu borboleta, é amante de Odorico.
Dirceu é secretário de Odorico, coletor de borboletas.

Quadro 3: O cemitério é construído sem defeitos. O cemitério representa a construção de grandiosas obras inúteis em detrimento das necessidades básicas da população, do povo ignorante.
A cidade aguarda um cadáver para inaugurá-lo. A boa qualidade de vida do local leva as pessoas a viverem mais, ninguém morre.
Não há criminalidade, o cemitério está construído há 1 ano e ninguém havia morrido para inaugurá-lo.
Na falta de cadáver, sabendo de um primo moribundo das Irmãs Cajazeiras, Ernesto, Odorico manda buscar o homem agonizante e paga todas as despesas geradas. As despesas pagas pela prefeitura com dinheiro do povo é utilizada para bancar desejo pessoal de Odorico.

Quadro 4: Quadro curto, de tom humorístico, trata da doença e ida do primo Ernesto a Sucupira. 

Quadro 5: Primo Ernesto, que estavs há 3 meses desacreditado pelos médico, após 1 ano em Sucupira se recupera. Há suspeitas de que Judicéa teria algo a ver com a cura, há indícios de que ela engravidou do primo, por estar mais gorda, porém não teve a criança.
Surge a personagem do Zeca Diabo, o cangaceiro, o malfeitor regenerado. Zeca cometeu crimes no passado para se vingar de injustiça sofrido pelo irmão, não era de índole delinquente.
Odorico contrata Zeca Diabo, considerado assassino profissional, como delegado da cidade, orientando que invadisse o Jornal Trombeta, a imprensa local que provoca Odorico, de propriedade de Neco Pedreira. Zeca está redimido, quer perdão pelos seus crimes, prometeu a Padre Ciço (Cícero), de quem é devoto. A índole de Odoroco é pior que a do matador profissional.
As escolas estão em situação precária.

Quadro 6: Neco Pedreira convence Zeca Diabo a publicar história de sua vida. Esta passagem demonstra que a imprensa merece ser ouvida. Zeca Diabo e Odorico brigam.
Dulcinéia engravida de Odorico.
Dirceu Borboleta revela a sensibilidade que a falta da figura masculina, que se espera áspera.
Dirceu Borboleta fez voto de castidade.
Dirceu passa a receber cartas anônimas sobre o caso afetivo de Dulcinéia. Odorico incentiva-o a matar Neco, como suspeito. Dirceu acredita, vai atrás de Neco, mas atinge Dulcinéia, que morre.

Quadro 7: Odorico se anima com a possibilidade de um morto a inaugurar o cemitério. Aparece Tio Hilário, que informa que Dulcinéia deve ser enterrada no jazigo da família em outra cidade. Odorico não quer liberar o corpo.

Qyadro 8: Neco Pedreira descobre a verdade sobre as ordens de Odorico, para que Zeca Diabo matasse o jornalista. Neco vai até a prisão falar com Zeca. Neco publica a história de Zeca. Zeca mats Odorico.

Quadro 9: Finalmente, há um morto para inaugurari o cemitério de Odorico, o próprio Odorico, o bem-amado por todos. Neco diz que somente Odorico poderia inaugurar a obra, mais ninguém.

Citações da obra:

"Os finalmentes justificam os não-obstantes." (GOMES, Dias. O Bem-Amado)

"Três dias já? Nunca vi tanta vocação pra agonizante! É um agonizante praticante."  (GOMES, Dias. O Bem-Amado)

"Meus concidadãos! Este momento há de ficar para sempre guardado nos anais e menstruaus da história de Sucupira!"  (GOMES, Dias. O Bem-Amado)

"Vejam este pobre homem: viveu quase oitenta anos neste lugar. Aqui nasceu, trabalhou, teve filhos, aqui terminou seus dias. Nunca se afastou daqui. Agora, em estado de difuntice compulsória, é obrigado a emigrar, pegam seu corpo e vão sepultar em terra estranha, no meio de gente estranha. Poderá ele dormir tranquilamente o sono eterno? Poderá sua alma alcançar a paz?"  (GOMES, Dias. O Bem-Amado)

"Povo sucupirano! Agoramente já investido de cargo de prefeito, aqui estou para receber a confirmação, a ratificação, a autenticação e por quê não dizer a sagração do povo que me elegeu. (...) Eu prometi que o meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a construção do cemitério."  (GOMES, Dias. O Bem-Amado)

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BIBLIOTECA ONLINE - Brasiliana



Acervo das obras da Biblioteca Brasiliana e do bibliógrafo José Mindlin e sua esposa Guita, hoje, pertencente à USP, disponibiliza obras online gratuitamente:



Algumas obras que compõe o acervo online gratuito em pdf da Biblioteca:


"Relatório da commissão encarregada do reconhecimento da região do oeste da Provincia de S. Paulo, e escolha da direcção mais conveniente para os transportes entre a comarca de Botucatu e o litoral", João Martins da Silva Coutinho.

"Estudos sobre a Bahia Cabralia e Vera Cruz", Salvador Pires de Carvalho e Aragão.

"Judith e Lágrimas de um Crente - (Contos)", Adolfo Caminha (1867-1897)

"Diario da viagem que em visita, e correição das povoações da capitania de S. Joze do Rio Negro fez o ouvidor, e intendente geral da mesma Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio, no anno de 1774 e 1775, exornado com algumas noticias geograficas, e hydrograficas da dita capitania, com outras concernentes á historia civil, politica, e natural della, aos uzos, e costumes, e diversidade de nações de indios seus habitadores, e á sua população, agricultura, e commercio : vindica-se occasionalmente o direito dos seus verdadeiros limites pela parte do Perú, nova Granada, e Guyana, e trata-se a questão da existencia das Amazonas americanas, e do famoso lago dourado", Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio.

"A Bella Madame Vargas, peça em 3 actos", João do Rio (1881-1921)

"Manual dos negociantes contendo o codigo commercial do Imperio do Brasil, e os regulamentos para a sua execução com referencia aos artigos dos mesmos regulamentos, accrescentado com todos os Avisos, Portarias, Ordens e Decretos que até ao presente se tem expedido, assim como as Consultas e Decisões dos Tribunaes do Commercio, e Tabellas dos emolumentos [...] Acompanhado do regulamento sobre o uso, preparo e venda do papel sellado", Eduardo e Henrique Laemmert

"Viagens, América, Oceania e Àsia", Eduardo Prado (1860-1901)

"Manual do distillador e licorista", Rio de Janeiro : H. Laemmert & C. (1883)

"Notas dominicaes tomadas durante uma residencia em Portugal e no Brasil nos annos de 1816, 1817 e 1818", Louis-François de Tollenare (1780-1853)

"Leitura instructiva e recreativa, ou ideas sentimentaes, sobre a Faculdade do Entendimento, commúnmente chamada GOSTO, em conhecer as perfeiçoens, e imperfeiçoens de qualquer objecto, na natureza ou arte. Extrahido livremente do inglez, por Manoel de Freitas Brasileiro", Manuel de Freitas Brazileiro (1813)

"Memoria sobre a historia moderna da administração das minas em Portugal [...]" - 1888, Wilhelm Ludwig von Eschwege (1777-1855)

"Experiencia n. 2, realisada sobre uma procissão de Corpus Christi, uma possivel teoria e uma experiencia", 1831, Flávio de Rezende Carvalho (1899-1973)

"Copia de hvma carta para Elrey N. Senhor, sobre as missões do Seara, do Maranham, do Pará, e do grande Rio das Almazónas", Antônio Vieira (1608-1697)

"Restauracion de la ciudad del Salvador, |b i Baia de Todos-Sanctos, en la Provincia del Brasil : por las armas de Don Philippe IV. el Grande, Rei Catholico de las Espanas i Indias, [et]c. A su Magestad", Tamayo de Vargas Tomás (1588-1641)

"A ilusão americana", Eduardo Prado (1560-1601)

"Experiências physiologicas com algumas plantas toxicas do Brazil" (1890), João Batista Lacerda (1846-1915)

"Replica catholica, á resposta, que o Reverendo Senhor Deputado Padre Diogo Antonio Feijó deu ao P. Luiz Gonsalves dos Santos. Oferrecida, e Dedicada. ao Excmo. e Revmo. Senhor D. José Caetano da Silva Coitinho, Bispo do Rio de Janeiro, Capellão Mo'r de S. M. I. &c., &c., &c., &c." (1827), Luiz Gonçalves dos Santos (1767-1844)

"O celibato clerical, e religioso Defendido Dos golpes da Impiedade, e da Libertinagem dos Correspondentes da Astréa. Com hum appendice sobre o voto separado do senhor deputado Feijó. Offerecido, e Dedicado aos seus reverendos irmãos sacerdotes, e regulares, Pelo Padre [...]" (1827), Luíz Gonçalves dos Santos (1767-1844)

"Bibliographia geographica brasileira" (1919), Rodolpho Garcia, (1873-1949)

"Instrucçoes sobre os conhecimentos necessarios a hum official militar, sobre a applicação dos mesmos para organisar na campanha hum exercito., Extrahida do francez e offerecida ao Illmo. e Exmo. Senhor Conde dos Arcos, do Conselho de S.M. Fidelissima N.S., Grão Cruz da Ordem de S. Bento de Aviz [...]" (1817), pela Imprensa Régia

A3



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quarta-feira, 26 de junho de 2019

DICIONÁRIO INDÍGENA - Tupi-guarani


Dicionário Ilustrado Tupi-guarani.

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segunda-feira, 24 de junho de 2019

"DIÁLOGO EM 1929", por Fiametta Franchin


"- Melhor morrer de vodka do que de tédio.
- Eu prefiro empregar o meu dinheiro em livros do que em álcool, Charles." 
("Diálogo em 1929", por Fiametta Franchin, 24/06/19)


"QUARTO DE DESPEJO", de Carolina Maria de Jesus (#7)



Quarto de despejo" (1960) de Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é uma obra biográfica do gênero diário (subtítulo "diário de uma favelada"), cujo estilo de época pode ser considerado o Contemporâneo, pois não se enquadra em nenhuma escola propriamente dita.

Percebe-se o tom poético em prosa, embora não se trate de poesia em prosa.



O narrador é a autora e personagem da narrativa.

O espaço onde se passa o enredo é a favela Canindé, às margens do Rio Tietê na cidade de São Paulo (não existe mais).

O tempo contempla os anos de 1885 a 1960.

Carolina nasceu em Minas Gerais, pobre, "autodidata", aprendeu a ler por livros e revistas que achou na rua e bibliotecas de pessoas a quem trabalhou como empregada.



Em 1948, Carolina deixa a favela.  Possui 3 filhos: João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice Jesus de Lima.

A autora foi escoberta pelo jornalista Audálio Dantas, que fazia uma reportagem na favela Canindé.

Dantas ouve discussões entre os moradores em que identifica a expressão "Vou colocar no meu livro". Interessa-se pela pessoa que falou a frase, era Carolina, escritor e poeta. 

E o jornalista a acompanha até o barraco, ela  mostra a ele cadernos manuscritos. Esses escritos tornam-se o livro, publicado em 1960, como "best seller".



A obra foi traduzido em 13 línguas, pautou estudos sociológicos, culturais. 

Entretanto, o sucesso foi passageiro. 

Carolina grava um álbum musical com  músicas compostas por ela, sem sucesso. 

Compra casa, sai da favela, lança outros livros, sem impacto, quais sejam, "Casa de alvenaria", "Pedaços de fome".



Falece em 13 de fevereiro de 1977, aos 62 anos. Sua filha, Vera Eunice, torna-se professora.

Características da obra: visão de dentro, voz do pobre falando dele mesmo, proprietário da narrativa se manifestando. Singularidade, quebra de expectativas, de estereótipo: mulher nrgra, pobre, mãe solteira, favelada catadora de papel e escritora.

A revisão de Audálio Dantas gera suspeitas de veracidade da obra. Todavia, Manuel Bandeira chancela a autoria de Carolina, afirmando que, ainda que a história fosse inventada, o discurso não o era.

Clarice Lispector e Carolina de Jesus


Estrutura narrativa: diário pessoal (narradora protagonista).

Linguagem simples e rebuscada, palavras incorretas ("iducada") e funestas, tépida. Desenvolve-se, aprimora-se no decorrer do tempo.

Denúncia social: violência, sexo, miséria, fome, vício. Não há alusão a crimes.



Personagens: Carolina, filhos, Sr. Manoel, Orlando Lopes (espécie de cobrador agiota), Cigano, pai de Vera.

Tempo: 15 a 28 de julho de 1955, 02 a 31 de maio a dezembro de 1958, 1o de janeiro a 31 de dezembro de 1959 e 1o de janeiro de 1960.

Vida na favela faz referência ao Mito  de Sísifo: castigo pelos deuses tralizando as mesmas atividades diariamente (acorda busca água, faz café, catadora). Não gosta de final de semana, trabalha mais. Primeiro e último dias são iguais.

Importância da educação. Consciência social de sua negritude (considera-se bonita sendo megra) e política (cita o Prefeito Jânio Quadros, o Presidente Juscelino Kubitschek, o Governador  de São Paulo Adhemar de Barros).

Metáfora da obra: o quarto de despejo é a favela, onde se joga o que ninguém quer ver: 
"Estou no quarto de despejo, e o que está no quarto de despejo ou queima-se ou joga-se no lixo." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"Eu classifico São Paulo assim: O Palácio é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

Metalinguagem: "vou por seu nome no meu livro", livro forma de resistencia? Luta, sobrevivencia.



Tema "água": todas as manhãs, buscam água, água cobrada.

"(...) fui buscar água. Fiz o café. Avisei as crianças que não tinha pão (...)" (16/07/1955)  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo") 

"(...) Já faz seis meses que eu não pago a água. 25 cruzeiros por dia." (11/07/1958)  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) Eram 4 horas quando eu fui pegar água, porque o tal Orlando Lopes disse que não deixa eu pegar água." (29/06/1959)  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"Levantei as 5 horas e fui carregar água." (1o/01/1060)  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

Tema "favela":

"(...) As oito e meia da noite eu já estava na favela respirando o odor dos excrementos que mescla com o barro podre. Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludos, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) Chegou um caminhão aqui na favela. O motorista e o seu ajudante jogam umas latas. É de linguiça enlatada. Penso: É assim que fazem esses comerciantes insaciáveis. Ficam esperando os preços subir na ganância de ganhar mais. E quando apodrece jogam fora para os corvos e os infelizes favelados."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) Está chovendo. Eu não posso ir catar papel. O dia que chove eu sou mendiga. Já ando mesmo trapuda e suja. (...) Os favelados são considerados mendigos. Vou aproveitar a deixa."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) Quando vou na cidade tenho a impressão que estou no paraízo. (...) Aquelas paisagens há de encantar os olhos dos visitantes de São Paulo, que ignoram que a cidade mais afamada da América do Sul está enferma. Com suas úlceras. As favelas."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) Morreu um menino aqui na favela. Tinha dois meses. Se vivesse ia passar fome."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

Tema "datas festivas":

"15 de julho - Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um pai de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"11 de maio - Dia das Mães. O céu está azul e branco. Parece que até a natureza quer homenagear as mães que atualmente se sentem infeliz por não poder realisar os desejos dos seus filhos."

"15 de julho - Hoje é aniversário da minha filha Vera Eunice. Eu não posso fazer uma festinha porque isto é o mesmo que querer agarrar o sol com as mãos. Hoje não vai ter almoço. Só janta."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"06 de agosto - Fiz o café para o João e o José Carlos, que hoje completa 10 anos. E eu apenas posso dar-lhe os parabéns, porque hohe nem sei se vamos comer."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"10 de agosto  - Dia do papai. Um dia sem graça."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

Visão política:

"(...) A democracia está perdendo seus adeptos. No nosso país tudo está enfraquecendo. O dinheiro é fraco. A democracia é fraca e os políticos fraquíssimos. E tudo que é fraco morre um dia". (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"Quem governa o nosso país é quem tem dinheiro, quem não sabe o que é fome, a dor e a aflição do pobre. Se a maioria revoltar-se, o que pode fazer a minoria?" (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) De quatro em quatro anos muda-se os políticos e não soluciona a fome, que tem sua matriz nas favelas e as sucursais nos lares dos operários." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) O povo não está interessado nas eleições, que é o cavalo de Tróia que aparece de quatro em quatro anos." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

Tema "alcoolismo":

"Hoje a Leila está embriagada. E eu fico pensando como é que uma mulher que tem duas filhas em idade tenra pode embriagar-se até ficar inconsciente. E se ela rolar na cama e esmagar a recém nascida?" (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) a Zefa é mulata. É bonita. Só que ela bebe muito. Ela já teve duas filhas, e bebia muito. Esquecia de alimentar as crianças, e elas morreram."

"(...) Ela está bêbada. Um menino de nove anos. O padrasto bebe, a mãe bebe e a avó bebe. E ele é quem vai comprar pinga. E vem bebendo pelo caminho." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) Eu prefiro empregar o meu dinheiro em livros do que em álcool." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

Tema "fome":

"(...) Percebi que no frigorífico jogam creolina no lixo, para o favelado não catar a carne para comer. Não tomei café, ia andando meio tonta. A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) Como é horrível ver um filho comer e perguntar: 'tem mais?' Esta palavra 'tem mais' fica oscilando dentro do cérebro de uma mãe que olha as panelas e não tem mais." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo)

"Sábado é o dia que fico louca porque preciso arranjar o que comer para o sábado e o domingo." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo)

"Os meus filhos estão sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles não são exigentes no paladar." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

" - Mamãe, vende eu para a Dona Julieta, porque lá tem comida gostosa." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

Tema "Literatura":

"12 de junho - Eu deixei o leite as 3 horas da manhã porque quando a gente perde o sono começa a pensar nas misérias que nos rodeia. Deixei o leite para escrever. Enquanto escrevo vou pensando que resido num castelo cor de ouro que reluz na luz do sol. Que as janelas são de prata e as luzes de brilhante. Que a minha vista circula no jardim e contemplo as flores de todas as qualidades. É preciso criar este ambiente de fantasia, para esquecer que estou na favela." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) Toquei o carrinho e fui buscar mais papéis. A Vera ia sorrindo. E Eu pensei no Casimiro de Abreu, que disse: 'Ri criança. A vida é bela'." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nos quando estamos no fim da vida é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha, até aqui, tem sido preta. Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro." (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")



Outras citações:

"Eu ando tão preocupada que ainda não contemplei os jardins da cidade."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"Eu não consegui armazenar para viver. Resolvi armazenar paciência."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"O Brasil precisa see dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora."   (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

"(...) parece que vim ao mundo predestinada a catar. Só não cato a felicidade."  (JESUS, Carolina Maria de. "Quarto de despejo")

Fonte das imagens: coletânea de Internet.


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"MORTE E VIDA SEVERINA", de João Cabral de Melo Neto (#6)




"Morte e vida severina" é uma obra de João Cabral de Melo Neto do gênero peça de teatro em versos, poema dramático. Também, poema de natal pernambucano.  O espaço onde ocorre o enredo é da Caatinga para Recife, Pernambuco, na segunda metade do século XX. A obra foi produzida na Terceira Geracão do Modernismo de 45.

O autor é conhecido por ser um poeta antissentimental (ausência do lírico, apagamento do "Eu"), antimusical, poeta racional (se intitula "o engenheiro", faz cálculos literários).

João Cabral é conhecido pelos versos substantivos (substantivo predominante, como "pedra", inanimada).

A obra trata-se de uma crítica social não-panfletária (não Socialista, sem bases marxistas, embora musicado por Chico Buarque).

A peça é dividida em 18 cenas, estas subdividem-se em duas partes: da 1a até a 12a - ocorre a fuga do Severino (morte); da 13a ao final - Severino chega em Recife (vida).

Cena 1 - Severino se apresenta, somos são "severinos".
Cena 2 - a morte por emboscada.
Cena 3 - a morte da natureza, o Rio-guia (Capibaribe) seca.
Cena 4 - velório.
Cena 5 - pausa para arrumar um trabalho.
Cena 6 - conversa com rezadeira, que diz que só tem trabalho quem trabalha com os ofícios da morte.
Cena 7 - Severino chega à Zona da Mata, vê vegetação, mas sem pessoas, acha que estariam descansando.
Cena 8 - pessoas estão no funeral de um Lavrador. Música de Chico Buarque: "É a parte que te cabe deste latifúndio".
Cena 9 - esperanças morrendo.
Cena 10 - chegada em Recife, ouve dois coveiros no cemitério falando sobre a morte na cidade.
Cena 11 - a descoberta de Severino do próprio enterro, pensa em suicídio.
Cena 12 - diálogo com Mestre Carpina, Seu José.
Cena 13 - anúncio do nascimento, filho do Mestre Carpina.
Cena 14 - visitas ao nascido.
Cena 15 - criança recebe presentes simples (Reis Magos).
Cena 16 - as ciganas fazem previsões de trabalho para Severino. Loas - louvor a vida da criança.
Cena 18 - exaltação à vida - Mestre Carpina mostra o filho, Severino entende que a vida vale a pena, desiste do suicídio.

Características:
Peça escrita em 1954 e encenada em 1965. Música Chico Buarque, venceu o Festival de Nancy, na França.

Temática social - seca, fome, exclusão social, invisibilidade do nordestino.

Visão de esperança relativizada.

O Auto - referência às peças de teatro medieval, tradição ibérica, espanhola, portuguesa.

Auto dentro do Auto (peça dentro da peça) - estrela-guia: rio-guia, pastores: Severinos, Mestre Carpina: São José, Mocambo: Presépio.

Rehional x Universal - não poema religioso, inspiração na Kiteratura de Cordel. 

Poema de exceção (fácil, musicado).

Composição poética: 1241 versos heptassílabos, maioria redondilha maior (cadência popular).

Severino (substantivo próprio) torna-se substantivo comum (Severinos coletivo), depois adjetivo: vida severa, repleta de restrições.

Especial da Globo exibido em 1981.


" 'Funeral de um lavrador'
(Chico Buarque)

Essa cova em que estás
Com palmos medida
É a cota menor
Que tiraste em vida

É de bom tamanho
Nem largo
Nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio

Não é cova grande
É cova medida
É a terra que querias ver dividida

É uma cova grande
Para teu pouco defunto
Mas estarás maus ancho
Que estavas no mundo

É uma cova grande
Para teu defunto parco
Porém mais que no mundo
Te sentirás largo

É uma couva grande
Para tua carne pouca
Mas a terra dada
Não se abre a boca

É a parte que te cabe neste latifúndio
É a terra que querias ver dividida."



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domingo, 23 de junho de 2019

"LUCÍOLA", de José de Alencar (#5)




"Lucíola", de José de Alencar, é do gênero romance urbano na Corte do Rio de Janeiro em 1855, cujo estilo de época é o Romantismo. Narrador em primeira pessoa: Paulo.

Enredo e personagens:

Paulo da Silva chega à Corte do interior. Conhece uma "mulher desacompanhada" (prostituta), Lúcia, a cortesã mais luxuosa do Rio. 

Paulo se apaixona por ela, passa a visitá-la. Não se envolvem num primeiro momento, nem fisicamente.
Lúcia parecia fatal e ingênua ao mesmo tempo.

Lúcia faz uma "performance" erótica em uma festa, que impressiona a todos.

Na festa, aparecem as personagens Rochinha, um jovem devasso, e o Sr. Couto, um velho devasso.

Paulo envolve-se com Lúcia. Passa a morar con ela. A cortesã deixa as atividades na Côrte para dedicar-se à Paulo. Começa-se a falar que ela estaria sustentando Paulo, quando ele pede que ela volte à Corte.

Lúcia revela sua história. Diz que foi obrigada a levar essa vida. Aos 14 anos, com a família doente, Sr. Couto ofereceu moedas para relacionar-se sexualmente com ela, o que ocorre.

Ao contar para o pai sobre a origem do dinheuro, ele expulsa Lúcia de casa. Vai para o prostíbulo de Jesuína e Jacinto. Da pureza de Maria da Glória passa a assumir a identidade de mulher fatal de Lúcia (lúcifer), que dita as regras.

Embora fosse mulher pobre e prostituta, Lúcia é considerada excêntrica, pois ela dita as regras do jogo.

Lúcia continua suas atividades para dar um dote à irmã Ana, para que não tenha a vida dela.

Retira-se da Côrte para ficar com Paulo. O amor carnal passa a espiritual. O casal leva Ana (14 anos) pra morar com eles em uma chácara.

Lúcia anuncia gravidez a Paulo. Paulo fica feliz e dá a notícia a todos. A saúde de Lúcia se agrava devido um problema de coração. Fraca, diz a Paulo sobre a possibilidade de o filho não nascer, manifestando desejo de morrer com o filho. Ela pede que Paulo se case com Ana, ele se nega. Lúcia falece. Paulo torna-se tutor Ana. Ana casa-se.

Algum tempo depois, Paulo conhece a senhora G.M., que fala mal das cortesãs, Paulo as defende. Passa a escrever cartas sobre suas história de amor à G.M., que as publica em forma da obra "Lucíola".

Trata-se de romance epistolar composto pelas cartas de Paulo a G.M., publicado como Lucíola (vagalume que brilha no meio do charco e morre rapidamente).

Trilogia dos perfis de mulher de Alencar: "Diva", "Lucíola", "Senhora".

Exaltação do amor como grande tema: Paulo vence o preconceito por amor, assim como G.M. que, também, pelo amor entre Paulo e Lúcia se interessa em produzir a obra, tendo o papel de editora do livro.

Dualidade de Lúcia: mulher anjo Maria da Glória x mulher demônio Lúcia. Prevalece aquela pura de alma, cujo corpo se perverteu, mas o coração não.

Intertextualidade: "A Dama das Camélias", de Alexandre Dumas Filho, Lúcia lê a obra e revela discordar de Gauthier, pois se amava Armand Duval, não deveria se entregar a outro homem. Referência a prostituta de casta pura.

Traços realistas na corrupção da sociedade.

Final moralizante: amor e morte. Tributo à sociedade conservadora com a morte, embora tenha ousado em colocar uma mulher cortesã como protagonista que subverte as regras sociais de poder da época.

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LEV VYGOTSKY


Lev Vygotsky (1896-1934) foi um russo que desenvolveu a teoria do conhecimento sócio-histórica.

As atividades superiores advém das atividades sociais, considera o contexto histórico.

Zona de desenvolvimento: indivíduo nasce com o desenvolvimento real. Atinge a zona de desenvolvimento proximal com o auxílio de outra até alcançar o desenvolvimento potencial.

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