domingo, 23 de junho de 2019

JEAN PIAGET - biólogo e psicólogo sueco



Jean Piaget (1896-1980) foi um sueco biólogo, mas que se debruçou na Psicologia do Desenvolvimento. Autor da Epistemologia genética.

Por intermédio de estudos rigorosos sobre experimentação, o autor concluiu que o desenvolvimento cognitivo humano se dá em uma mesma direção, independente de fatores como cultura, contexto social, político etc., resultando num conhecimento real pleno e completo a todos.

Não havia preocupação em formular uma teoria educacional.

Epigênese: o conhecimento não procdde nem da experiência única, nem de formação inata, isoladamente, mas de transformações sucessivas com elaborações de estruturas novas.

A gênese do conhecimento está no sujeito em interação com o objeto, construção de conhecimento a partir de suas estruturas internas.

Evolução da filogenia humana (construição do homem). Origem biológica autorregulatória isenta de processos de desenvolvimento isolado, mas ativada por processos de interação do organismo com o meio físico e social, fundantes do pensamento lógico.

Das formas primitivas da mente socializando, interagindo, são reorganizadas pela psique socializada. Relações interdependentes entre o sujeito conhecedor e o objeto a ser conhecido.

Equilibração - conhecimento do meio que explica o processo de desenvolvimento humano.

Os fatores invariantes e variantes (esquemas e unidade básica de pensamento) são básicos do desenvolvimemto humano. Ao nascer, apresenta estruturas sensoriais e neurológicas (sinapses). Inteligência não é herdada, mas construída na interação entre o homem o e meio ambiente em que ele estiver inserido.

Novas formas de adaptação por um processo de construir (equilibração) -  assimilação (tentativa de solucionar situação a partuirda estrutura cognitiva do momento) e acomodação (modificação da estrutura mental anterior, transformação).

Teoria sócio-interacionista: o conhecimento ocorre na interação entre o elemento orgânico e o ambiente, enfatizando as necessidades e a experiência.

A criança não é um adulto em miniatura, mas pensa conforme seus estágios de desenvolvimento, em que o conhecimento é construído continuamente por toda a vida, quais sejam, os que abarcam a infância e adolescência.

Características dos estágios: ordem de sucessão constante; apresentam idades médias variáveis; integração do conjunto existente e das reações particulares.

Estágios:
Período sensório-motor (0-2 anos): do nascimento até a aquisição da linguagem. Inteligência motora ou prática. Atividades ligadas aos estímulos somestésicos e motores, necessidade de interagir com o meio. Acões - reflexos, mecanismos hereditários, instintos, primeiras emoções. Não compreende abstração.

Período pré-operacional (2-7 anos):  capacidades - início do domínio da linguagem e representação do mundo por símbolos. Distinção das cousas e seus significados. Egocentrismo - dificuldade em aceitar a vontade do outro, centração em si. Linguagem - mudança de comportamento relacionada à aquisição da linguagem (relatar ações passadas e antecipar as futuras, logicidade). A linguagem traz o jogo simbólico, a imitação, animismo. Fase dos "porquês". Inteligência sensório-motora para a do pensamento, mediada pela linguagem e pela socialização, evolução integrativa de qualidade e quantidade de experiências.

Período operatório-concreto (7-12 anos):  aumento da capacidade de raciocínio, início da capacidade de reflexão diante do objeto. Ações operatórias - seriação e classificação (percepção das diferenças entre as coisas em níveis progressivamente mais complexos). Domínio dos conceitos de tempo e número. Sentimento de justiça. Desenvilvimento da socialização leva ao aumento da compreensão das regras.

Período operacional-formal (a partir dos 12 anos):  capacidade de pensamento abstrato, processa vários tipos de raciocínio. Ação aplicada às hipóteses. Ações combinatórias e correlatórias. Desenvolvimento de teorias., hipóteses. Hereditariedade, maturação e o meio são variáveis do desenvolvimento humano. Desenvolvimento moral - anomia (instinto), heteronomia (receber ordem e cumpri-la) e autonomia (assimilação e ação, senso crítico).

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"OS IRMÃOS KARAMÁZOV", de Fiódor Dostoiévksi (#4)



"Os Irmãos Karamázov" é o último romance de Fiódor Dostoiévski. Foi publicado em 1980. O autor planejou uma segunda parte da obra, a qual não foi produzida, pois ele faleceu.

O romance tem uma ambição panorâmica sobre a Rússia, trazendo questões sociais, econômicas, psicológicas, filosóficas, jurídicas, religiosas etc.

Romance policial, investigação sobre a alma humana. Crítica à Igreja Católica e ao Socialismo.

A narrativa é oscilante de acordo com o desenvolvimento dramático, acompanhando-a.

Fiódor é um pândego que enriquece pelo dote do casamento. Casa com duas mulheres e tem filgos com três. Apropria-se do dinheiro dos filhos a que tinham direito por herança.

O filho Dmitri segue o comportamento do pai, embora seja diferente da avareza do pai. Tem aspirações muito elevadas, embora esteja aquém delas.

Ivan é o filho intelectual, representa a juventude europeizada. Tem uma percepção aguçada do mundo, do mal incutido na sociedade. É um proto-existencialista. 

Romance polifônico em que aams personagens possuem independência e profundidade que não se confundem com as do autor da obra.

Aliócha, filho mais novo, devoto à religiosidade, sensato, mediador.

Smierdiakóv, filho de uma mendiga, provavelmente abusada por Fiódor, acolhido e criado pelo servo da casa.

Os irmãos foram criados por parentes após a morte da mãe.

Há um crime, cujos irmãos Karamázov são os suspeitos.

"Karamázov Brothers" (3/3)

"I fratelli Karamázov" - 1969 
(de Sandro Bolchi)
(1/7)


"I fratelli Karamázov" - (3/7)

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"INCUBAÇÃO - UM ESPAÇO PARA MONSTROS", de Bhanu Kapil (#3)




"Incubação - um espaço para monstros", de Bhanu Kapil, é um romance experimental, considerado um romance-poema transgressor dos limites do gênero.

O livro pode ser entendido como a incubadora de um monstro.

Aborda a biologia como discurso, restringindo-a a realidade que pode ser entendida.

Dialoga com as noções de cyborgue e monstros.

Lalu é a personagem principal, de origem indiana, mas vive na Inglaterra. É ser cyborgue híbrido.

Reflexão sobre realidades híbridas, não sustentadas sobre discursos hegemônicos, como na biologia. Proposta de discurso não-binário.

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sábado, 22 de junho de 2019

MARIA FIRMINA DOS REIS - escritora brasileira maranhense

Maria Firmina dos Reis (assinou, no início, como "Uma maranhense"), escritora negra da cidade de Guimarães, no Maranhão. 

Foi a pioneira na literatura abolicionista, antes mesmo de Lei Áurea e Castro Alves. Traz a opressão racial, feminina, a idealização da natureza, visão maniqueísta.

"Úrsula", de 1859, é um romance considerado o primeiro abolicionista.  Narrativa da escravidão a partir do escravo.
Trata-se de uma história amor, da opressão masculina sobre Úrsula e sua mãe Luiza B, a quem o irmão/tio de Úrsula persegue.
Úrsula conhece Tancredo, que entra no enredo debilitado sobre um cavalo. É socorrido pelo escravo Túlio, o qual será recompensado pelo feito com a liberdade.
Na obra, os escravos falam da sua condição. Escrava Suzana, nascida África, vinda de navio negreiro denuncia a opressão racial.

"Gupeva", de 1861, é um conto indígena. 

"A escrava", de 1887, publicado um ano antes da promulgação da Lei Áurea (1888), trata da escravidão.

"Cantos à beira-mar", de 1871, são poemas abolicionistas.

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"RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL" de Ricardo Piglia (#2)

"Respiração artificial" é uma obra do escritor argentino Ricardo Piglia (1941-2017).



O romance, publicado 1980, apresenta enredo que se passa em 1976, na fase da ditadura argentina é uma história dentro de outra.

A obra é formada por fragmento de textos e é dividido em duas partes. 

A primeira parte, "Se eu mesmo fosse o inverno sombrio", trata das correspondências de Emílio Renzi e suas histórias de família ao tio Marcello Maggi. A segunda parte, denominada "Descartes".

Emílio Renzi aborda a construção de sentido sob a dimensão literária, Marcello Maggi sob a histórica e Tardelski sob a filosófica.


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"TODAS AS CORES DO CÉU", de Amita Trasi (Índia) (#1)




"Todas as Cores do Céu" é um romance da escritora indiana Amita Trasi. Amita nasceu e foi criada na Índia, mas passou a viver nos E.U.A. e a obra é a primeira publicada da autora.

A obra trata de tráfico de humanos, prostituição infantil, escravidão.

Traz questões do sistema de castas ainda presente na Índia, embora abolido oficialmente nos anos 50, e as repercussões sociais que desencadeia.

Havia 5 castas indianas: brâmanes (sacerdotes e intelectuais), xátrias (guerreiros), vaicias (comerciantes), sudras (camponeses e trabalhadores), párias (marginalizados), além dos dalits (intocáveis).

Mukta (vida liberta) é a personagem protagonista que enfrenta as abordagens sociais da obra, foi escrava sexual desde os 10 anos em Mumbai, Índia.

O pai de Mukta adota apresenta um papel assistencialista, adota Tara (estrela) é a personagem da irmã adotiva de Mukta.

Mukta consagra suas filhas a uma deusa,  tornando-as prostitutas do templo (devadasis), escravas sexuais dos homens a quem servem. Apesar de a mãe de Mukta tentar livrar a filha do destino das meninas-mulheres, pois sabia do sofrimento dessa vida, a avó de Mukta manteve a tradição.

Os narradores em primeira pessoa alterna as vozes de Mukta e Tara.

Visite o sítio eletrônico de Amita Trasi, que angaria fundos para meninas resgatadas da prostituição.

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terça-feira, 18 de junho de 2019

DICIONÁRIO INSCRITURAS - Guaco: "mikania glomerata"



A planta guaco tem o nome científico "mikania glomerata".

O nome "mikania" é derivado do botânico, zoólogo e entomólogo austríaco e checo Johann Christian Mikan, que estudou a planta e descreveu-a cientificamente pela primeira vez.

Johann Christian Mikan

Mikan nasceu em 05/12/1769 em Teplitz e faleceu em 1844 em Praga. Foi professor de História Natural na Universidade de Praga. Foi um dos três naturalistas líderes da Expedição Austríaca ao Brasil.

Autor das obras Monographia Bombyliorum Bohemiæ, iconibus illustrata em 1796, Entomologische Beobachtungen, Berichtigungen und Entdeckungen em 1797, e Delectus Florae et Faunae Brasiliensis, etc. em 1820.

O termo "glomerata" vem do latim, do verbo "glomerare", que significa enrolar junto, juntar, formando uma massa circular. Sinônimo de conglomerar ("cum" + "globus").

Referências:

<https://www.merriam-webster.com/dictionary/Mikania>. Acesso em: 18 de jun. de 2019.

GORDON, Gordh. "A Dictionary of Entomoly". 2nd Edition. Acesso em 18 de jun. de 2019.

GUATTROCCHI, Umberto (2000). CRC World Dictionary of Plant Names: M-Q. [S.l.]: CRC Press. pp. 1690–. ISBN 978-0-8493-2677-6. Acesso em: 23 de abr. de 2012.

Por Fiametta Franchin.
Bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas.
Licenciada em Letras.
Licenciada em Estudos Literários.
Graduanda em Ciências Biológicas.


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CLARICE LISPECTOR - Entrevista em 1977



Entrevista de Clarice Lispector feita no ano de 1997, uma das raras, senão a única, concedida pela escritora.

Lispector faleceu em no mesmo ano de 1997, poucos meses depois da entrevista, decorrente de complicações de câncer.


Transcrição:

"

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DICIONÁRIO INSCRITURAS - "Parquet"



"Parquet" é uma palavra de origem francesa, que denominava o local onde ficavam os Magistrados e representantes do Ministério Público em suas atividades.

Pronuncia-se [parquê].

Na França, "petit parc" era o pequeno parque onde ocorriam as audiências dos procuradores do rei no Ancien Régime, o corpo do Ministério Público.

Por sua vez, a palavra francesa "parc" deriva do "parruk" germânico, que significa área cercada.

O Ministério Público, composto pelos procuradores gerais e procuradores da República) é conhecido como "Le Parquet".

A origem do termo remonta à Idade Média, na expressão "parquet des Gens du Roi", que significa cercado pelos funcionários do rei, sejam os do Judiciário, das Finanças ou dos Militares.

Advinda do francês antigo, do pequeno parque ou espaço cercado tem-se notícias de que fazia referência ao local onde os Magistrados e Promotores de Justiça ficavam em pé formando um cercado separados daqueles sentados ao tomar a palavra.

Algumas referências bibliográficas mencionam que "parquet" designa os Magistrados. Ao que parece, pelo contexto histórico, pode designar os Promotores ou Juízes, embora no direito brasileiro as funções públicas não sejam sinônimas.

Num outro sentido, mas mantendo a relação com a denotação anterior de referir-se a local físico, "parquet" designa um assoalho, um piso de madeira formado por composição mosaica similar ao taco.

Dessa expressão decorreu a atual palavra "parque" do português brasileiro, que indica um local geográfico onde se realizam atividades.

Por Fiametta Franchin.
Advogada.
Licenciada em Letras.
Licenciada em Estudos Literários.
Graduanda em Ciências Biológicas.

Referências:

Galliani G.V. (diretto da), Dizionario degli elementi costruttivi, Utet, Torino, 2001, vol. 2, pp. 624-630.

<https://www.larousse.fr/dictionnaires/francais/parquet/58315>. Acesso em: 18 jun. 2019.

<https://origemdapalavra.com.br/palavras/parque/>. Acesso em: 18 jun 2019.

Como citar para fins de direitos autorais:
ZANETTINI, Débora. "DICIONÁRIO INSCRITURAS: 'Parquet' ". Disponível em :<https://inscrituras.blogspot.com/2019/06/dicionario-inscrituras-parquet.html>. Acesso em: 19 jun. 2019.
(PREENCHER COM DATA ATUAL).



INDÍGENA - Narrativas orais dos povos indígenas de Roraima



Obra de Narrativas orais dos povos indígenas de Roraima, nas Terras Indígenas de São Marcos e Raposa Terra do Sol, das etnias macuxi, taurepang e wapixana, elo método de História Oral, por Devanir Antônio Fiorotti, em Panton Pia'.

Conheça o projeto todo: Panton Pia'.

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segunda-feira, 17 de junho de 2019

"PROFUMO DI DONNA", filme de Dino Risi

"Perfume de Mulher", de Dino Risi de 1974.

"Scent of a Woman" de 1992, protagonizado por Al Pacino é um dos meus filmes prediletos, se não o melhor ao qual já assisti.

Revi várias vezes. E sempre me traz à vida novamente.

A produção mais recente é uma releitura de "Profumo di Donna" de 1974 de Dino Risi. 



No filme de 1974, Coronel Fausto Consolo (Vittorio Gassman) mora com uma senhora, enquanto que Cel. Frank Slade (Al Pacino) reside com a família da sobrinha.

Em ambos há a figura do gato que é o animal de estimação da família.

A contratação do jovem para acompanhar o Coronel cego é a cena inicial do filme de 1974, papel de Alessandro Momo como Giovanni Bertazzi, Gigio. Já no de 1992, há uma contextualização prévia, até que a sobrinha contrate o acompanhante para ficar com o tio enquanto a família viaja.

sábado, 18 de maio de 2019

MILTON NASCIMENTO



Milton Nascimento é um compositor e cantor brasileiro, consagrado pela MPB e internacionalmente, nascido na Tijuca, Rio de Janeiro, em 26 de outubro de 1942.

Milton, negro, nasceu da mãe biológica,  Maria do Carmo, abandonada pelo pai biológico. A mãe faleceu por problemas no fígado quando ele tinha 2 anos. Passou a ser criado pela avó, que era empregada doméstica de uma família no Rio.

Lilia Silva Campos e Josino de Brito Campos eram um casal branco que gostaria de ter filhos, mas estavam com dificuldades. Foi então que eles adotaram Milton com a concordância da avó, que apenas pediu que fosse mantido o nome da mãe biológica no registro de nascimento, única constante na certidão, já que não havia o nome do pai.

Milton foi apelidado de Bituca quando pequeno, pois fazia bicos que o faziam se parecer com os índios botocudos, segundo a família.

Dona Lilia foi aluna do músico Heitor Villa-Lobos, tendo influenciado Milton na área musical.

A família mudou-se para a cidade de Três Pontas, Minas Gerais, onde eram proprietários de uma de uma estação de rádio, Rádio Clube de Três Pontas (1.510 quilociclos), lugar onde cresceu.

Milton foi o primeiro filho adotado pelo casal Lilia e Josino. Depois, foram adotados mais dos filhos, Elizabeth e Luis Fernando até que nasceu uma filha biológica, Jaceline.

Apesar da familiaridade com a música pela mãe, Milton apresentava dom para a arte. O primo conhecido como Jacaré conta que, em almoços aos domingos em família, Milton ía para o quarto de uma tia que estudava acordeon, pegava a sanfona e tocava de ouvido surpreendendo a todos.

Milton mantinha contato com familiares e amigos por telefone, cartões, cartas. Conta a amiga Isaurinha Veiga. Na sua primeira viagem ao exterior, enviou uma carta destinada a "To: Mister Carlos Alberto Cafuringa Tiso Veiga", o cachorrinho da casa, que ainda tinha o apelido de "Beto Rockefeller".
[nota do blog: acredito que "Tiso" tenha vindo do amigo Wagner Tiso, compositor e arranjador.]

Foi datilógrafo em Belo Horizonte. Conta o amigo de trabalho, Adelson Veloso, que, em 1962, trabalharam em Furnas Centrais Elétricas S/A, em Belo Horizonte, cujo Chefe da Sessão era o Major José Pereira César, que guarda afeto por Milton.

Em momentos de paralisação dos serviços, colocava um clipe na fresta da gaveta da mesa e tirava som de berimbau, até cantava junto.

O primeiro instrumento de Milton foi uma gaita que ganhou de sua madrinha, depois uma sanfona de quatro baixos.

Segundo a mãe de Milton, quando ele tinha um ano e pouco, ela o colocava na cadeira do piano e ele, bebê, tocava algo.

O lado poético de Milton foi despertado quando observava as estrelas com seu pai, com um telescópio.
Apesar da vontade de estudar Astronomia, Milton diz que sua relação com o cosmos era mais poética a científica.

Conheceu Wagner Tiso na infância, quem se tornou um dos melhores amigos. Moravam na mesma rua, a um quarteirão de distância.
Milton conta que ficava numa escadinha do alpendre de sua casa, colocava a gaita no joelho e a sanfona aos pés e ficava horas tocando.
Tempos depois, soube que Wagner Tiso casa escura ficava escutando-o tocar.

Tocava em grupo vocal da rua, tocava acordeon, em grupos de baile.

Também, morou em Alfenas, Minas Gerais, tocava xilofone, contrabaixo nos bailes da época.
Aos 14 anos, formou o conjunto de baile chamado W'Boys, pois o nome da maioria dos componentes começava com W: Wanderlei, Wagner, Waine, Wesley. Milton adotou o nome de Wilton, virando o "M" de ponta cabeça.
O grupo convidou Bonifácio Cabral, em 1962, para ser empresário do grupo, quem tinha um kombi que transportava o grupo. A kombi atolava nas estradas de terra e todos ajudavam a empurrar.
Só Milton e Wagner seguiram a carreira.

Enquanto morou com os pais, tbalhou na Radio Três Pontas como programador  e locutor.
O pai dizia que música não dependia só talento, mas sorte.
Aconselhou o filho a cursar Contabilidade no Científico, Milton acatou. Quando recebeu o diploma, foi para Belo Horizonte.

Milton foi morar em Belo Horizonte, Minas Gerais, aos 20 e poucos anos, numa pensão no Edifício Levy, onde morava a família de Salomão Borges e Maricota Borges, sendo considerado o décimo segundo além dos 11 filhos do casal, pois sempre estava na casa deles.

Em 1963, Márcio Borges, um dos 11 filhos da família Borges, foi o letrista das primeiras composições de Milton. Marcinho incentivava Milton a se tornar compositor, pois os arranjos das músicas que tocava eram de outras músicas. Num primeiro momento, Milton recusou.

Foi então que Milton assistiu ao filme "Jules et Jim", de François Truffaut. Conta que foi na sessão das 14h e saiu às 22h do cinema.
Naquela noite, com Marcinho. compôs três canções: "Paz do amor que vem", que foi alterada para "Novena", giragirou "Crença".

Wagner foi depois para BH. Fizeram outros conjuntos de baile e tocavam jazz num bar, quando Milton aprendeu a tocar contrabaixo, duma maneira que podia tocar no solo a nota e cantar junto. Depois, isso passou a ser usado como estilo musical próprio.

O Jazz e a Bossa Nova influenciaram Milton em sua carreira. Trabalhava na Rádio quando saiu o primeiro disco de João Gilberto.

A Bossa Nova padronizou a harmonia da música moderna brasileira, vinda do Cool Jazz, segundo Wagner Tiso. Milton encontrou novos caminhos harmônicos, junto com a sua maneira de cantar, causando grande impacto na música.

Milton ouvia as músicas pela rádio da época. O som não era bom.
Quando ouvia Bossa nova, não dava pra entender tudo, uma amiga tirava a letra rapidamente, um decorava a melodia e o outro tentava tirar algo da harmonia.
Assim, criavam em cima. Milton criou modo de cantar, compor com os improvisos que fazia pela dificuldade de tirar as músicas.
Quando conheceu os profissionais da música em BH, chegou a achar que o jeito modo de música estava errado, que deveria reaprender. Entretanto eles disseram que o jeito dele estava correto, num estilo próprio.

No Rio de Janeiro, Pacífico Mascarenhas pediu que gravasse o disco de Luiza.
Numa festa na casa dela, encontraram todos os ídolos que sonharam a vida inteira em conhecer. Num cantinho, estava uma moça baixinha desconhecida até então, era Elis Regina.
Pacífico Mascarenhas insistiu a Milton que apresentasse suas canções autorais.
Wagner e Milton cantaram "Aconteceu".

Foi pra São Paulo chamado para tocar no Festival Berimbau de Ouro, em 1965, no qual Elis ganhou o primeiro lugar com "Arrastão" e Milton em segundo lugar.

No encerramento do show de Elis, Milton saiu do ensaio e encontraram-se num corredor, sem falar com ela. Ele passa por ela e ouve o barulho do tamanho, quando ela diz "Mineiro não tem educação, não? Olha, vou te explicar uma vez. Quando é de manhã até meio-dia, você fala bom dia. Depois do bom dia até ... boa tarde. E, à noite, você diz boa noite", relembra Milton.
Milton argumentou que não queria assediá-la, como os fãs. Ela discordou e o convidou para ir até a casa dela para cantar "Maria, Maria", música que ela tinha ouvido Milton e Wagner cantarem no Rio anos antes. Elis começou a cantar. Milton ficou surpresa pela lembrança, quando ela lhe respondeu: "Memória, meu caro."

Em 1966, morou com o colega Antonio Justino, o "Tininho", numa pensão centro São Paulo. O amigo emprestava a Milton o violão. Milton foi convidado para se apresentar no programa de TV, "O Show da Voz", conduzido por Elis Regina.
Os amigos juntaram-se em 50 pessoas e foram ao teatro prestigiar o cantor. Ao final, os amigos aplaudiram, assobiaram, festejaram Milton. Ao ser questionado por Elis sobre quem eram, ele disse que "era o público dele".
Elis Regina e Milton tornaram-se amigos. Elis dizia que se Deus cantasse, teria a voz de Milton.

Em 1966, ganhou 4o. Luga de Música Nacional Popular TV Excelsior de São Paulo.
Conheceu Augustinho dos Santos, de quem era admirador, primeira pessoa que o chamou pela gíria "bicho".

Foi classificado no 2o. Festival Internacional da Canção com as músicas "Travessia", "Morro Velho" e "Maria Minha Fé". "Travessia" ficou em 2o. Lugar e Milton ganhou o prêmio de melhor intérprete.

O musicista compositor Fernando Brant, compositor de "Travessia" foi o grande parceiro musical de Milton, conpôs várias de suas músicas.

Gravou seu primeiro disco em 1967.

Compôs com os irmãos Borges, Marcinho e, depois, especificamente, Lô Borges, daí saiu a primeira música "Clube da esquina".

Gravou o álbum "Clube da Esquina", num disco sem nome na capa, apenas a imagens de dois garotos agachados.

Em 1974, o saxofonista estadunidense Wayne Shorter, convidou Milton para gravar com ele o disco "Native Dancer". Milton levou junto os músicos Wagner Tiso e Robertinho Silva.
Lá, estavam Herbie Hancock, cantor de jazz, dois baixistas, dois guitarristas e o produtor de som era o mesmo da "The Band", do Bob Dylan e o produtor do disco era Jim Lacey-Baker, produtor dos Rolling Stones. Daí, Milton ficou conhecido no mundo.

Em Los Angeles, Milton encontrou Maurice White, que lhe disse que estava, há muito tempo, procurando o cantor de "Nature Dancer" e queria agradecê-lo. Ele havia se interessado pela obra de Milton, seus falsetes, queria fazer azer algo no estilo. Relatou que fez um anúncio no jornal procurando músicos para formarem a banda, que depois se tornou consagrada. Milton disse que se sentiu "levitando".

O disco "Milagres dos peixes" teve muitas músicas censuradas.
Então gravou o disco "Minas", que rodou o mundo. Nas paradas de sucesso na Austrália à época, "Minas" esteve em primeiro e Beatles em segundo lugar.

Em 1997 granhou o Grammy, com "Nascimento". Milton teve uma doença grave. Para romper o silêncio dos tambores de Minas Gerais, voltou aos palcos trazendo a música mineira de origens africanas.

Em 1999, gravou "Croones", em homenagem aos cantores da noite e as dificuldades dos artistas boêmios, que Milton conhecia.

Em 2001, gravou o disco "Milton e Gil", que surgiu de uma conversa num voo em que estavam Gilberto Gil e Flora, sua esposa, a qual colocou-os para conversar, aliás.


Milton enfrentou problemas de saúde por bebida.

Casou-se com Lurdoca, casamento que durou apenas dois meses, tendo sido anulado.

Adotou o filho Augusto.

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"O palco, para mim, é um santuário." (Milton Nascimento)

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Todas essas informações foram coletadas em entrevistas de Milton, notícias bibliográficas fidedignas.

A trilha sonora da liberdade. 








segunda-feira, 6 de maio de 2019

LITERATURA E FILOSOFIA AFRICANA - Textos Diaspóricos



Textos sobre Literatura e Filosofia Africana organizada e disponibilizada pelo Professor da UNB, Wanderson Flor do Nascimento.

Segue lista das obras em português em pdf:









































"Africana Philosophy: origens e perspectivas", por Lucius T. Outlaw Jr.

"Filosofia africana na poesia afrobrasileira", por Luis Carlos Ferreira dos Santos.

"Filosofia de raiz africana como um pensamento da complementariedade", por Luis Carlos Ferreira dos Santos.

"Ancestralidade e Liberdade. Em torno de uma filosofia africana no Brasil", por Luis Carlos Santos.

"A crítica de Marcien Towa às doutrinas de identidade africana", por Luís Thiago Freire Dantas.

"A expressão 'filosofia ocidental-europeia' é uma taitologia?", por Luís Thiago Freire Dantas.

"Justiça e raça na filosofia de Mogobe Ramose", por Luís Thiago Freire Dantas.

"A retomada do estatuto ontológico e epistemológico africano a partir do pensamento filosófico de Towa e Obenga", por Luís Dantas & Roberto Silva.

"Tomás de Aquino e a metafísica das línguas bantu e tupi", Luiz Jean Lauand.

"A trajetória de um intelectual africano. Entrevista com Toyin Falola", por Marcelo Bittencourt e Roquinaldo Ferreira.

"Carta africana dos direitos humanos dos povos", por Maria José Moraes Pires.

"Africanidade, espaço e tradição", por Maurício Waldman.

"Afrocentricidade como crítica do paradigma hegemônico ocidental: Introdução a uma ideia", por Molefi Kete Asante.

"Uma origem africana da filosofia: Mito ou realidade?", por Molefi Kete Asante.

"Mulherisma Africana. Uma teoria afrocêntrica", por Nah Dove.

"Nascida do desastre: Crítica da etnofilosofia, pensamento social e africanidades", por Norman Aiari.

"Notas sobre a obra 'O mundo se despedaça' de Chinua Achebe", por Noshua Amoras.

"Noção de pessoa e linhagem familiar entre os iorubás", Pierre Verger.

"Ontologia bantu", por Placide Tempels.

"Afrocentricidade e Educação", por Renato Nogueira Jr.

"A ética da serenidade. O caminho da barca e a medida da balança na filosofia de Amen-em-ope", por Renato Noguera.

"Denegrindo a educação. Uma ensaio para uma pedagogia da pluriversalidade", por Renato Noguera.

"Dos condenados da terra à necropolítica: Diálogos filosófocos entre Frantz Fanon e Achille Mbembe", por Renato Noguera.

"Ubuntu como modo de existir", por Renato Noguera.

"As origens africanas da filosofia grega: mito ou realidade?", por Ricardo Matheus Benedicto.

"Um diálogo entre a Lei 10.639-2003 e o pensamento filosófico de Marcien Towa.

"Um diálogo entre a Lei 10.639-2003 e o pensamento filosófico de Marcien Towa", por Roberto Jardim da Silva.

"Baraperspectismo contra o Logocentrismo ou o Trágico no Prelúdio de uma Filosofia da Diáspara Africana", Rodrigo dos Santos.

"Filosofia africana e etnofilosofia: Uma abordagem da concepção da Paulin Houtondji a partir do baraperspectismo", Rodrigo Santos.

"O princípio de individuação", por Roger Bastide.

"Existe uma filosofia essencialmente africana?", por Sérgio São Bernardo.

"Pele da cor da noite", por Vanda Machado.

"Alimentação Socializante. Notas acerca do pensamento tradicional africano", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Aproximações brasileiras às filosofias africanas: Caminhos desde uma ontologia ubuntu", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Olojá: Entre encontros - Exu, o senhor do mercado", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Outras vozes no ensino da filosofia: O pensamento africano e afro-brasileiro", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Sobre os candomblés como modo de vida: Imagens filosóficas entre Áfricas e Brasis", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Temporalidade, memória e ancestralidade: enredamentos africanos entre infância e formação", por Wanderson Flor do Nascimento.

"Concepção iorubá da alma", por William Bascon.

LITERATURA e FILOSOFIA AFRICANA - Textos Africanos



Literatura e Filosofia Africana organizada e disponibilizada pelo Professor da UNB, Wanderson Flor do Nascimento.

Segue lista das obras em português em pdf: