sexta-feira, 5 de julho de 2019

"O CORTIÇO", de Aluísio Azevedo (#9)



"O Cortiço" (1890) é uma obra do gênero romântico, do estilo de época Naturalismo, a história se passa no final do século XIX, no Rio de Janeiro, narrador onisciente em terceira pessoa, linear, de autoria de Aluísio Azevedo.

Enredo

João Romão é um branco português mau caráter sovina, quer enriquecer a qualquer custo (patológico). Capitalista, recebeu a vendinha mais um conto e quinhentos de seu ex-patrão que voltou à Portugal, pelo seu trabalho no lugar.

Bertoleza é uma escrava fugida, dona de uma quitanda chinfrim próximo à venda.

João Romão e Bertoleza passam a morar juntos, juntando a quiranda com o restaurante. Trabalham como animais. João Romão explora Bertoleza.

Bertoleza pretende estar com branco para apurar a raça.

Bertoleza economiza dinheiro e dá a João Romão para que comprasse a carta de alforria dela. Romão compra uma carta de alforria barata falsificada e fica com o dinheiro.

Há brigas entre Romão e Miranda, o vizinho rico da alta sociedade, por pedaços de terreno. 

João quer construir o cortiço no local e o faz. Constrói quartos muquifos com madeira velha, perto do Rio das tinas. Nasce a "Estalagem de São Romäo".

Aluga para lavadeiras. Depois, compra uma pedreira. Monopoliza a economia local, pois os homens pagam trabalham na pedreira, as mulheres pagam o aluguel das tinas esfregadeiras no rio, compram na quitanda, comem no restaurante e oagam o aluguel no cortiço.

Henrique chega à casa de Miranda, estudante de Medicina, que se envolve com a esposa dele, D. Estela. No local, também, mora Zulmira, filha de Miranda, e o velho Botelho, o empregado parasita, que vê os amantes.

O cortiço sempre movimentado com festas ("Choro", o pagode), com música, bebida, dando vida a fauna humana qur ali vive. 

Pombinha é uma moça de 18 anos que mora no cortiço, estava noiva, mas ainda não poderia se casar, porque não havia "as regras".

Chega ao cortiço Leónie, uma prostituta de luxo que seduz Pombinha. Logo chegam as regras após o despertar sexual. Pombinha casa com seu noivo Carlos, mas não esquece Leónie. Tempos depois, separa-se do marido, torna-se prostituta e amante de Leónie. Sua mãe falece de desgosto.

Jerônimo chega ao cortiço. É um português trabalhador, sério, honesto, casado com Piedade, pai de Senhorinha, passa a trabalhar na pedreira. No cortiço, encanta-se por Rita Baiana, uma brasileira sensual, festeira, com samba no pé. Rita era noiva do capoeirista Firmo. 

Jerônimo começa a ir nos pagodes e "abrasileirar-se", começa a tomar cachaça Parati, inclusive influenciado por Rita.

Miranda, morador do sobrado ao lado, recebe o título de Barão de Freixal. João Romão passa a ter inveja de Miranda, fica indignado, pois tem dinheiro, mas não é convidado para as festas, bailes, eventos sociais. Mantém-se um quitandeiro, corticeiro.

Jerônimo briga com Firmo por Rita Baiana. Firmo fere Miranda com uma navalha. No hospital, Rita cuida de Jerônimo, dando-lhe cachaça, "abrasileirando-o" cada vez mais.

Ao deixar o hospital, Miranda mata Firmo com dois homens, à pauladas. Após, abandona a família, esposa, filha, passando a ser amante de Rita Baiana.

João Romão quer fazer parte da alta sociedade. Aproxima-se de Miranda. Começa a oferecer dinheiro a Miranda, que estava tendo problemas finamceiros, embora ainda ostentasse seu "status" social.

Romão começa a cortejar Zulmira. Miranda gosta da ideia.

Surge um novo cortiço nas redondezas. Há uma briga entre os cortiços "Os cabeças de gato" e o de Romão.

A bruxa do 88 ateia fogo em seu barraco e incendeia todo o cortiço de João.

Nessa confusão, morre o mendigo Libório, um velho que guardava oito garrafas cheias de notas. Romão rouba as garrafad e empurra-o para as chamas. João se dá conta que as notas eram desvalorizadas, fora de uso.

Romão lucra con o incêndio pois recebe o seguro, dando-se bem.

João Romão pede Zulmira em casamento. Para se livrar de Bertoleza, procura Botelho para que encontre os donos de Bertoleza (escrava fugida) e a entrega a eles, que a levam com a polícia.

Bertoleza percebe que foi traída por João. Estava limpando peixe com uma faca e suicida-se rasgando seu ventre.

Ao fim, a cena de João Romão que vai até a sala, onde recebe a visita de jovens do Clube Abolicionista, que pretendiam marcar uma homenagem a Romão por suas contribuições à causa da abolição.

O homem que traiu a companheira escrava, levando-a à morte, é condecorado pela causa abolicionista.


Características


Como romance naturalista, aborda as chagas sociais, as patologias humanas, o mais sórdido, o vil do homem.

Exploração do homem pelo homem. Capitalismo selvagem.

Prosopoeia: o cortiço como protagonista, como mais próximo ao ser humano. Apresenta ciclo biológico, acorda abrindo as portas e janelas. O meio é o cortiço, que amolda as pessoas.

Animalização humana, zoomorfização, personagens descritas como animais (ancas de cadela de Rita Baiana; Firmo como um cachorro no cio quando tocava).

Força sexual, perversão.

Cientificismo - autor como cientista e personagens como cobaias. Visão objetiva. O Naturalismo mostra o o real pelo conhecimento empírico, demonstrado por teorias cientificas como o Determinismo, homem como produto do meio.

Romance de tese - homem determinado pelo meio, pela raça, pelo momento. Jerônimo, homem bom, em meio corrupto, degenera-se determinado pelo meio. Rita é baiana, propensa ao sexo, erotização, dança, bebida.
No romance de tese, as personagens comprovam a tese, são lineares e sem complexidade, chamadas de tipos. 

Agrupamentos humanos com ambientes e cenas sórdidas. Esposa de Jerônimo, após ser abandonada, torna-se alcoolatra, faz sexo com estranho em cima de seu vômito.

Objetificação da mulher (Piedade). Há mulheres sujeito e objeto, como Rita Baiana; há mulheres somente sujeito, como Leónie.


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