sexta-feira, 20 de abril de 2018

DAVID HUME (1711-1776) - filósofo, historiador

David Hume (Escócia, 07/05/1711 - 25/08/1776). Viveu 65 anos.

"A beleza das coisas existem no espírito de quem as contempla." (David Hume)


"A beleza das coisas existe no espírito de quem as contempla". (David Hume)


"A razão é, e só pode ser, escrava das paixões; só pode pretender ao papel de as servir e obedecer a ela." (David Hume)


"O papel principal da memória é conservar não sinplesmente as ideias, mas a sua ordem e a sua posição." (David Hume)


"O coração do homem existe para reconciliar as contradições mais notórias. (David Hume)


"A verdade é de dois gêneros: consiste ou na descoberta das relações das ideiaa consideradas como tal, ou na conformidade das nossas ideias dos objetos com a sua existência real." (David Hume)


"Não contraria a razão preferir a destruição do mundo inteiro a um arranhão no meu dedo." (David Hume)


"A razão dos céticos e a razão dos dogmáticos são de um mesmo gênero, apesar da contrariedade das suas operações e das suas tendências." (David Hume)


"A avareza, o estímulo da indústria." (David Hume)


"A experiência é um princípio que me instrui sobre as diversas conjunções dos objetosdo passado."(David Hume)


"A ideia de existência, caso seja unida à ideia de um objeto qualquer, nada lhe acrescenta." (David Hume)


"Por conhecimento, entendi a certeza que nasce da comparação de ideias." (David Hume)


"Se nos cai nas mãos um volume, por exemplo, de teologia ou de metafísica escolástica, perguntamo-nos: contém alguma argumentação abstrata sobre a quantidade ou os números? Não. Contém alguma argumentação experimental sobre questões de fato e existência? Não. Então, que seja jogado ao fogo, pois contém apenas sofismas e ilusões." (David Hume)


"O hábito... é o grande guia da vida humana." (David Hume)


"Por uma necessidadw absoluta e incontrolável, a natureza determinou-nos a julgar tanto quanto a respirar e a sentir." (David Hume)

"A religião surgiu principalmente dos medos dos pensamentos futuros." (David Hume)

"As convulsões da natureza, as catástrofes, os prodígios e os milagres imprimem no homem os mais fortes sentimentos religiosos." (David Hume)


BARUCH ESPINOZA






"Se os homens tivessem no silêncio a mesma capacidade que têm no falar o mundo seria muito mais feliz." (Baruch Espinoza)

IMMANUEL KANT





"Somos todos iguais perante o dever moral." (Immanuel Kant)

MANUEL BANDEIRA





ERNEST HEMINGWAY





ARTHUR SCHOPENHAUER




FRANCESCO PETRARCA- poeta italiano



Francesco Petrarca (20/07/1304 - 19/07/1374).

"Na guerra do amor a fuga é uma vitória." (Francesco Petrarca)

"Não é aos padres nem aos filósofos que se deve perguntar para que serve a morte... é aos herdeiros." (Francesco Petrarca)

"As duas cartas de amor mais difíceis de escrever são a primeira e a última." (Francesco Petrarca)

"Pouco ama aquele que pods dizer quanto ama." (Francesco Petrarca)

"Livros têm levado algumas pessoas ao saber, outras à insanidade." ("Remédio de Ambas as Fortunas", Francesco Petrarca)

"A espada é aquilo que não precisa o Amor para reger o seu Império." (Francesco Petrarca)

"O fim louva a vida e a noite o dia." ("Cancioneiro", Francesco Petrarca)

" 'Pobre e nua, vai, Filosofia', diz a multidão pensando no ganho vil." ("O Cancioneiro", Francesco Petrarca)

"Coisa bela e mortal passa e não dura." ("Cancioneiro", Francesco Petrarca)

"Para as almas nobres, a morte é o fim de uma prisão escura; é, porém, tristeza para aqueles que no lodo puseram todos os seus cuidados." (Francesco Petrarca)

"Tal, censurando os outros, condena-se a si mesmo." ("Triunfo de Amor", Francesco Petrarca)

GIOVANNI BOCCACCIO - escritor italiano



Giovani Boccaccio (16/06/1313 - 21/12/1375).


"Os ignorantes julgam a interioridade a partir da exterioridade." ("Genealogia Degli Dei Pagani", Francesco Petrarca)

"Mais vale agir na disposição de nos arrependermos do que arrependermo-nos de nada termos feito." ("Decameron", Francesco Petrarca)

"As ligações de amizade são mais fortes que as do sangue da família." ("Decameron", Francesco Petrarca)

"A súbita riqueza abriu-lhe os olhos, que a riqueza lhes havia mantido fechados." (Francesco Petrarca)

"A pobreza não tira a nobreza a ninguém, a riqueza sim." (Francesco Petrarca)

"Num voo de pombas brancas, um corvo negro junta-lhe um acréscimo de beleza que a candura de um cisne não traria." ("Decameron", Francesco Petrarca)

"Fazer grande estardalhaço a propósito de uma ofensa de que fomos vítimas, não atenua o desgosto, mas aumenta a vergonha." (Francesco Petrarca)

"Apenas a miséria é sem inveja." ("Decameron", Francesco Petrarca)

"As riquezas pintam o homem, e com as suas cores cobrem e escondem não apenas os defeitos do corpo, mas também os da alma." ("Lettere", Francesco Petrarca)

"O amor é de uma natureza tal quanto mais se ama, mais se deseja amar." (Francesco Petrarca)

"E tem certeza disso: é casta apenas aquela que nunca foi pedida por ninguém, ou que, se pediu, não foi ouvida." ("Decameron", Francesco Petrarca)

"A pobreza é exercitadora das virtudes dos nossos talentos." (Francesco Petrarca)

"Fazei o que dizemos e não o que fazemos." ("Decameron", Francesco Petrarca)

DANTE ALIGHIERI - poeta italiano



Dante Alighieri (25/05/1265 - 13/09/1321).
Musa: Beatriz.


"No inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidsde em tempo de crise." (Dante Alighieri)

"Muito pouco ama, quem, com palavras, pode expressar quanto muito ama." (Dante Alighieri)

"Quem és tu que queres julgar,
Com vista que só alcança um palmo, coisas que estão a mil milhas? ("Paraíso", Dante Alighieri)

"A vontade, se não quer, não cede, é como a chama ardente, que se eleva com mais força quanto mais se tenta abafá-la." ("Paraíso", Dante Alighieri)

"A razão vos é dada para discernir o bem do mal." ("Purgatório", Dante Alighieri)

"Pelo exemplo de Beatriz, compreende-se, facilmente, como o amor feminino dura pouco, se não for conservado aceso pelo olhar e pelo tato do homem amado." ("Purgatório", Dante Alighieri)

"Abre a mente ao que eu te revelo e retém bem o que eu te digo, pois não é ciência ouvir sem reter o que se escuta." ("Paraíso", Dante Alighieri)

"A estirpe não transforma os indivíduos em nobres, mas os indivíduos dão nobreza à estirpe." ("Convívio", Dante Alighieri)

"Louco é quem espera que a nossa razão possa percorrer a infinita via que tem uma substância em três pessoas." ("Purgatório", Dante Alighieri)

"A fama que se adquire no mundo não passa de um sopro de vento, que ora vem de uma parte, ora de outra, e assume um nome diferente segundo a direção de ondd sopra." ("Purgatório", Dante Alighieri)

"E se não choras, do que costumas chorar?" ("Inferno", Dante Alighieri)

"Não há maior dor do que a de nos recordarmos dos dias felizes quando estamos na miséria." ("Inferno", Dante Alighieri)

"Quanto maior é a sede, maior é o prazer em satisfazê-la." ("Purgatório", Dante Alighieri)

"Sai da mão de Deus que a contempla antes de criá-la, como uma crisnça que chora e ri sem motivo, a alma ingênua que tido ignora, exceto quando, movida pelo desejo de retornar a Ele, segue de bom grado o que a diverte." ("Purgatório", Dante Alighieri)

"Amor e coração nobrs são uma única coisa." ("Vita Nuova", Dante Alighieri)

"Aquele que mais sabe, mais lastima o tempo perdido." (Dante Alighieri)

"Tiveste sede de sangue, e eu de sangue te encho." ("Purgatório",
Dante Alighieri)

"O tempo passa e o homem não percebe." ("Purgatório", Dante Alighieri)

"Com aquela que o homem usa para medir a si mesmo, mede as suas coisas." ("Convívio", Dante Alighieri)

"Tão fiel fui ao glorioso ofício, que perdi o sono e a saùde." ("Inferno", Dante Alighieri)

"O falar é um efeito natural; mas, de um modo ou de outro, a natureza deixa o homem escolher o que mais me agrada." ("Paraíso", Dante Alighieri)

"E ele a mim: 'Todos tiveram a mente tão ofuscada pelo amor às riquezas na vida terrena, que não despenderam nada com equilíbrio." ("Inferno", Dante Alighieri)

"Pois perder tempo desagrada mais a quem conhece o seu valor." ("Purgatório", Dante Alighieri))

"O mundo é cego, e tu vens exatamente dele." ("Purgatório", Dante Alighieri))

"E tal, balbuciando, ama e obedece à sua mãe, mas, quando adulto, deseja vê-la enterrada." ("Paraíso", Dante Alighieri)

"As leis existem, mas quem as aplica?" ("Purgatório", Dante Alighieri)

"Contentai-vos em conhecer as obras de Deus; pois, se os homens tivessem podido conhecer todas as coisas, teria sido inútil o parto de Maria; e os vistes desejar, sem resultado, conhecer a causa das coisas, tanto que a insatisfação de seu desejo constitui, eternamente, a sua pena." ("Purgatório", Dante Alighieri)

"A contradição não consente o arrependimento e o pecado ao mesmo tempo." ("Inferno", Dante Alighieri)

VIRGÍLIO




SÊNECA




CONFÚCIO






ISAAC NEWTON - físico, filósofo inglês




"Seja feliz, torne o egoísmo a sede de amar o próximo." (Isaac Newton)


"Não sei como pareço aos olhos do mundo, mas eu mesmo me vejo como um pobre garoto que brincanva na praia e se divertia em encontrar uma pedrinha mais lisa uma vez por outro, ou uma concha mais bonita do que de costume, enquanto o grande oceano da verdade se estendia totalmente inexplorado diante de mim."(Isaac Newton)


"Construímos muros demais e pontes de menos." (Isaac Newton)


"Virtude sem caridade não passa de nome." (Isaac Newton)

"A gravidade explica os movimentos dos planetas, mas não pode explicar quem colocou os planetas em movimento. Deua governa as coisas e sabe tudo que é ou que pode ser feito." (Isaac Newton)



"A Filosofia é uma dama tão impertinente e trapaceira que se envolver em processo significa a mesms coisa que ter qualquer tipo de negócio com ela." (Isaac Newton)


"A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isso fica sendo a minha última e mais elevada descoberta." (Isaac Newton)


"A verdadeira filosofia nada mais é que o estudo da morte." (Isaac Newton)


"Nenhuma descoberta foi feita jamais sem um palpite ousada." (Isaac Newton)


"Há mais indícios seguros de autenticidade na Bíblia do que em qualquer história profana." (Isaac Newton)


"Se cheguei até aqui foi porque me apoiei nk ombro dos gigantes." (Isaac Newton)


"Se pude ver mais além dos demais, foi porque me pus de pé nos ombros de um gigante." (Isaac Newton)


"Deve-se aprender sempre, até mesmo com um inimigo." (Isaac Newton)


"Dez mil dificuldades não constituem uma dúvida." (Isaac Newton)


"Não sei o que possa parecer aos olhos do mundi, mas, aos meus, pareço apenas ter sido como um menino brincando à beira-mar, divertindo-me com o fato de encontrar, de vez em quando, um seixo mais liso ou uma concha mais bonita que o normal, enquanto o grande oceano da verdade permanece completamente por descobrir a minha frente." (Isaac Newton)


"Se fiz descobertar valiosas, foi mais por ter paciência do que qualquer outro talento." (Isaac Newton)


"Eu consigo calcular o movimento dos corpos celestiais, mas não a loucura das pessoas." (Isaac Newton)


"Nenhuma grande descoberta foi feita jamais sem um palpite ousado." (Isaac Newton)


"O que nós sabemos é uma gota, o que não sabemos é um oceano." (Isaac Newton)



quarta-feira, 18 de abril de 2018

CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE - escritora nigeriana




"Eu sou uma contadora de histórias e gostaria de contar a vocês algumas histórias pessoais sobre o que eu gosto de chamar 'o perigo de uma história única'.
Eu cresci num campus universitário no leste da Nigéria.
Minha mãe diz que eu comecei a ler com 2 anos, mas eu acho que 4 é provavelmente mais próximo da verdade.
Então, eu fui uma leitora precoce. E o que eu lua eram livros infantis britânicos e americanos.
Eu fui também uma escritora precoce.
E quando comecei a escrever, por volta dos 7 anos, histórias com ilustrações em giz de cera, que minha pobre mãe era obrigada a ler, eu escrevia exatamente os tipos de histórias que eu lia. Todas as minhas personagens eram brancas de olhos azuis. Eles brincavam na neve. Comiam maçãs. E eles falavam muito sobre o tempo, em como era maravilhoso o sol ter aparecido.
Agora, apesar do fato que eu morava na Nigéria... eu nunca havia estado fora da Nigéria. Nós não tínhamos neve, nós comíamos mangas. E nós nunca falávamos sobre o tempo porque não era necessário.
Minhas personagens, também, bebiam muita cerveja de gengibre porque as personagens dos livros britânicos que eu lia bebiam cerveja de gengibre.
Não importa que eu não tinha a mínima ideia do que era cerveja de gengibre.
E, por muitos anos depois, eu desejei, desesperadamente, experimentar cerveja de gengibre. Mas isso é uma outra história.
A meu ver, o que isso demonstra é como nós somos impressionáveis e vulneráveis face a uma história, principalmente quando somos crianças. Porque tudo que eu havia lido eram livros nos quais as personagens eram estrangeiras.
Eu convenci-me de que os livros, por sua própria natureza, tinham que ser estrangeiros e tinham que falar sobre coisas com as quais eu não poderia me identificar.
Bem, as coisas mudaram quando eu descobri livros africanos.
Não havia muitos disponíveis e eles não eram tão fáceis de encontrar quanto os livros estrangeiros, mas, devido escritores como Chinua Achebe e Camara Laye, eu passei por uma mudança mental em minha percepção da literatura.
Eu percebi que pessoas como eu, meninas com a pele da cor de chocolate, cujos cabelis crespos não poderiam formar rabos-de-cavalo, também podiam existir na literatura.
Eu comecei a escrever sobre coisas que eu reconhecia.
Bem, eu amava aqueles livros americanos e britânicos que eu lia. Eles mexiam com minha imaginação, me abriam novos mundos. Mas a consequência inesperada foi que eu não sabia que pessoas como eu poderiam existir na literatura.
Então, o que a descoberta dos escritores africanos fez por mim foi... Salvou-me de ter uma única história sobre o que os livros são.
Eu venho de uma família nigeriana convencional, de classe média. Meu pai era professor. Minha mãe, administradora. Então, nós tínhamos, como era normal, empregada doméstica, que frequentemente vinha das aldeias rurais próximas.
Então, quando eu fiz 8 anos, arranjamos um novo menino para a casa. Seu nome era Fide.
A única coisa que minha mãe nos disse sobre ele foi que sua família era muito pobre.
Minha mãe enviava inhames, arroz e nossas roupas usadas para sua família.
E quando eu não comia tudo no jantar, minha mãe dizia: 'Termine sua comida! Você não sabe que pessoas como a família de Fide não tem nada?'
Então, eu sentia uma enorme pena da família de Fide.
Então, em um sábado, nós fomis visitar a sua aldeia e sua mãe nos mostrou um cesto com um padrão lindo, feito de ráfia seca por seu irmão.
Eu fiquei atônita!
Nunca havia pensado que alguém em sua família pudesse, realmente, criar alguma coisa.
Tudo que eu tinha ouvido sobre eles eram como eram pobres, assim havia se tornado impossível, para mim, vê-los como alguma coisa além de pobres.
Sua pobreza era minha história única sobre eles.
Anos mais tarde, pensei nisso quando deixei a Nigéria para cursar universidade nos Estados Unidos.
Eu tinha 19 anos.
Minha colega de quarto americana ficou chocada comigo. Ela perguntou onde eu tinha aprendido a falar inglês tão bem e ficou confusa quando eu disse que, por acaso, a Nigéria tinha o inglês como sua língua oficial.
Ela perguntou se poderia ouvir o que ela chamou de minha 'música tribal' e, consequentemente, ficou muito desapontada quando eu pus para tocar minha fita da Mariah Carey.
Ela presumiu que eu não sabia como usar um fogão.
O que me impressionou foi que ela sentiu pena de mim, antes mesmo de ter me visto.
Sua posição para comigo, como uma africana, era um tipo de arrogância bem intencionada, piedade.
Minha colega de quarto tinha uma única história sobre a África. Uma única história de catástrofe. Nessa única história, não havia possibilidade de os africanos serem iguais a ela, de jeito nenhum.
Nenhuma possibilidade de sentimentos mais complexos do que piedade. Nenhuma possibilidade de uma conexão como humanos iguais.
Eu devo dizer que, antes de ir para os Estados Unidos, eu não me identificava, conscientemente, como uma africana. Mas nos EUA, sempre que o tema África surgia, as pessoas recorriam a mim. Não importava que eu não sabia nada sobre lugares como a Namíbia.
Mas eu acabei por abraçar essa nova identidade. E, de muitas maneiras, agora eu penso em mim mesmo como uma africana.
Entretanto, ainda fico um pouco irritada quando se referem à Áfrics como um país. O exemplo mais recente foi meu maravilhoso voo dos Lagos há 2 dias atrás, não fosse um anúncio de um voo da Virgin sobre o trabalho de caridade na 'Índia, África e outros países'.
Então, após ter passado vários anos nos EUA como africana, eu comecei a entender a reação de minha colega para comigo.
Se eu não tivesse crescido na Nigéria e se tudo o que eu conhecesse sobre a África viesse das imagens populares, eu também pensaria que a África era um lugar de lindas paisagens, lindos animais e pessoas incompreensíveis, lutando guerras sem sentido, morrendo de pobreza e AIDS, incapazes de falar por eles mesmos e esperando serem salvos por um estrangeiro branco e gentil.
Eu veria os africanos do mesmo jeito que eu, quando era criança, havia visto a família de Fide.
Eu acho que essa única história da África vem da literatura ocidental.
Então, aqui temos uma citação de um mercador londrino chamado John Locke, que navegou até o oeste da África em 1561 e manteve um fascinante relato de sua viagem.
Após referir-se aos negros africanos como 'bestas que não têm casas', ele escreve: 'Eles também são pessoas sem cabeças, que têm sua boca e olhos em seus seios.'
Eu rio todo vez que leio isso, e alguém devr admirar a imaginsção de John Locke.
Mas o que é importante sobre sua escrita é que ela representa o início de uma tradição africana de contar histórias no Ocidente. Uma tradicão da África Subsaariana como um lugar negativo, de diferenças, de escuridão, de pessoas que, nas palavras do maravilhoso poeta Rudyard Kipling, são 'metade demônio, metade criança'.
E então eu comecei a perceber que minha colega de quarto americana, deve ter, por toda sua vida, visto e ouvido diferente versões de uma única história.
Como um professor, que, uma vez, me disse que meu romance não era 'auenticamente africano'.
Bem, eu eatava completamente disposta a afirmar que havia uma série de coisas erradas com o romance, que ele havia falhado em vários lugares. Mas eu nunca teria imaginado que ele havia falhado em alcançar alguma coisa chamada autenticidade africana. Na verdade, eu não sabia o que era 'autenticidade africana'.
O professor me disse que minhas personagens se pareciam muito com ele, um homem educado de classe média.
Minhas personagens dirigiam carros, elas não estavam famintas. Por isso elas não eram auteticamente africanas. Mas eu devo, rapidamente, acrescentar que eu, também, sou culpada na questão da única história.
Alguns anos atrás, eu visitei o México saindo dos EUA. O clima político nos EUA àquela época era tenso. E havia debates sobre migração. E, como, frequentemente, acontece na América, imigração tornou-se sinônimo de mexicanos.
Havia históriaa infindáveis de mexicanos como pessoas que estavam espoliando o sistema de saúde, passando às escondidas pela fronteira, sendo presos na fronteira, esse tipo de coisa.
Eu me lembro de andar no meu primeiro dia por Guadalajara, vendo as pessias indo trabalhar, enrolando tortilhas no supermercado, fumando, rindo.
Eu me lembro que meu primeiro sentimento foi surpresa. E, então, eu fiquei oprimida pela vergonha. Eu percebi que eu havia estado tão imersa na cobertura da mídia sobre os mexicanos, que eles haviam se tornado uma coisa em minha mente: o imigrante abjeto.
Eu tinha assimilado a única história sobre os mexicanos e eu não podia estar mais envergonhada de mim mesma.
Então, é assim que se cria uma única história: mostre ao povo como uma coisa, coml somente uma coisa, repetidamente, e será o que eles se tornarão.
É impossível falar sobre única história sem falar de poder.
Há uma palavra, uma palavra da tribo Igbo, que eu lembro sempre que penso sobre as estruturas de poder do mundo, e a palavra é 'nkali'. É um substantivo que, livremente, se traduz: 'ser maior que o outro'.
Como nossos mundos econômico e político, histórias, também, são definidas pelo princípio do 'nkali'. Como são contadas, quem as conta, quando e quantas históricas são contadas, tudo, realmente, depende do poder.
Poder é a halidade de, não só contar a história de uma outra pessoa, mas de fazê-la a história definitiva daquela pessoa.
O poeta palestino Mourid Barghouti escreve: se você quiser destruir uma pessoa o jeito é começar em com 'em segundo lugat'.
Comece a uma história com flechas dos nativos americanos e não com a chegada dos britânicos, e você tem uma história totalmente diferente.
Comece a história com o fracasso do estado africano e não com a criação colonial do estado africano e você terá uma história totalmente diferente.
Recentemente, eu palestrei numa universidade onde um estudante disse-me que era uma vergonha que homens nigerianos fossem agressores físicos como a personagem do pai no meu romance.
Eu disse a ele que eu havia terminado de ler um romance chamado 'Psicopata Americano' e que era uma grande pena que jovens americanos fossem assassinos em série.
É óbvio que eu disse isso num leve ataque de irritação, mas nunca havia ocorrido pensar que, só porque eu havia lido um romance, no qual uma personagem era um assassino em série, que isso era, de alguma forma, representativo de todos os americanos.
E agora, isso não é porque eu sou uma pessoa melhor do que aquele estudante, mas, devido ao poder cultural e econômico da América, eu tinha muitas histórias sovre a América.
Eu tinha lido Tyler, Updike, Steinbeck e Gaitskill. Eu não tinha uma única história sobre a América.
Quando eu soube, alguns anos atrás, que escritores deveriam ter tido infâncias realmente infelizes para ter sucesso, eu comecei a pensar sobre como eu poderia inventar coisas horríveus que meus paus teriam feito comigo. Mas a verdade é que eu tive uma infância muito feliz, cheia de risos e amor, em uma família muito unida. Mas, também, tive avós que morreram em campos de refugiados. Meu primo Polle morreu porque não teve assistência médica adequada.
Um dis meus anigos mais próximos, Okoloma, morreu num acidente aéreo, porque nossos caminhões de bombeiro não tinham água.
Eu cresci sob governos militares repressivos que desvalorizavam a educação, então, por vezes, meus pais não recebiam seus salários.
E então, ainda criança, eu vi a geleia desaparecer do café da manhã, depois a margarina desapareceu, depois o pão tornou-se muito caro, depois o leite ficou racionado.
E, acima de tudo, um tipo de medo político normalizado invadiu nossas vidas.
Todas essas histórias fazem-me quem eu sou. Mas insistir somente nessas histórias negativas é superficializar minha experiência e negligenciar as muitas outras histórias que me formaram.
A única história cria estereótipo.
E o problema dos estereótipos não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos.
Eles fazem uma história tornar-se a única história.
Claro, África é um continente repleto de catástrofes.
Há as enormes, como as terríveis violações do Congo. E há as depressivas, cono o fato de 5.000 pessoas candidatarem-se a uma vaga de emprego na Nigéria.
Mas há outras histórias que não são sobre catástrofes. E é muito importante, é igualmente importante, falar sobre elas.
Eu sempre achei que era impossível relacionar-me, adequadamente, com um lugar ou uma pessoa, sem me relacionar com todas as histórias daquele lugar ou pessoa.
A consequência de uma única história é essa: ela rouba das pessoas sua dignidade.
Faz o reconhecimento de nossa humanidade compartilhada difícil.
Enfatiza como nós somos diferentes, ao invés de cono somos semelhantes.
E, se antes de minha viagem ao México, eu tivesse acompanhado os debates sobre imigração de ambos os lados, dos EUA e do México?
E se minha mãe tivesse-nos contado que a família de Fide era pobre e trabalhadora?
E se nós tivéssemos uma rede televisiva africana que transmitisse diversas histórias africanas para todo o mundo?
O que o escritor nigeriano Chinua Achebe chama 'um equilíbrio de histórias'.
E se minha colega de quarto soubesse do meu editor nigeriano, Mukta Bakaray, um homem que deixou seu trabalho em um banco, para seguir seu sonho e começar uma editora?
Bem, a sabedoria popular era que nigerianos não gostam de literatura.
Ele discordava. Ele sentiu que pessoas que podiam ler leriam se a literatura se tornasse acessível e disponível para eles.
Logo após ele publicar meu primeiro romance, eu fui a uma estação de TV em Lagos, para uma entrevista. E uma mulher que trabalhava lá como mensageira veio a mim e disse: 'Eu, realmente, gostei do seu romance, mas não gostei do final. Agora, você tem que escrevee uma sequência, e isso é o que vai acontecer ...'
E continou a me dizer o que escrever na sequência.
Agora, eu não estava aoenas encantada, eu estava comovida.
Ali, estava uma mulher, parte das massaa comuns de nigerianos, que não se supunham ser leitores.
Ela não havia só lido o livro, mas ela havia se apossado delee sentia-se no direito de me dizer o que escrever na sequência.
Agora, se minha colega de quarto soubesse de minha amiga Fumi Onda, uma mulher destemida que apresenta um show de TV em Lagos, e que eatá determinada a contar as histórias que nós oreferinos esquecer?
E se minha colega de quarto soubesse sobre cirurgia cardíaca que foi realizada no hospital de Lagos na semana passada?
E se minha colega de quarto soubesse sobre a música nigeriana contemporânea?
Pessoas talentosas cantando em inglês e Pidgin e Igbo e Yorubá e Ijo, misturando influências de Jay-Z a Fela, de Bob Marley a seus avós?
E se minha colega de quarto soubesse sobre a advogada que, recentemente, foi ao Tribunal da Nigéria, para desafiar uma lei ridícula, que exigia que as mulheres tivessem o consentimento de seus maridos antes de renovarem seus passaportes?
E se minha colega de quarto soubesse sobre Nollywood, cheia de pessoas inovadoras fazendo filmes, apesar de grandes questões técnicas? Filmes tão populares que são, realmente, os melhores exemplos de que nigerianos consomem o que produzem.
E se minha colega de quarto soubesse da minha maravilhosamente ambiciosa trançadora de cabelos, que acabou de começar seu próprio negócio de vendas de extensões de cabelos?
Ou sobre os milhões de outros nigerianos que começam negócios e, às vezes, fracassam, mas continuam a fomentar ambição?
Toda vez que estou em casa, sou confrontada com as fontes comuns de iritação da maioria dos nigerianos: nossa infra-estrutura fracassada, nosso governo falho. Mas, também, pela incrível resistência do povo que prospera apesar do governo, ao invés de devido a ele.
Eu ensino em workshops de escrita em Lagos, todo verão. E é extraordinário pra mim ver quantas pessoas se inscrevem, quantad pessoas estão ansiosas por escrever, por contar histórias.
Meu editor nigeriano e eu começamos uma ONG chamada Farafina Trust. E nós temos grandes sonhos de construir bibliotecas e recuperar bibliotecas que já existem e fornecer livros para escolas estaduais que não têm nada em suad bibliotecas, e, também, organizar muitos e muitos workshops de leitura e escrita, para todas as pessoas que estão ansiosas para contar nossas muitas histórias.
Histórias importam. Muitas histórias importam.
Histórias tem sidi usadas para expropriar e tornar maligno. Mas histórias podem, também, ser usadas para empoderar e humanizar.
Histórias podem destruir a dignidade de um povo, mas histórias, também, podem reparar essa dignidade perdida.
A escritors americana Alice Walker escreveu isso sobre seus parentes do sul, que se haviam mudado para o norte. Ela os aoresentou a um livro sobrea vida sulista que eles tinham deixado para trás.
'Eles sentaram-ss em volta, lendo o livro por si próprios, ouvindo-me ler o livro e um tipo de paraíso foi reconquistado.'
Eu gostaria de finalizar com esse pensamento: 'Quando nós rejeitamos uma única história, quando percebemos que nunca há apenas uma história sobre nenhum lugar, nos reconquistamos um tipo de paraíso.
Grata." (Chiamamanda Adichie, em Palestra TED, julho2009)

segunda-feira, 16 de abril de 2018

ALEXANDER SUTHERLAND NEILL





GALILEU GALILEI - físico





RENÉ DESCARTES - filósofo



Descartes, "Cartesius" em latim.


"O bom senso é o que existe de melhor dividido no mundo, pois cada um ss julga tão bem dotado dele que ainda os mais difíceis de terem satisfeitos em outras coisas não costumam querê-lo mais do que têm." ("O discurso sobre o método", René Descartes)

"As maiores almas estão capacitadas aos maiores vícios como às maiores virtudes." ("O discurso sobre o método", René Descartes)

"Nem por isso menosprezei os exercícios com que nos entretínhamos na escola, e sabia que as línguas que aprendíamos são precisas para o conhecimento dos livros antigos; que a ingenuidade das fábulas desperta o espírito; que as ações grandiosas da História o elevam, e, lidas com discrição, auxiliam na formação do critério; que a leitura dos bons livros é o mesmo que conversar com as pessoas mais honestas dos séculos passados, com os seus autores, também uma palestra estudada em que estes nos apresentam os seus mais elevados pensamentos; que a eloquência possui forças e belezas incomparáveis; a poesia possui finezas e doçuras que fascinam; as matemáticas têm invenções sutilíssimas e servirão de muito, não apenas para satisfazer os curiosos como para tornar mais fáceis todas as artes e diminuir o trabalho dos homens; os escritos que cuidam dos costumes trazem muitos ensinos e exortações realmente úteis à virtude; a teologia ensina a maneira de alcançar o céu; a filosofia faculta-nos o meio de discorrer de modo verossímel a respeito de todas as coisas e fazer-se admirar pelos que não são tão esclarecidos; a jurisprudência, a medicina e as demais ciências dão honras e riquezas aos que as cultivam; e, por fim, é conveniente examiná-las todas ainda as mais supersticiosas e as mais falsas, para conhecê-las em seu exato valor e evitar enganos." ("O discurso sobre o método", René Descartes)

"A simples opinião de libertar-se de todas as opiniões já aceitas não é um exemplo que devam todos seguir." ("O discurso sobre o método", René Descartes)

Filme:

"Descartes" de Roberto Rosselink - em italiano, podendo ativar legenda em português:

GIORDANO BRUNO - padre




MARIA MONTESSORI - educadora, médica, pedagoga

Maria Montessori (Itália, 31/08/1870 - 06/05/1952). Viveu 82 anos.




"A primeira ideia que uma criança precisa ter é a da diferença entre o bem e o mal. E a prinvipal função do educador é cuidar para que ela não confunda o bem com a passividade e o mal com a atividade." (Maria Montessori)



"A preparação que nosso método exige do professor é o auto-exame, a renúncia à tirania. Deve expelir do coração a ira e o orgulho, deve saber hunilhar-se e revestir-se de caridade. Estas são as disposições que seu espírito deve adquirir, a base da balança, o indispensável ponto de apoio para seu equilíbrio. Nisso consiste a preparação interior: o ponto de partida e a meta." (Maria Montessori)



"A paz não escraviza o homem, pelo contrário, ela o exalta. Não o humilha, muito ao contrário, ela o torna consciente de seu poder no universo. E porque está baseada na natureza humana, ela é um princípio universal e constante que vale para todo ser humano. É esse princípio que deve ser nosso guia na elaboração de uma ciência da paz e na educação dos homens para a paz." (Maria Montessori)



"Ajude-me a crescer, mas me deixe ser eu mesmo." (Maria Montessori)



"A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir." (Maria Montessori)



"Para nós, as crianças revelaram que disciplina é resultado somente de um desenvolvimento completo, do funcionamento mental auxiliado pela atividade manual." (Maria Montessori)



"A criança ama tocar os objetos, para, depois, reconhecê-los." (Maria Montessori)


"A inteligência da criança observa amando e não com indiferença, isso é o que faz ver o invisível." (Maria Montessori)

"De todas as coisas, o amor é o mais potente." (Maria Montessori)


"Nenhum problema social é tão universal como a opressão de uma criança." (Maria Montessori)


"Prevenir a guerra é função dos políticos, estabelecer a paz é função dos educador." (Maria Montessori)


"Respeite todas as formas razoáveis de atividade na qual a criança se engaja e tente compreendê-la." (Maria Montessori)


"A essência da independência é ser caoaz de fazer algo por si mesmo." (Maria Montessori)

„A preparação que nosso método exige do professor é o auto-exame, a renúncia à tirania. Deve expelir do coração a ira e o orgulho, deve saber humilhar-se e revestir-se de caridade. Estas são as disposições que seu espírito deve adquiriri, a base da balança, o indispensável ponto de apoio para seu equilíbrio. Nisso consiste a preparação interior: o ponto de partida e a meta.“





SIGMUND FREUD - médico psiquiatra, psicanalista



Sigmundo Schlomo Freud nasceu na cidade de Freiberg, na Morávia em 06/05/1856 - 23/09/1939)


"Eu comecei a minha atividade profissional tentando trazer alívio aos meus pacientes neuróticos.
Fiz a importantes descobertas. Descobri alguns fatos importantes sobre o inconsciente." (Sigmund Freud)

"As pessoas não acreditaram nesses fatos e acharam minhas teorias moralmente ofensivas.
No fim, eu prevaleci, mas a batalha ainda não acabou." (Sigmund Freud)

Paciente Anna O. : "tratamento pela palavra."

"Um homem como eu não podd viver sem uma mania. Uma paixão devoradora, um talento. E eu descobri meu talento e é o trabalho. Eu não tenho limites. Meu talento é a psicologia." (Sigmund Freud)

"Alguns tristes segredos da vida estão sendo rastreados à suas origens. Atualmente, vivencio coisas que, como um terceiro, testemunhei em meus pacientes.
Há dias em que penso nisso como depressão, pois ainda não entendo nada sobre os sonhos, fantasias ou estado de ânimo.
E há outros dias em que um lampejo traz a coerência."

"O destino dele [Édipo] nos comove porque poderia ter sido o nosso. É o destino de todos nós, talvez dirigir o primeiro impulso sexual para nossa mãe e o primeiro ódio e desejo de morte contra nosso pai. Nossos sonhos nos convencem de que é assim."(Sigmung Freud)

"A psicanálise não era mais o produto de alucinação. Tinha se tornado uma parte valiosa da realidade." (Sigmund Freud)

Eros: pulsão de vida.
Tanatos: pulsão de morte.

Mulheres: "continente obscuro".




ANNA FREUD






BRONISLAW KASPER MALINOWSKI - antropólogo polaco




ALBERT EINSTEIN - físico




UMBERTO ECO





“As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel” (Umberto Eco)

domingo, 15 de abril de 2018

HERBERT VIANNA - compositor, músico




"Quando está escuro
E ninguém te ouve
Quando chega a noite
E você pode chorar
Há ums luz no túnel
Dos desesperados
Há um cais de porto
Pra quem precida chegar
Eu tô na lanterna
Dos afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar"
(Herbert Vianna)

HILDA HILST - poeta brasileira


Hilda Hilst foi vencedora do 26o. Prêmio Jabuti, em 1984, na categoria Poesia, com a obra "Cantares de Perda e Predileção".
Foi vencedora do 36o. Prêmio Jabuti, em 1994, na categoria Contos/Crônicas/Novelas, com a obr "Rutilo Nada".



"A pessoa não pode pensar em português. É bom pensar em inglês, em alemão, as pessoas aceitam. Em português, você pensar é uma coisa horrível, os editores odeiam, te cospem na cara." (Hilda Hilst, entrevista para TVCultura em 1990).

sexta-feira, 13 de abril de 2018

MARIELLE FRANCO - vereadora brasileira do PSOL

Imagem de divulgação


"Diversidade, mas em suma, resistência.
Inclusive, nesse momento, onde a democracia se coloca frágil, aonde se questiona se vai ter processo eleitoral ou não, aonde a gente vê todos os escândalos com relação ao Parlamento, falar das outras mulheres que lutam pela outra forma de fazer política num processo democrático é fundamental.

Inclusive, em tempos onde a justificativa da crise... (inaudível) obrigada, aonde a justificativa da crise na precarização, a dificuldade da vida das mulheres, é apresentada, mas com muita dificuldade real.

O tempo da escola, onde é que estão as vagas da creche que foi apresentada pelo Prefeito Marcelo Crivella, que iria ser ampliada, aumentada?

Aonde estão as educadoras e os educadores que não foram chamados ainda nos concursos?

Como ficam as crianças nesse período de intervenção ... enfim.

Não vem me interromper agora, né?
Mais homem fazendo 'homisse', meu Deus do céu... (recebe uma rosa de um homem) obrigada Ítalo, obrigada, amém, obrigada.

Obrigada aos vereadores, como falei antes e falo na Fiocruz no dia de hoje, as rotas da resistência nascem do asfalto. A gente recebe rosa, mas a gente vai estar com punho cerrado, também, e falando do nosso lugar de vida e de resistência contra os mandos e desmandos que afetam as nossas vidas.

Até porque não é uma questão do momento atual e, Vereador, na última semana em que falava sobre processo de violência sofrida pelas mulheres no carnaval, me questionava da onde eu tirava os dados apresentados.

As mulheres quando saem as ruas na manifestação, 08 de março, daqui a pouco, na Candelária, fazem porque, entre 83 países, o Brasil é o sétimo mais violento. E aí, volto a repetir, dados da Organização Mundial de Saúde.

Esse quadro segue piorando, aumentando, 6,5 no último ano, por dia, são 12 mulheres assassinadas no Brasil. O último dado, que a gente tem no Estado do Rio de Janeiro, figuram de 13 estupros por dia.

[Alguém grita na plateia: "Viva Ustra!"]

Essa é a relação com a violência contra as mulheres.

A gente tem um senhor que está defendendo a ditadura e falando alguma coisa contrária a isso?!

Eu peço que a presidência da Casa, no caso de maiores manifestações que venham atrapalhar a minha fala, assim proceda como a gente faz quando a tribuna interrompe qualquer vereador.

Não serei interrompida!
Não aturo interrompimento dos vereadores desta Casa, não aturarei de um cidadão que vem aqui e não sabe ouvir a posição de uma mulher eleita!
Presidente da Comissão (inaudível) da Casa.

[Pressidência pronuncia-se]

Obrigada. Não, imagina.

[Presidência pronuncia-se determinando que os seguranças fiquem atentos a tais peeturbações]

Obrigada Presidenta Tânia, até porque sabemos que, infelizmente, eses casos não será a última, nem a primeira vez, mas o empate para quem vem da favela, e minha fala está falando da violência contra as mulheres nesses 20 minutos, nós somos violadas e violentadas há muito tempo e em muitos momentos.

Nesse período, por exemplo, onde a intervenção federal se concretiza na intervenção militar, eu quero saber como ficam as mães e familiares das crianças revistadas.

Como que ficam as médicas que não podem trabalhar nos postos de saúde. Como que ficam as mulheres que não têm acesso à cidade.

Essas mulheres são muitas. São mulheres negras, mulheres lésbicas, mulheres trans, mulheres camponesas, mulheres que constrõem esta cidade, aonde diversos relatórios, querendo os senhores ou não, apresentam a centralidade e a força dessas mulheres, mas apresentam, também, os números como o (inaudível) do dossiê de Lesbocídio, que, no ano de 2017, houve uma lésbica assassinada por semana.

Lesbocídio é um conceito que as mulheres lésbicas estão cunhando, assim como nós avançamos no debate com relação ao homicídio impetrado por mulheres que constituiam o feminicídio, dados que mostram a realidade absurda, mas que, sim, vitima a nossa diversidade.

As mulheres negras, por exemplo, quando passam na rua, ainda tem homem que tem a ousadia de falar do quadril largo, da bunda grande, do corpo como se a gente estivesse no período de escravidão.

Não estamos, querido.
Nós estamos no processo democrático. Vai ter que aturar mulher negra, trans, lésbica, ocupando a diversidade dos espaços.

(Inaudível), por exemplo, faz alusão ao militarismo, tem a audácia de vim querer gritar no processo da República Democrática hoje.

Nós rejeitamos, nesta Casa, o que poderia ser o processo de armamento. Outros municípios negaram.

Não tem eco o lugar aonde, nem a Polícia Militar está hoje preparada para utilizar arma de fogo e, para contextualizar, alguém viu o que aconteceu na Praça São Salvador ontem?
Pois é.

Felizmente, os guardas municipais que estavam lá, que não estavam armados, correram para se proteger assim como todos os outros cidadãos.

Porque se ali tivesse sacado arma de fogo, certamente, teriam sido assassinados e perderíamos mais vidas dos servidores públicos da Cidade do Rio de Janeiro.

É por isso que homens e mulheres que pensam no processo democrático são contrários ao que pode vitimar ainda mais a nós, população da Cidade do Rio de Janeiro, contrário a esse argumento.

Em termos de violência, de negação de direitos, mais armas vai ser retiradas de direito.

A condição, a saída são condições dignas de trabalho pra esses trabalhadores e trabalhadoras.

E por essas e outros e vários motivos que a gente defende, sim, a presença de mais mulheres.

Queria saudar a presença da Vereadora Rosa Fernandes, uma referência, por mais que tenhamos divergências, diferenças de partido, é uma mulher que me acolheu, recebe, trata com o respeito devido.

A Vereadora Tânia Bastos falou novamente, fico feliz (inaudível) mulheres na luta.

O movimento que nós fizemos com mais mulheres no espaço de decisão é pra que as políticas públicas entendam porquê de um vagão necessário em tempos de assédio. É pra quê nós possamos falar de mobilidade a partir da perspectiva de gênero. É pra quê a gente possa falar de economia solidária.

Saudadas da Edjane, da Cristina, da Juliana, da Simone, das mulheres que aqui estão, da Renata Stuart, enfim, do meu corpo de assessoria, das mulheres que constrõem esse mandado, elaboram essa política bo afeto.

É, todas elas, Naldo. O mandato é composto, não só, elas não são todas elas da equipe, mas o mandato é composto 80% de mulheres, porque a gente entende que o lema de que a gente fala de que 'uma mulher sobe puxa a outra' precisa ser concretizado.

Uma escritora que eu gosto muito chamada Yogananda fala que só vai ser alterado se as mulheres que estão no espaço de poder, de fato, trouxerem, derem o pé, abraçarem, acolherem, construírem com outras mulheres.

Se esse Parlamento é formado apenas por 10, 3% de mulheres, nós somos a maioria na rua. E sendo a maioria na rua somos forças exigindo dignidade e o respeito das identidades aonde, infelizmente, o que está colocado aí nos vitima ainda mais.

O lema desse ano que daqui a pouco estaremos na Candelária, um dos lemas do que a gente coloca, sim, de valorização da vida das mulheres é quando as mulheres internacionalistas falam 'pára' na greve internacional; é quando mulheres falam, sim, nós somos diversas, mas a gente não está dispersa, não.

A gente está construindo uma sociedade que, de fato, sendo a base da pirâmide, constrói essa cidade, assim como construiu a Maestrina Chiquinha Gonzaga que, daqui a pouco, no final do dia, nós estaremos, aqui, felicitando homens; nós, homens; nós, os parlamentares, nós, mulheres; estaremos feicitando, aqui, com a medalha Chiquinha Gonzaga, a Dida, que é uma mulher que faz política com afeto, gastronomia, que organiza o lugar de resistência na Praça da Bandeira, aonde esse lugar das mulheres negras potente de encontro, com a Dida, pára.

E pra encerrar, eu gostaria de reforçar e dizer, das mulheres negras que são nossas referências, de citar a Audre Lorde, que é uma mulher negra, lésbica, escritora caribenha, com origem caribenha, mas dos Estados Unidos, feminista e ativista pelos direitos civis:
'Eu não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes delas sejam diferentes das minhas.'

Por isso, nós vamos juntas lutando contra toda a forma de opressão. Tem uma diversidade de luta, na pauta pela vida das mulheres, na pauta pela legalização do aborto, na pauta pela luta das maternidades, da cultura, do empreendedorismo, das mulheres da Zona Oeste, e, acho que é fundamental agradecer, nesse final, nominalmente, a Elaine, a Júlia, Vitória, Mônica, Fernanda, a Fabíola, Mariana, Alana, Lussana, a Priscila, Renata, Iara, Bruna, Rogéria, Natália e Luna.
As mulheres que constrõem esse história, que estão junto comigo.

[Presidência manifesta-se]

Quero agradecer a Vereadora Tânia Bastos."

[Coro de mulheres na tribuna: 'Nenhuma a menos, juntas venceremos!'
A nossa luta é todo dia, porque mulher é maioria!']"

(Marielle Franco, em discurso na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, no Dia das Mulheres, 08/03/2018, último antes de seu falecimento.)

(Obs.: Transcrição pelo blog "inscrituras.blogspot.com" de áudio do discurso, conforme proferido "ipsis literis". Os trechos/palavras inaudíveis se deram em decorrência do barulho na tribuna.)

HENRI BERGSON - filósofo e diplomata francês