"Quincas Borba", obra literária de Machado de Assis, é uma produção do gênero romance, de narrativa longa, cuja escola literária é o Realismo e apresenta narrador em terceira pessoa, onisciente.
O espaço onde ocorre a narrativa é a cidade de Barbacena/MG, e a maior parte na Corte, Rio de Janeiro, a segunda parte no século XIX. A obra foi publicada de 1886 a 1891 em folhetim. Os trechos foram reunidos e publicados como livro em 1982.
Enredo
A história começa no meio da narrativa que é contada, em digressão ao que já aconteceu e está sendo recordado.
Rubião rico, olha pela janela, na Corte, rememorando como passou de professor humilde a capitalista rico, como chegou até ali.
Assim emerge o passado de Rubião e sua relação com Quincas Borba, o filósofo ateu, muito rico, que recebeu uma herança (o que se remete à personagem Quincas de "Memórias póstumas de Brás Cubas"), filósofo que volta para Barbacena/MG, aproxima-se se viúva Maria da Piedade, irmã de Rubião.
Rubião percebe o interesse de Quincas por sua irmã e pensa no dinheiro que poderia entrar para a família, e pretende casá-la com ele. Maria da Piedade morre por problema no pulmão.
Quincas fica mal, doente. Rubião aproxima-se de Quincas e passa e cuidar dele, como um acompanhante, enfermeiro. Ele deixa de dar aulas, por estar interessado em parte na herança.
Quincas Borba tem um cachorro, chamado pelo mesmo nome Quincas Borba. Borba chama Rubião e fala sobre a teoria do Humanitismo, sobre as coisas continuarem umas nas outras, de acordo com o princípio da eternidade da vida. O Humanitismo é similar à teoria da evolução darwiniana, que diz que só os mais aptos sobrevivem. E a substância de onde saem e para onde vão todas as coisas é chamada de Humanitas.
Rubião passa a achar o cachorro empecilho, rival, concorrente, pela atenção do "amigo".
Em conformidade com o Humanitas, o princípio da Vida está presente em tudo. Quincas explica a tese fazendo alegoria do campo de batatas. Se há duas tribos famintas disputando um campo de batatas e fosse dividido, as duas morreriam, assim, é necessário que uma vença e elimine a outra, fica com o campo e sobreviva. "Ao vencedor as batatas; ao vencido, o ódio ou compaixão".
Trata da luta entre os homens, em um elogio a guerra, a morte. Rubião não entende esse sentido teórico.
Quincas vai Rio de Janeoro encontrar o amigo Brás (subentende-se Brás Cubas) e, lá, Quincas morre.
Abre-se o testamento de Quincas. Rubião é o herdeiro universal da herança, com a condição de cuidar do cão Quincas como se fisse o próprio filósofo. Rubião, que já havia se desfeito do cachorro, vai buscá-lo contente.
Rubião fica milionário vai para Corte no Rio. No trem, Rubião conhece o casal Palha, Cristiano e Sofia. Eles percebem que Rubião é um matuto rico e se oferecem para ajudá-lo na Corte, na administração dos bens, com patrimônio, por interesses escusos.
Rubião, encantado pelo casal, principalmente por Sofia, aceita o auxílio para adquirir bens etc. Reune "amigos" para refeições, festas. Não tem controle sobre os gastos, é um perdulário.
Afeiçoa-se mais a Sofia, apaixona-se por ela. Ela manda uma caixa com morangos a ele convidando-o para jantar. Ele acredita que há interesse dela por ele, em virtude dessa iniciativa. Rubião vai à casa do casal, declara seu amor a Sofia, primeiramente, de maneira sutil, romanesca. Após, segura a mão dela. Ela estranha e revelavo ocorrido ao marido. Cristiano não recomenda que se indispusesse com Rubião, que não cortasse relações com ele, pelas pendências e dívidas com ele.
Rubião continua apaixonado. Mantém relações com figuras da cidade, com Camacho, um advogado bem politiqueiro, que quer manter o Jornal Atalaia.
Depois de se afastar e pensar em voltar a Minas Gerais após a recusa inicial de Sofia, volta ao convívio com o casal.
Surge Maria Augusta e Maria Benedita, tia e prima de Quincas.
Também, aparece Carlos Maria, primo de Sofia, por quem ela tem interesse. Revela-se, então, que ela se mantevee infiel ao marido quando recusou Rubião, porque gosta de outro e nao pelo marido em si, pela fidelidade. Não é virtuosa.
O amor não correspondido de Rubiào começa a levá-lo à loucura.
Sofia e Cristiano pretendem acolher Maria Benedita, morta a tia Maria Augusta, para casar a menina com Rubião. Porém Maria Benedita casa-se com Carlos Maria. Sofia não gosta, mas nao manifesta, permanecendo sutil.
Rubião apresenta, cada vez mais, complexo de grandeza, megalomania, sinais de loucura, fazendo com que o dinheiro acabasse. Os amigos somem, Palha interna-o em casa saúde. Rubião foge e volta a Barbacena, junto com cão. Fica enfermo, delirante, andando na chuva, perambulando pelas ruas da cidade mineira.
É acolhido pela Comadre Angélica. Rubião morre e paira a famigerada expressão: "Ao vencedor, as batatas".
Poucos dias depois, morre o cachorro Quincas abandonado nas ruas.
Características:
Machado de Assis tem características de pessimismo, ceticismo x ironia, humor.
Escreve com objetividade, frases curtas.
Há metalinguagem, em que o narrador conversa com o leitor.
Há Intertextualidade: Quincas aparece em "Memórias Póstumas de Brás Cubas".
O Quincas de "Memórias Póstumas" seria o mesmo que aparece em "QuincasBorba", sendo o primeiro spin off da Literatura, a personagem que sai de uma série e aparece em outra.
Ingenuidade x sagacidade (casal Palha sagaz). Todas as personagens são sagazes, mantém e vivem de aparências, falsidade, nao revelam o que querem. Rubião é ingênuo e interesseiro, oportunista. O casal Palha. Nunca revelam as intenções (intenção verdadeira é redundância, pois não há intenção falsa, a intenção é o propósito, que pode ser bom ou mau, claro ou omitido, ambos verdadeiros.
Painel critico sociedade carioca: homem interesse e falsidade do homem, desde o tempo à época ate hunanudade como um todo.
Tema loucura do filósofo quincas e de Rubião, que termina o livro acreditando-ser napoleao, grandeza
Humanitismo, pode ser lida como paródia das filosofias sa épica, traz ionia e critica ao ser hunano, para manter se vivo, oprime, mata semelhantes.
O título da obra refere-se ao filosófo e cachorro, ambos. O cachorro Quincas segue com Rubiåo ao longo de toda a narrativa e e morre quase mesmo tempo que ele.
Rubião e o cão são o resumo do Humanitas, ao vencedor, as batatas, a riqueza, o dinheiro; ao vencido, o ódio, a compaixão.?????
Ainda, pode se fazer uma leitura de que o vencedor de um jogo de interesses não recebe nada de valor humano, nada que o faca crescer, evoluir, agregar como ser humano, mas, apenas meras batatas. Ou seja, a recompensa do vencedor de lutas inúteis, que não exercitam nenhuma virtudes, movidas por sentimentos e desejos rasos e medíocres, não são vitórias legítimas, dignas, mas sem valor humano algum, são só batatas.
"Dom Quixote" ou "O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha" é um romance moderno, inspirado nas novelas de cavalaria, escrito no século XVII, por Miguel de Cervantes de Saavedra.
É um clássico da literatura universal. Apresenta um desafio para o leitor em razão da complexidade da obra.
Cervantes informa que a obra será dividida em duas partes, porém a publicação da segunda não é clara. A primeira parte é publicada em 1605.
Em 1613, Cervantes publica "Novelas exemplares", uma coleção de 12, em cujo prólogo anuncia que, em breve, será lançada a segunda parte, que, em tese, surgiria em 1615.
Entretanto, em 1614, há uma "falsa continuição", assinada pelo pseudônimo Avellaneda.
Miguel de Cervantes
Miguel de Cervantes nasceu em Alcalá de Henares, Madrid, Espanha, em 1547, faleceu em 1616. Era, provavelmente, de origem paterna judia, passou por problemas econômicos. Não deixou escritos sobre sua vida, exceto os ficcionais, o que torna sua biografia obscura.
Primeira obra, "A Galatea", foi publicada em 1581.
Teve uma vida marcada pela guerra. Era responsável por arrecadação de impostos, o banco quebrou, foi preso.
Reflete sobre todas as questões do cotidiano.
A obra
A personagem de Quixote é um senhor de idade, pouco abastado, ao contrário do que se esperaria de um cavaleiro de história épica.
Cervantes conviveu com a miséria humana, traz o significado da guerra na obra.
A escolha do cavalo Rocinante, um pangaré, é proposital, bem como a do escudeiro gordo e baixo.
Quixote apresenta ideias extravagantes, apaixona-se por uma mulher feia, fedida (cuida de porcos).
Os igredientes típicos de um fanfarão, mas constrói um louco com dignidade. Obversando a imagem de Picasso que retrara Quixote é algo elegante.
Dom Quixote por Pablo Picasso
1955
Na primeira parte, Dom Quixote prepara-se para ser um cavaleiro como das novelas que lia. Cria todas as condições para tanto: um cavalo, Rocinante, uma amada a quem dedicar suas façanhas, Dulcinéa Del Toboso? um fiel escudeiro, Sancho Pança.
#@@@Sai à cavalo, passa por estalagem (na verdade, um bordéu), onde é batizado como cavaleiro.
Um senhor castelão diz que deve andar com algum dinheiro e ter um escudeiro.###
Na segunda parte, Sancho quer conversar com Quixote sobre o encontro com o estudante de Salamanca, um bacharel Sansão Carrasco, que leu a primeira parte do livro.
A segunda parte apresenta o mesmo ciclo de aventuras. E, apesar dos 10 anos, há uma continuidade harmônica, não há quebra, ruptura entre as formas discursivas das quais se utiliza.
O leitor é tido como personagem e se submete às consequências dessa leitura para as próprias persoba
A relação de Dom Quixote com Dulcinéa é elemento fundamental na cavalaria. O encontro não corresponde ao que ele imaginou dela, que não passava de uma lavradora feia e de mau cheiro, Aldonza.
Dq louco na acao, mas nao na fala. Incute sensatez na faka de um louco.
Grande dialgo entre dq e sancho.
Personagens todos com muita humanidade.
À época, ocorria o Concílio de Trento (1545-1563, 19o concílio ecumênico da Igreja Católica no Vaticano), que investigava o abuso da igreja. Cervantes pretendia criticar o clero e moralizar os costumes, buscar a justiça.
Faz crítica com o deslumbre pelo poder. Preocupação com as questões políticas. E um bom político deveria ser justo, para isso, exercer virtudes.
Na época, não havia um estado nacional organizado que pautasse a conduta dos homens. Havia a consciência de cada um na defesa do bem comum.
Todo sentido da busca da justiça, do ideário de justiça é tributário da consciência e do livre arbítrio.
Quixote é uma personagem que pratica "loucura", mas pondera, nas circunstâncias, o ideal, a virtude plena, e como isso será empregado na prática. Sancho é o interlocutor que intermedia esse lugar.
A obra do século XVII deve ser analisada sob o mundo que Quixote vivia, a análise da consciência dos homens, a difundisão da justiça em cada circunstâncias.
A obra possibilita várias leituras, não há um significado fixo, é uma obra aberta como as de alto quilate. Cada parte da obra irá revelar uma virtude.
A dificuldade em separar o sonho da realidade é trazida nas cenas narradas. O ser humano é complexo. A obra trata de construção e desconstrução de fantasias, como passar da realidade para o sonho e vice-versa.
Ora Quixote é o realista, ora Sancho. Da mesma maneira como sonhador. E fazer uma boa leitura entre essa transição fantasia e realidade leva a pessoa a adquirir habilidades e competências que facilitam a vivência humana.
Somente embarcamos no sonho, se ele repercutir dentro de nós. Caso contrário, vivenciamos outra realidade que não é tocada pela expectativa do sonho. Desmontar os esquemas automáticos que criados cotidianamente.
A vrtude se dá por meio do diálogo, dialogicamente, por isso a presença de duas pessoas sempre dialogando.
Quixote cai e se arrebenta, tal como na vida. Ele cai, mas mantém seus valores, continua a acreditar no que acredita (perseverança).
A justiça está em si mesma. Hoje, ninguém se responsabiliza pelo ato, a justiça de foro íntimo, mas era extrínseca ao indivíduo. Na obra, todas as pessoas responsabilizam-se pelos seus atos. Não há lei, a lei é divina. As pessoas agem em conformidade com suas consciências.
A crítica é consigo mesmo (o autor, o homem de letras), em primeiro lugar, observar e reconhecer o erro de cada um, e não apontar o erro do outro.
A loucura de Quixote é do homem que vê, que é prudente dos desafios da vida.
Sancho brinca com a doidisse de seu amo. Existia o conceito de equidade à época, hierarquia social, mas os interlocutores em patamares diferentes acatam argumentos um do outro, ainda que Sancho estivesse com razão. Não há autoritarismo.
A morte de Quixote teve como finalidade que não fossem escritas continuações por outros autores.
Diz-se que a morte de Quixote é a morte da utopia, embora não seja viável que o humano viva sem sonhar.
Quixote, ao final, pede perdão a Sancho, pelas suas doidisses. Sancho gostaria que Quixote continuasse sonhando, em inversão de papéis.
A circunstância colocada obrigada as personagens a tomar atitude. A experiência de cada personagem compele a pessoa a exercer a virtude que resolveria o problema ou não.
Não é dado o conceito pronto, mas que se faça emergir na experiência, na prática. A história vai sendo construída desse modo.
O homem é capaz de encontrar solução justa, porque é infusa nele.
No diálogo final, o legado deixado por Quixote, naquele universo cristão, é aconselhar bem a quem te faz mal.
Apontamentos
Capítulo 1 - O sonho de um homem Virtude:
Alonso Quijano, onde morava, lia livros de cavalaria. Descuidou fortuna, terras, para comprar livros. Passou a acreditar nas histórias de encantamentos, batalhas, desafios lutas com gigantes, endoidou. Conversava sobre o assunto com o Padre e Sansão Carrasco.
Decidiu tornar-se um cavaleiro andandante, para impressionar o mundo com suas façanhas, impondo jprotegendo os mais fracos e coroando-se de glórias.
Limpou armas de seus bisavôs. Faltava a viseira. Preparou uma de papelão, depois com fios de ferro.
Cavalo magro, embora parecia-lhe ideal, Rocinante.
Levou 8 dias para si, Dom Quixote acrescido do lugar de origem, de La Mancha.
Providenciou uma dama a quem pudesse atribuir seus serviços e oferecer sua afeição, afinal, cavaleiro andante sem amor era como errante sem alma. Aldonza Lorenzo da aldeia vizinha de Toboso. Batizou-a de Dulcineia Del atoboso.
Saiu aos campos.
Percebeu que não havia sido nomeado cavaleiro.
Encontrou um albergue com duas moças de aspecto vulgar à porta.
Capîtulo 2 - Um castelão e duas nobres damas.
As duas jovens íam para Sevilha, mas Quixote via o modesto albergue como castelo rodoado por 4 torres, com campanários de prata, fossos ao redor e uma ponte elevadiça.
As mulheres riram dele. Surgiu o castelão, com quem deixou Rocinante.
Não deixou que tocassem o elmo (viseira de papelão).
Serviram-se bacalhau mal cozido e pão preto mofado. As mulheres ajudavam-no comer.
Tirou seu elmo e pediu ao estalageiro que o acompanhasse até estrebaria para que o tornasse um cavaleiro. O dono do albergue percebeu a loucura e acatou o pedido.
Quixote brigou com tropeiros, acreditando setem inimigos.
O estalageiro decidiu adiantar o ritual para se livrar dele.
Capítulo 3 - Dom Quixote é sagrado cavaleiro.
Quixote estava pronto pela manhã, foi ordenado cavaleiro. Todos seguravam o riso.
Quixote, armado cavaleiro, montou Rocinante e partiu. Lembrou dos conselhos do castelão: algum dinheiro, roupas brancas, um escudeiro.
Capítulo 4 -
De volta à casa, propôs a um vizinho que fosse seu escudeiro, Sancho Pança.
Fala de Dulcinéa, como a dama mais bela.
Quixote foi ferido pelos locais, mas não se importou.
Capítulo 5 - O escudeiro Sancho Pança e a nova partida.
Padre e padeiro Nicolau visitaram a sobrinha de Quixote, que falava das sandices do tio após tanta leitura.
O cavaleiro chegou.
Quando volta para casa, a família percebe que ele não está em seu juízo normal, em virtude de ter lido muitas obras de novela de cavalaria. A família decide, então, desfazer da biblioteca dele.
A sobrinha diz que um feiticeiro deu fim aos livros.
Ficou dias em casa, apenas em contato com Sancho. Promete-lhe que, no dia em que tiver dinheiro, irá reconhecer o trabalho de Sancho e o recompensá-lo com a função de governador de uma ilha.
Sancho aceita e acompanha Quixote pelas suas aventuras.
Capítulo 6 - Lutando contra os moinhos de vento.
Avistaram moinhos de vento. Eram gigantes com quem travaria batalhas.
Sancho não entendia, via apenas os moinhos.
Quixote, intelectual, não deu ouvidos ao escudeiro, analfabeto.
Lutou contra os moinhos, cujas pás lhe deceparam a lança. Sancho foi socorrê-lo. Quixote acreditou-se combalido peloa gigantes, mas não desistiu.
Passou a noite sonhando com sua amada Dulcinéa.
Capítulo 7 - Como o intrépido cavaleiro libertou a princesa prisioneira
Ambos partiram para aventuras.
Surgiram dois monges beneditinos no caminho. Quixote viu-os como feiticeiros que aprisionaram a princesa declarou que iria libertá-la. Os monges ignoraram.
Quixote atacou um deles, o outro fugiu.
Sancho foi retirar o hábito do monge, dizendo que lhes pertencia pela batalha.
Fizeram refeição. Chegaram a uma aldeia de pastores de cabras. Prosseguiram.
Quixote pensava em Dulcinéa e Sancho na ilha.
Capítulo 8 - Surra e descanso.
Rocinante afastou-se por estar mal amarrado. Viu um bando de tropeiros aproximar-se. Quixote e Sancho atacaram-no. Os tropeiros deram uma surra nos dois. Acreditava ter sido punido por descumprir regras da cavalaria.
Quixote pediu ao escudeiro para cuidar de Rocinante.
Seguiram viagem. Avistaram um albergue, Quixote viu como castelo.
A dona do albergue decidiu cuidar de Quixote ferido.
Capítulo 9 - O milagroso e maldito bálsamo de ferrabras.
Ao acordar, Quixote psdiu que Sancho buscasse com o castelão os ingredientes de ferrabras. Fez o bálsamo, ficou bem.
Sancho tomou também, ficou mal. Quixote disse que só funcionava com caval. Deixou o albergue sem pagar.
Capítulo 10 - Lutando contra dois exércitos de uma só vez.
Sancho pálido de tanto apanhar, Quixote dizia ser enfeitiçamento. Sancho propôs voltaram para casa.
Viram nuvens negras, dois rebanhos de carneiros em caminhos opostos.
Acreditaram haver choque entre dois adversários. Quixote atacou os animais, foi atingido por duas pedras. Pastores acharam que Quixote teria sido abatido e fugiram.
Sancho aproximou-se, viu que faltavam dentes a Quixote, lamentou com lágrimas.
Montaram seus cavalos e seguiram. Viram um mar de luzes.
Capítulo 11 - O cavaleiro da triste figura.
Quixote e Sancho encontraram uma procissão fúnebre. Quixote acreditou ver um cavaleiro ferido sendo levado pelas pessoas.
Quixote provocou o combate. Houve luta. Sancho assistia.
O sacerdote apresentou-se como acompanhante do corpo que jazia na liteira. Quixote viu-se liberado de vingar o falecimento.
Sancho saqueou o sacerdote sem ser percebido.
A procissão seguiu, sem ninguém entender o que havia acontecido.
Capítulo 12 - Liberdade aos prisioneiros.
Os cavaleiros caminhavam, cruzaram com uma dúzia de homens escoltados. Sancho disse que eram prisioneiros de guerra.
Quixote pediu explicações aos homens e aos prisioneiros os motivos das condenações. Mostrou-se indignado que os homens estavam obrigados a remar nas galés contra vontade. Houve luta
Capítulo 13 - Uma carta para Dulcinéia.
Os cavaleiros passaram pela área dd Gil de Passamonte e seus companheiros fugitivos. Quixote ficou preocupado. Escreveu carta a Dulcinéa, a qual seria levada a Toboso pelo escudeiro montando em Rocinante.
Sancho encontrou o padre e o barbeiro Nicolau, não informou onde estava Quixote. O barbeiro acusou Sancho de matar Quixote e roubar seu cavalo.
Capítulo 14 - O plano para levar Dom Quixote para casa.
O padre e o barbeiro criaram um plano louco para convencer Quixote a voltar para casa. O padre seria uma donzela pedindo socorro e o barbeiro seu escudeiro.
A donzela era a Princesa de Micomicona, do Reino de Micomicão. No caminho, recuoeraram o burrinho de Sancho com Gil de Passamonte. Levaram Quixote para casa.
Capítulo 15 - Estranho combate contra o narigudo cavaleiro dos espelhos.
Quixote permaneceu longo tempo em casa. As pessoas acharam que ele estava são novamente. Sancho não podia vê-lo.
Quando Sancho pôde vê-lo, levou Sansão Carrasco. O espírito do cavaleiro foi despertado novamente. Decidiram sair novamente. A sobrinha pediu ajuda a Sanão para impedir, mas não conseguiu.
Avistaram uma carroça conduzida por um diabo hediondo e sua comitiva.
À noite, acamparam num bosque. Foram acordados por dois homens à cavalo. Quixote achou ser outro cavaleiro andante, cantando para sua amada.
Os cavaleiros ordenaram a seus escudeiros que preoarassem o duelo ao amanhecer. O adversário era um narigudo. Acertou com sua lança, ao tirar o elmo, o nariz estava bastante torto e se tratava de Sansão Carrasco, que havia planejado tudo com a sobrinha Dolores.
Capítulo 16 - A radiante duquesa e seu castelo de verdade.
O cavaleiro da triste figura encontrou uma amazona vestida de verde, levando um falcão no punho esquerdo. Quixote pediu a Sancho que lhe solicitasse beijar a mão.
A dama aceitou que Quixote a visitasse. Informou o marido para os preparativos.
Quixote e Sancho caíram de suas montarias. O duque convidou o cavaleiro ao castelo. Foi conduzido a uma sala para retirar a armadura, depois à mesa para refeição.
Durante a refeição, falou de Dulcinéa, e que teria caído sobre a amada magia que a tornaram aldeã.
Passaram pelo ritual de lavagem do rosto pelos servos do ducado.
Sancho contou sobre a amada de Quixote e a promessa do governo da ilha. Os duques fizeram uma farsa. Em uma jormada de caça, simularam o surgimento de um diabo e um feiticeiro, que tornaram Dulcinéa lavradora em bela e livre da maldição. Quixote e Sancho exouseram sentimentos verdadeiros, sem se notar. Depois, preparam a farsa que tornaria Sancho governante do reino.
Capítulo 17 - O Reino de Barataria
Sancho chegou a ilha de Barataria achando ser seu reino. Os homens da cidade o receberam com cerimônia. Sancho tomou posse de sua função.
Em uma brincadeira, o médico do governador fazia Sancho passar fome e vontade. Não havia o que fazer. Levava vida penosa e de estômago vazio. Sancho editou leis favoráveis ao povo. A lei o consumia.
À sétima noite do reinado, o inimigo invadiu o reino. Sancho desistiu do reino de Barataria, preferiu a liberdade.
Capítulo 18 - O cavaleiro da triste figura reencontra o seu escudeiro.
Sancho queria reencontrar sua família, percebeu que a vaidade não lhe faria feliz.
Capítulo 19 - O cavaleiro da lua branca triunfa sobre Dom Quixote.
Quixote permanecia hóspede do duque e duquesa, onde estava vivendo muito bem. Quixote e Sancho partiram.
Os cavaleiros foram roubados. Sancho lamentou o destino escolhido para eles por Quixote. Ao saber que se tratava de Quixote, o bandido devolveu tudo.
Chegaram à casa de Dom Antonio Moreno na cidade catalã, que colocado um cartaz nas costas de Quixote identificando-o como o cavaleiro andante e espinhos sob os animais.
No dia seguinte, Quixote encontrou outro cavaleiro da lua branca, com a imagem de lúcifer em suas vestes, que disse a Quixote que sua amada era mais bonita que Dulcinéa.
Foi marcado um duelo entre os cavaleiros. O cavaleiro da lua branca foi vencedor, disse que Quixote assumisse ser a sua amada mais bela à Dulcinéia. Quixote preferiu a morte à desonra. O cavaleiro da lua branca propos que, se perdesse, voltaria à sua aldeia e renunciar, por um ano, suas andanças como cavaleiro. Quixote perdeu e cumpriu o prometido.
Sancho reflete sobre toda má sorte, acredita ser obra dos feiticeiros que os oprimiram.
O vice-rei investigou quem era o cavaleiro da lua branca. O cavaleiro da lua negra ornamentado com lua branca era Sansão Carrasco, tentando curar a loucura de Quixote.
No dia seguinte, tomaram o caminho de volta.
Capítulo 20 - O caminho de volta para casa.
Quixote atribuía a si o fracasso, decidiu voltar para a aldeia, prepararem-se para novas aventuras.
Sancho propôs pendurar as armas numa árvore e deixá-las para trás, Quixote não aceitou.
Ao longo de uma campina com carneiros, Quixote disse que se transformariam em camponeses no ano sabático.
Sancho propôs chamar o padre e o barbeiro para participarem da nova vida.
Repousaram num bosque, onde não seriam importunados por feiticeiros, com Rocinante e Malhado.
Capítulo 21 - A aldeia de Dom Quixote e Sancho Pança.
Os cavaleiros chegaram à aldeia. Viram Sansão Carrasco e o padre. Os cavalos estavam magros. A mulher de Sancho e a filha Sanchinha apareceram, achou o marido com aparência de mendigo.
Quixote ficou em sua casa com a sobrinha Dolores, a ama, o barbeiro e o padre. Contou que ficaria sem carregar armas durante o exílio, criando carneiros.
Padre e barbeiro perceberam que Quixote estava tomado de outro tipo de loucura. Quixote deu-lhes novos nomes: Pastor Quixótis, Pastor Carrascão (Sansão), Pastor Curambro (padre), Pastor Cabelão (barbeiro) Pastor Pancino (Sancho) .
Quixote caiu doente. Todos tentavam animá-lo. Quixote foi enfraquecendo cada vez mais.
Capítulo 22 - Triste fim do cavaleiro Dom Quixote.
A doença de Quixote agravou-se muito. Ele chamou as pessoas e anunciou ter recuperado a razão. Confessou-se com o padre e chamou o notário para fazer seu testamento aquinhoando Sancho com $200 escudos, herdeira sobrinha, pensão a ama e outras disposições. Ao amanhecer, entregou sua alma a Deus.
Sansão gravou o epitáfio no jazigo:
"Aqui jaz quem teve a sorte
De ser tão valente e forte
Que a morte não vingou
Nem sequer triunfou
Foi grande a sua bravura
E fez da lança sua aventura
Teve tudo em muito pouco
Porque viveu como um louco."
Entrevista com Professora Maria Augusta da Costa Vieira, especialista em "Dom Quixote".
"Dom.Quixote", po Professora Maria Augusta da Costa Vieira
Capitães de areia" é uma obra do gênero romance, da escola literária da Segunda Geração Modernista - 1930.
O narrador é onisciente, o espaço é a cidade de Salvador, no trapiche, ruas, docas. O enredo ocorre no verão e inverno de 1928, com "flashbacks".
O livro foi publicado em 1937, durante o Estado Novo, era ditatorial, censura, exemplares da obra são queimados em Salvador.
Joege Amado nasceu Bahia, formou-se em Direiro. Escreveu seu primeiro romance aos 19 anos "O País do carnaval". Foi deputado federal em 1945. Foi Membro da Academia Brasileira de Letras.
As obras do escritor dividem-se em três fases:
1a. Fase) fase proletária, com engajamento dos proletários, como "Os capitães de areia". Abordagem política e socialista.
2a. Fase) trata do ciclo do cacau, obra "Terras do sem-fim".
3a Fase) fase popular, pitoresca, fase das mulheres, "Gabriela", "Dona Flor e seus Dois Maridos", "Tieta".
Personagens
As personagens da obra são tipos, personagens planas, estereótipos que se caracterizam por suas ações e não pelo pensamento, sem complexidade.
Os menores de idade:
Pedro Bala: líder físico e moral.
Professor: intelectual, único que sabe ler.
João Grande: grande de tamanho, bom coração, mas limitado.
Dora: única menina, várias facetas.
Sem-pernas: menos tipificado (em relação a personagem tipo), apresenta deficiência físico, é preso e torturado. Faz apelo emocional ao morar nas casas para ganhar confiança da família e facilitar furtos pelos capitães. Demonstra crise moral ao fazer mal às famílias que o acolhe, mas não pode trair os capitães, margurado.
Boa-Vida: malandro, artista
Pirulito: religioso.
Volta-Seca: violento, cangaceiro.
Gato: galã.
Barandão: substitui Pedro como líder, abordagem da questão homossexualidade.
Adultos:
Padre José Pedro: padre que ajuda os meninos, pois se identifica com eles.
Querido-de-Deus: pescador, capoeirista.
João de Adão: estivador, amigo do pai Pedro Bala.
Alberto: universitário.
Don'Aninha: mãe de santo.
Delegado/Diretor: opressor.
Dalva: mulher mais velha que se envolve com Gato.
"Sob a lua, num velho trapiche abandonado":
Trapiche é o local onde moram mais de 100 meninos de rua, os capitães. Início com o roubo da prova de adultério de uma mulher.
Cena carrossel muito importante a literatura, dá-se conta de que os capitães são
Pedro Bala comete estupro.
Há o resgate de Ogum.
Pirulito rouba a imagem da Virgem Maria.
Sem-perna deixa a casa da família onde morava.
Professor fazia desenho na praça, recebe um cartão.
Varíola (conhecida por "bexiga") mandado por Omulu.
"Noite da granse paz, da grande paz dos teus olhos".
Surge a capitã Dora, apresenta as muitas faces da mulher. Apaixona-se por Pedro Bala.
Briga com capitães rivais (Ezequiel).
Pedro bala é acolhido pelo reformatório para adolescentes que cometeram atos infracionais, torturaso, maltratado. Foge. Resgara dora. Dora orfanato.
Dora falece.
"Canção da velha Bahia, canção da liberdade"
Dissolução da liderançados capitães. Sem-pernas se suicida no elevador Lacerda.
Professor que recebeu o cartão, vai para o Rio de Janeiro, torna-se um pintor, desenha a vida dos capitães, embora tenha ascendido socialmente, mantém a denúncia social com sua arte.
Gato torna-se cafetão. Pirulito torna-se padre. Padre José Pedro vai para uma paróquia no interior. Volta-Seca vai atrás de Lampião, integra o cangaço, mata muitas pessoas, é condenado e morto.
João Grande torna-se marinheiro. Pedro Bala converte-se em espécie de líder sindical, vai para outra cidade organizar outros meninos que vão contribuir para as greves.
Características
- Romance de 30, da Segunda Geração Modernista (Neorregionalismo), Neorrealismo (crítica problemas sociais do Nordeste - seca, fome, subdesenvolvimento, meninos de rua);
- Visão de esquerda, comunismo, marxismo;
- Autodefinição de Jorge Amado: escritor "romântico e sensual" (lirismo e poeticidade);
- Linguagem simples, estilização da oralidade popular;
- Caráter "jornalístico" (teor notícias, cartas);
- Meninos órfãos da família e do Estado (instituições opressora, imprensa, polícia igreja);
- meninos homens, bandidos heróis - justificação pelo contexto. Bandidos com causa.
- maniqueísmo: bem x mal, oprimido x opressor, rico x pobre.
- tomada de consciência pedro bala e professor (comonjorge).
"Capitães de areia" e a Teoria da Vulnerabilidade de Zaffaroni.
meninos homens, bandidos heróis - justificação pelo contexto. Bandidos com causa.
Onde estão os atores do filme?
Como denúncia e crítica social, a obra pretende dar visibilizadade ao oprimido, por meio da literatura.
Os atores do filme são, em sua maioria, adolescentes negros, justamente o invisibilizado, que, então, passa de oprimido a produtor da arte, o que parece alguma ascensão social viabilizada pela obra, pela literatura, pela arte.
Então, teria o livro atingido sua pretensão de correção, ainda que em parte, da opressão social? Para saber, fui buscar onde estariam os atores da obra cinematográfica. Teria a arte os redimido, legitimando a denúncia social proposta?
"Gato", Paulo Abade.
"Sem-pernas", Israel Gouvêa de Souza.
"Professor", Robério Lima.
"Querido-de-Deus, Marinho Gonçalves.
"João Grande", Elielson Conceicão.
"Boa vida", Jordan Mateus.
"Volta-seca", Heder Novaes.
"Pirulito", Evaldo Maurício.
"Barandão", Jamaclei Pinho.
Como estarão vivendo de arte esses artistas? A arte foi-lhes inclusiva?
"O Cortiço" (1890) é uma obra do gênero romântico, do estilo de época Naturalismo, a história se passa no final do século XIX, no Rio de Janeiro, narrador onisciente em terceira pessoa, linear, de autoria de Aluísio Azevedo.
Enredo
João Romão é um branco português mau caráter sovina, quer enriquecer a qualquer custo (patológico). Capitalista, recebeu a vendinha mais um conto e quinhentos de seu ex-patrão que voltou à Portugal, pelo seu trabalho no lugar.
Bertoleza é uma escrava fugida, dona de uma quitanda chinfrim próximo à venda.
João Romão e Bertoleza passam a morar juntos, juntando a quiranda com o restaurante. Trabalham como animais. João Romão explora Bertoleza.
Bertoleza pretende estar com branco para apurar a raça.
Bertoleza economiza dinheiro e dá a João Romão para que comprasse a carta de alforria dela. Romão compra uma carta de alforria barata falsificada e fica com o dinheiro.
Há brigas entre Romão e Miranda, o vizinho rico da alta sociedade, por pedaços de terreno.
João quer construir o cortiço no local e o faz. Constrói quartos muquifos com madeira velha, perto do Rio das tinas. Nasce a "Estalagem de São Romäo".
Aluga para lavadeiras. Depois, compra uma pedreira. Monopoliza a economia local, pois os homens pagam trabalham na pedreira, as mulheres pagam o aluguel das tinas esfregadeiras no rio, compram na quitanda, comem no restaurante e oagam o aluguel no cortiço.
Henrique chega à casa de Miranda, estudante de Medicina, que se envolve com a esposa dele, D. Estela. No local, também, mora Zulmira, filha de Miranda, e o velho Botelho, o empregado parasita, que vê os amantes.
O cortiço sempre movimentado com festas ("Choro", o pagode), com música, bebida, dando vida a fauna humana qur ali vive.
Pombinha é uma moça de 18 anos que mora no cortiço, estava noiva, mas ainda não poderia se casar, porque não havia "as regras".
Chega ao cortiço Leónie, uma prostituta de luxo que seduz Pombinha. Logo chegam as regras após o despertar sexual. Pombinha casa com seu noivo Carlos, mas não esquece Leónie. Tempos depois, separa-se do marido, torna-se prostituta e amante de Leónie. Sua mãe falece de desgosto.
Jerônimo chega ao cortiço. É um português trabalhador, sério, honesto, casado com Piedade, pai de Senhorinha, passa a trabalhar na pedreira. No cortiço, encanta-se por Rita Baiana, uma brasileira sensual, festeira, com samba no pé. Rita era noiva do capoeirista Firmo.
Jerônimo começa a ir nos pagodes e "abrasileirar-se", começa a tomar cachaça Parati, inclusive influenciado por Rita.
Miranda, morador do sobrado ao lado, recebe o título de Barão de Freixal. João Romão passa a ter inveja de Miranda, fica indignado, pois tem dinheiro, mas não é convidado para as festas, bailes, eventos sociais. Mantém-se um quitandeiro, corticeiro.
Jerônimo briga com Firmo por Rita Baiana. Firmo fere Miranda com uma navalha. No hospital, Rita cuida de Jerônimo, dando-lhe cachaça, "abrasileirando-o" cada vez mais.
Ao deixar o hospital, Miranda mata Firmo com dois homens, à pauladas. Após, abandona a família, esposa, filha, passando a ser amante de Rita Baiana.
João Romão quer fazer parte da alta sociedade. Aproxima-se de Miranda. Começa a oferecer dinheiro a Miranda, que estava tendo problemas finamceiros, embora ainda ostentasse seu "status" social.
Romão começa a cortejar Zulmira. Miranda gosta da ideia.
Surge um novo cortiço nas redondezas. Há uma briga entre os cortiços "Os cabeças de gato" e o de Romão.
A bruxa do 88 ateia fogo em seu barraco e incendeia todo o cortiço de João.
Nessa confusão, morre o mendigo Libório, um velho que guardava oito garrafas cheias de notas. Romão rouba as garrafad e empurra-o para as chamas. João se dá conta que as notas eram desvalorizadas, fora de uso.
Romão lucra con o incêndio pois recebe o seguro, dando-se bem.
João Romão pede Zulmira em casamento. Para se livrar de Bertoleza, procura Botelho para que encontre os donos de Bertoleza (escrava fugida) e a entrega a eles, que a levam com a polícia.
Bertoleza percebe que foi traída por João. Estava limpando peixe com uma faca e suicida-se rasgando seu ventre.
Ao fim, a cena de João Romão que vai até a sala, onde recebe a visita de jovens do Clube Abolicionista, que pretendiam marcar uma homenagem a Romão por suas contribuições à causa da abolição.
O homem que traiu a companheira escrava, levando-a à morte, é condecorado pela causa abolicionista.
Características
Como romance naturalista, aborda as chagas sociais, as patologias humanas, o mais sórdido, o vil do homem.
Exploração do homem pelo homem. Capitalismo selvagem.
Prosopoeia: o cortiço como protagonista, como mais próximo ao ser humano. Apresenta ciclo biológico, acorda abrindo as portas e janelas. O meio é o cortiço, que amolda as pessoas.
Animalização humana, zoomorfização, personagens descritas como animais (ancas de cadela de Rita Baiana; Firmo como um cachorro no cio quando tocava).
Força sexual, perversão.
Cientificismo - autor como cientista e personagens como cobaias. Visão objetiva. O Naturalismo mostra o o real pelo conhecimento empírico, demonstrado por teorias cientificas como o Determinismo, homem como produto do meio.
Romance de tese - homem determinado pelo meio, pela raça, pelo momento. Jerônimo, homem bom, em meio corrupto, degenera-se determinado pelo meio. Rita é baiana, propensa ao sexo, erotização, dança, bebida.
No romance de tese, as personagens comprovam a tese, são lineares e sem complexidade, chamadas de tipos.
Agrupamentos humanos com ambientes e cenas sórdidas. Esposa de Jerônimo, após ser abandonada, torna-se alcoolatra, faz sexo com estranho em cima de seu vômito.
Objetificação da mulher (Piedade). Há mulheres sujeito e objeto, como Rita Baiana; há mulheres somente sujeito, como Leónie.
Após deixar comunidade, Carolina de Jesus e seus três filhos vão morar na Estalagem de São Romão.
Carolina, que antes pagava pela água na Favela do Canindé, passa a trabalhar como lavadeira nas tinas a beira-rio, pagando o aluguel devido a João Romão.
Vê-se Carolina logo fez amizade com Pombinha.
"O Bem-Amado" é uma peça de teatro, do gênero comédia dramática contemporânea, de autoria de Alfredo Dias Gomes escrita em 1962 e publicada em 1970.
A primeira encenação ocorreu apenas em 1968, no Teatro de Amadores de Pernambuco, devido o grande número de personagens, num total de 15, considerado muito para peças teatrais.
Além disso, Dias Gomes teve outras obras anteriores censuradas. Como a peça faz crítica política, justifica-se o lapso temporal até a obra ser publicada e chegar ao público.
Na televisão, foram exibidas duas adaptações pela Rede Globo, uma minissérie nos anos 70 e uma novela nos anos 80, foi a primeira novela exibida a cores. Em 2010, Guel Arrais produziu o filme da obra.
A obra não apresenta narrador por se tratar de texto teatral, mas tem rubricas, que são as anotações e comandos para os autores realizarem em cena.
A propósito, as rubricas têm relevância na compreensão do texto, das cenas dramatizadas, dos monólogos interiores que acontecem.
O próprio autor Dias Gomes caracteriza a obra como uma farsa sociopolítica-patológica de caráter popular, cômica, crítica de costumes, beirando o patético e o ridículo.
Tal como a "Farsa de Inês Pereira" de Gil Vicente, apresenta traços alegórico e moralizante.
A história se passa na fictícia cidade litorânea de Sucupira, na Bahia, onde a qualidade de vida era ótima. As cenas acontecem na prefeitura, na igreja, no Jornal Trombeta.
Aliás, Sucupira é o nome de uma árvore, assim como o Brasil, que deriva da árvore pau-brasil. Sucupira é metáfora do Brasil.
Sucupira é inspirada em uma anedota de uma cidade do interior do Rio de Janeiro, onde o prefeito queria construir um cemitério vertical.
As personagens
Odorico Paraguaçu: o protagonista. Prefeito da cidade de Sucupira, localizada no litoral baiano.
Odorico é um político médio, pode ser considerado a caricatura do coronelismo, a pompa vazia do discurso político demagógico.
Do nome da personagem, "Odorico" pode fazer referência a odor, cheiro, aroma. Em indígena, "para" significa rio, águas correntes; "guaçu" significa grande. A cidade é litorânea, à beira mar, economia de pesca.
Chico Moleza: mendigo beberrão, torna-se coveiro da cidade.
Mestre Ambrósio e Zelão: pescadores pacatos, representam os trabalhadores braçais, metonímia do povo da cidade.
Irmãs Cajazeiras: Dorotéia, Judicéia e Dulcinéia, irmãs funcionárias pública, bajuladoras do prefeito sem caráter.
Mestre Leonel: pescador que morre no início da história, não tinha família, foi encontrado morto na praia com seu cachorro lambendo-lhe a face.
Dirceu Borboleta: secretário de Odorico na Prefeitura, marido de Dulcinéa, coletor de borboletas, fez voto de castidade. Mata Dulcinéa por engano ao saber que ela o traía.
Neco Pedreira: dono do jornal Trombeta, representa a imprensa suja e manipuladora.
Vigário: representante do clero manipulador do povo.
Zeca Diabo: malfeitor regenerado, cangaceiro, bandido "bom". Caiu no banditismo não por maldade, mas por culpa da sociedade injusta. É devoto de Padre Cícero. Pode-se se fazer um paralelo com Rousseau, ao afirmar que todo homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe.
Tio Hilário: tio das Irmãs Cajazeiras.
A linguagemtem grande importância na obra. Por meio dela se revela a falsa retórica persuasiva de Odorico.
Odorico cria palavras que não existem (neologismo), utiliza vocabulário rebuscado, levando a um poder de domínio sobre o povo, que não entende, acata, não questiona.
Os elementos linguísticos por Odorico usados criam a linguagem empolada, com apelo emocional, para enganar o povo ignorante.
A linguagem simples com traços regionais e distorção da norma culta compõe construções sintáticas inusitadas.
Assim, trata-se de uma sática, uma crítica da sociedade (política especialmente), por meio do humor.
Exemplos de neologismo: "genipapação", "genipapista".
A peça
Trata-se de sátira em que se faz crítica social e política por meio do humor. A comédia está nos mal entendidos, confusões e complicações que atrapalham os interesses de Odorico, que mostra um descontrole, ums obcessão por contruir um cemitério na cidade, valendo-se do trágico e do exagero.
Ao final, ironicamente, o desfecho não redime o político corrupto, mas é atingida a finalidade pretendida que é s inauguração do cemitério sendo Odorico o defunto.
O texto teatral é composto por 9 quadros.
Quadro 1 - O início se dá com a morte de um pescador morador da cidade, cujo defunto estava sendo levado para ser enterrado na cidade vizinha, com dificuldade. O pescador falecido não tinha família.
Odorico demonstra insatisfação em virtude de a cidade, de tanta qualidade de vida, não possuir um cemitério para enterrar seus mortos.
A construção do cemitério passa a ser promessa de campanha de Odorico para prefeito de Sucupira. Os moradores gostam da ideia.
As primeiras características esterotipadas de Odorico são reveladas: criação de palavras que não existem (neologismo), como "pafrentemente", "pratrasmente".
O poder de persuasão do povo por Odorico pode ser observado pelo domínio da lingaguem rebuscada, da falsa retórica que conquista a população.
Diz-se sobre o marasmo da cidade, onde nada acontece e, não havendo violência, não haveria matéria para a imprensa (crítica à imprensa que se alimenta de violência).
Quadro 2: Odorico é eleito prefeito de Sucupira. A prefeitura não tem verbas para a construção do cemitério. Passa a fazer desvios de dinheiro de obras emergenciais, prática típica de político corrupto que é. Desvia dinheiro da educação e do tratamento efluentes, da água, da luz. Ou seja, deixa de atender necessidades básicas dos vivos, para atender as dos mortos, que nao morrem. Os vivos são tratados como "mortos" e os mortos como."vivos"
As irmãs Cazeiras Dorotéia, Dulcinéia e Judicéia são funcionárias da prefeitura, bajuladoras de Odorico.
Dulcinéia, esposa de Dirceu de Castro, o Dirceu borboleta, é amante de Odorico.
Dirceu é secretário de Odorico, coletor de borboletas.
Quadro 3: O cemitério é construído sem defeitos. O cemitério representa a construção de grandiosas obras inúteis em detrimento das necessidades básicas da população, do povo ignorante.
A cidade aguarda um cadáver para inaugurá-lo. A boa qualidade de vida do local leva as pessoas a viverem mais, ninguém morre.
Não há criminalidade, o cemitério está construído há 1 ano e ninguém havia morrido para inaugurá-lo.
Na falta de cadáver, sabendo de um primo moribundo das Irmãs Cajazeiras, Ernesto, Odorico manda buscar o homem agonizante e paga todas as despesas geradas. As despesas pagas pela prefeitura com dinheiro do povo é utilizada para bancar desejo pessoal de Odorico.
Quadro 4: Quadro curto, de tom humorístico, trata da doença e ida do primo Ernesto a Sucupira.
Quadro 5: Primo Ernesto, que estavs há 3 meses desacreditado pelos médico, após 1 ano em Sucupira se recupera. Há suspeitas de que Judicéa teria algo a ver com a cura, há indícios de que ela engravidou do primo, por estar mais gorda, porém não teve a criança.
Surge a personagem do Zeca Diabo, o cangaceiro, o malfeitor regenerado. Zeca cometeu crimes no passado para se vingar de injustiça sofrido pelo irmão, não era de índole delinquente.
Odorico contrata Zeca Diabo, considerado assassino profissional, como delegado da cidade, orientando que invadisse o Jornal Trombeta, a imprensa local que provoca Odorico, de propriedade de Neco Pedreira. Zeca está redimido, quer perdão pelos seus crimes, prometeu a Padre Ciço (Cícero), de quem é devoto. A índole de Odoroco é pior que a do matador profissional.
As escolas estão em situação precária.
Quadro 6: Neco Pedreira convence Zeca Diabo a publicar história de sua vida. Esta passagem demonstra que a imprensa merece ser ouvida. Zeca Diabo e Odorico brigam.
Dulcinéia engravida de Odorico.
Dirceu Borboleta revela a sensibilidade que a falta da figura masculina, que se espera áspera.
Dirceu Borboleta fez voto de castidade.
Dirceu passa a receber cartas anônimas sobre o caso afetivo de Dulcinéia. Odorico incentiva-o a matar Neco, como suspeito. Dirceu acredita, vai atrás de Neco, mas atinge Dulcinéia, que morre.
Quadro 7: Odorico se anima com a possibilidade de um morto a inaugurar o cemitério. Aparece Tio Hilário, que informa que Dulcinéia deve ser enterrada no jazigo da família em outra cidade. Odorico não quer liberar o corpo.
Qyadro 8: Neco Pedreira descobre a verdade sobre as ordens de Odorico, para que Zeca Diabo matasse o jornalista. Neco vai até a prisão falar com Zeca. Neco publica a história de Zeca. Zeca mats Odorico.
Quadro 9: Finalmente, há um morto para inaugurari o cemitério de Odorico, o próprio Odorico, o bem-amado por todos. Neco diz que somente Odorico poderia inaugurar a obra, mais ninguém.
Citações da obra:
"Os finalmentes justificam os não-obstantes." (GOMES, Dias. O Bem-Amado)
"Três dias já? Nunca vi tanta vocação pra agonizante! É um agonizante praticante." (GOMES, Dias. O Bem-Amado)
"Meus concidadãos! Este momento há de ficar para sempre guardado nos anais e menstruaus da história de Sucupira!" (GOMES, Dias. O Bem-Amado)
"Vejam este pobre homem: viveu quase oitenta anos neste lugar. Aqui nasceu, trabalhou, teve filhos, aqui terminou seus dias. Nunca se afastou daqui. Agora, em estado de difuntice compulsória, é obrigado a emigrar, pegam seu corpo e vão sepultar em terra estranha, no meio de gente estranha. Poderá ele dormir tranquilamente o sono eterno? Poderá sua alma alcançar a paz?" (GOMES, Dias. O Bem-Amado)
"Povo sucupirano! Agoramente já investido de cargo de prefeito, aqui estou para receber a confirmação, a ratificação, a autenticação e por quê não dizer a sagração do povo que me elegeu. (...) Eu prometi que o meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a construção do cemitério." (GOMES, Dias. O Bem-Amado)